Cumprir o que foi escolhido
Na Doutrina Espírita, a reencarnação é entendida como uma lei divina e universal, cujo objetivo maior é a evolução do Espírito. Cada existência corpórea é uma oportunidade valiosa de aprendizado, reparação e progresso moral. Dentro desse princípio, destaca-se a reencarnação completista, ou seja, aquela em que o Espírito consegue realizar, com êxito, o planejamento de vida previamente estabelecido antes do renascimento na Terra.

Em “O Livro dos Espíritos”, questão 258, destacamos: “Antes de se unir ao corpo, o Espírito tem consciência e visão do que lhe ocorrerá durante a vida terrena. Cabe a ele escolher as provas que contribuirão para seu adiantamento, mas nem sempre executa fielmente esse plano”.

Segundo Emmanuel, mentor espiritual que orientou Chico Xavier, “A vida corporal é uma escola onde o Espírito, muitas vezes em débito, se matricula para retificar e iluminar seus caminhos. Cumprir integralmente essa missão é ato de verdadeira grandeza espiritual”. (O Consolador).

A felicidade futura 
A reencarnação completista é, portanto, um marco importante, pois representa não apenas o retorno à vida física, mas a fidelidade ao programa espiritual elaborado com o auxílio de benfeitores da espiritualidade. André Luiz, em “Missionários da Luz”, explica que “o plano reencarnatório é traçado com critérios profundos, considerando méritos, necessidades e possibilidades de êxito. Cumpri-lo é conquistar degraus luminosos na escada evolutiva”.

Allan Kardec também aborda, em “O Céu e o Inferno”, a diferença entre Espíritos que conseguem cumprir plenamente suas provas e os que fracassam por fraqueza moral: “A felicidade futura depende da perfeição moral. Aqueles que souberam vencer as tentações e realizar seus compromissos encontram grande paz após a morte”.

Por sua vez, Joanna de Ângelis, através da psicografia de Divaldo Franco, que recentemente retornou ao plano espiritual e, por todos os seus anos dedicados ao próximo e à caridade, teve uma reencarnaçao completista, ensina que “a consciência desperta é a maior aliada do Espírito na jornada reencarnatória. Quando há comprometimento com o bem, vigilância constante e amor à verdade, o ser alcança a completude de sua missão terrena”.

Vencer as más inclinações
No entanto, alcançar uma reencarnação completista não é tarefa simples. Exige disciplina, perseverança e profundo senso de responsabilidade. Muitas vezes, o Espírito, ao encarnar, encontra dificuldades, tentações e sofrimentos que testam sua fidelidade aos compromissos assumidos. É nesse cenário que se revela o valor do livre-arbítrio aliado ao amparo espiritual constante. 

Importa lembrar que, mesmo quando não se atinge completamente o plano reencarnatório, os esforços sinceros e as conquistas parciais são registrados na contabilidade divina do progresso. O Espírito nunca perde as experiências adquiridas, ainda que precise de novas oportunidades para completar suas tarefas.

Cumprir integralmente o plano reencarnatório não significa viver sem falhas, mas sim manter-se fiel ao esforço sincero de crescimento, superação e serviço ao bem. Em “O Evangelho segundo o Espiritismo”, Kardec registra: “O mérito real é o da luta contra as más inclinações”.

Portanto, a reencarnação completista é o resultado do compromisso, da vigilância e da perseverança no bem. Mesmo que o Espírito enfrente tropeços e provações severas, sua fidelidade ao ideal superior o conduz à verdadeira vitória espiritual.

Assim, a reencarnação completista deve ser vista como meta nobre, porém acessível àqueles que vivem com retidão, coragem e fé. É o coroamento de uma existência pautada no bem e na renovação interior. Como disse Emmanuel, “cada dia bem vivido é um passo seguro na direção da vitória espiritual”.

KARDEC, Allan. “O Livro dos Espíritos”; “O Evangelho Segundo o Espiritismo”; “O Céu e o Inferno”.
XAVIER, Francisco C. – Emmanuel. “O Consolador”; “Fonte Viva”.
XAVIER, Francisco C. – André Luiz. “Missionários da Luz”.
FRANCO, Divaldo P. – Joanna de Ângelis. “O Despertar do Espírito”.