Blog dos Livros
Mulheres admiráveis em poesia
As dores da alma de Graziela Barduco encontraram desafogo na poesia. Foi por acreditar no poder da escrita curativa que nasceu “Sutil Leveza” (Edições & Publicações, 126 páginas, R$ 40,00), quinto livro da atriz e escritora paulista. Quase como um grito pessoal de liberdade, a autora decidiu compartilhar a própria história, em versos, para acolher a quem também passa por momentos de angústia. São poemas sinceros e viscerais dedicados especialmente a mulheres admiráveis, como Cora Coralina e Conceição Evaristo.
O livro, que leva o subtítulo “O que na alma pesou, em verso se libertou,” contempla 96 textos, escritos entre 2018 e 2022. Eles narram momentos sombrios marcados pela depressão, ansiedade e depreciação. Os versos tratam não somente de dúvidas, falhas e anseios, mas também expõem a relação íntima da autora com a literatura, representando, ainda, resistência, luta e esperança em um mundo feito para oprimir.
Dividido em quatro capítulos, os textos convidam o leitor a imergir no próprio íntimo. Graziela se apresenta, em uma conversa amigável de identificação, e conduz a leitura a palavras de esperança e leveza, ao introduzir a poeta Cora Coralina. Já a terceira fase é mais ácida, dedicada a Mariana Ferrer –modelo brasileira vítima de estupro em 2018. O livro finaliza com palavras a Conceição Evaristo, que acompanham poemas sobre o encontro com o “eu mulher” em representação à maturidade.
Rimados, os poemas possuem formato que empresta muito da literatura de cordel e das cantigas infantis, que são a especialidade da atriz –mestre em Artes da Cena e pesquisadora do universo lúdico do teatro. Antes de virar um único livro, alguns textos foram utilizados em obras colaborativas com dois movimentos literários femininos: Teodoras do Cordel e Mulherio das Letras.
Graziela Barduco é ativa nas causas feministas na literatura. É autora dos livros “Na rima da menina,” “Lutei contra 100 leões –Todos os 100 eram jumentos” e os infantis “A menina e o pé” e “O sapinho e o bumbum.”
Trecho:
“Tão perfeita a sinfonia
Tão intenso o meu batuque
Eu sem sua sintonia
E você fazendo truque
Fujo da monotonia
Sem que ela me machuque.”
(página 106)
NOVO ACADÊMICO
Jornalista e escritor, Ruy Castro, 74 anos, é o novo ocupante da cadeira número 13 da Academia Brasileira de Letras, em eleição realizada no último dia seis. Colunista da Folha de São Paulo, é o biógrafo mais reconhecido da literatura brasileira, com livros do gênero que chegaram ao topo das listas dos mais vendidos.
LITERATURA BIOGRÁFICA NO NOBEL
Na semana passada foi divulgado o nome vencedor deste ano do Prêmio Nobel de Literatura e a honraria coube à francesa Annie Ernaux, de 82 anos. Ela estará no Brasil em fins de novembro para participar da Feira Literária Internacional de Paraty, onde é uma das convidadas e será a grande estrela da edição. Annie é considerada uma escritora que revolucionou a literatura biográfica, já que seus livros contam, em textos independentes, algum episódio de sua vida.
Leituras:
“Quem abre uma escola fecha uma prisão.”
Victor Hugo (1802-1885), romancista, poeta, dramaturgo, ensaísta, artista, estadista e ativista pelos direitos humanos francês de grande atuação política em seu país, autor, entre outras obras clássicas de renome mundial, de “Os miseráveis” e “Notre-Dame de Paris.”).
Destaques:
O GARFO, A BRUXA E O DRAGÃO
Autor: Christopher Paolini
O presente volume tem três histórias originais que se passam em Alagaësia, intercaladas com cenas de Eragon em sua própria aventura. Inclui também um trecho das memórias da inesquecível bruxa e vidente Angela, a herbolária. A obra faz parte do ciclo A Herança, que o autor começou a escrever com quinze anos de idade. Ele foi o número um na lista de best-sellers do New York Times aos dezenove anos e passou a década seguinte imerso no mundo de Alagaësia contando suas histórias.
Editora Rocco. 222 páginas. R$ 39,90.
O SÊMEN DO RINOCERONTE BRANCO
Autora: Cinthia Kriemler
A autora nasceu no Rio de Janeiro e mora atualmente em Brasília. Finalista do Prêmio São Paulo de Literatura em 2018 e semi-finalista do Prêmio Oceanos de 2016, publica textos e poemas em antologias e revistas literárias. Entre outros livros, escreveu “Tudo que morde pede socorro,” “Exercício de leitura de mulheres loucas,” “Todos os abismos convidam para um mergulho” e “Na escuridão não existe cor-de-rosa.” Conforme a autora, “O sêmen do rinoceronte branco” foi escrito a partir de uma perspectiva de extinção, do abate indiscriminado de um animal majestoso, perpetrado nas savanas, ao extermínio do humano, praticado nas cidades.
Editora Patuá. 126 páginas.
(As obras apontadas no Blog dos Livros podem ser encontradas junto à Revistaria e Livraria Nascente, na Rua Saldanha Marinho, 1423, Cachoeira do Sul)