Ninguém esquece a 1ª

A Seleção Brasileira ganhou sua primeira Copa do Mundo em 1958, título conquistado na distante Suécia, com a revelação de dois gênios para a história do futebol, Pelé e Garrincha. Em Cachoeira do Sul, outra equipe fazia também uma proeza. Horas depois de encerrada a finalíssima da Copa, o Jornal do Povo chegava às ruas da cidade com a edição extra saudando o novo campeão do mundo e analisando a grande conquista.

Para realizar essa proeza, o diretor, Paulo Salzano Vieira da Cunha, mobilizou diversos profissionais. Os textos foram escritos por Corrêa de Melo, Alves Filho e Nasser Kemel, com Luiz Florence, Jarbas Arruda, Danton Fernandes Barbosa e Luis Carlos Prates nas linotipos, então, a mais moderna tecnologia de composição de textos para jornal impresso.

Trabalharam na montagem Delicardense Loreto, Wilson Souza, Tomaz Barreto e Ilo Gomes, com revisão de Antônio Peixoto Vieira da Cunha. Para a impressão ser mais rápida, intercalaram-se na máquina Donatilo Lopes e Armando Flores. Monitorando as informações que chegavam do centro do país, Sirlei Figueiredo.

EPOPEIA
A epopeia brasileira teve ampla cobertura do JP. O empate com a Inglaterra na fase final foi definido como “dramático”. A classificação para semifinal veio com o “gol salvador” de Pelé, contra o País de Gales. Os 5 a 2 contra a França aconteceram, “apesar do esbulho da arbitragem” contra o Brasil, que anulou dois gols regulares. Na análise da final contra a Suécia, “vitória memorável”.

A edição extra nas ruas daquele 29 de junho foi também o primeiro passo profissional da vida do hoje diretor do Jornal do Povo Eládio Dios Vieira da Cunha. Ele, ainda menino, fez parte do grupo de vendedores ambulantes que saíram às ruas anunciando a vitória na Copa do Mundo, com o JP extra nas mãos.

Brasil conquistou a Copa do Mundo de 1958 com grandes craques, como Pelé, Garrincha e Didi

A CAMPANHA

FASE DE GRUPOS
Brasil 3 x 0 Áustria
Brasil 0 x 0 Inglaterra
Brasil 2 x 0 União Soviética

QUARTAS
Brasil 1 x 0 País de Gales

SEMIFINAL
Brasil 5 x 2 França

FINAL
Brasil 5 x 2 Suécia

CACHOEIRA EM 1958

JORNAL DO POVO
No JP, a coluna de maior sucesso era O Coringa, com bastidores da cidade, muitos deles mordazes, tanto que a coluna nem era assinada. A coluna social era coordenada por Nasser Kemel. Eloy Beskow e Derly Lopes assinavam a coluna de tradicionalismo Nossas Charlas, Nossos Chasques. Ainda havia a coluna Casos Dolorosos da Cidade, onde o jornal pedia ajuda para pessoas necessitadas, semelhante ao que acontece eventualmente hoje na Linha Direta.

COTIDIANO
Muito comum na época, a luta livre promovia grandes encontros da cidade. Os astros locais eram Diamante Negro, Caroço e Sabonete. Os cinemas Coliseu e Astral apresentavam os sucessos do momento, entre eles “A maldição da montanha”, com Spencer Tracy. A rádio Princesa era a nova emissora da cidade, captada nos 1520. O destaque eram os jornalísticos, com o nome dos patrocinadores, Mernak e Fundição Jacuí.

SOCIAL
O Grêmio Náutico Tamandaré promovia festa com a Orquestra de Jazz de Dante e Lecione. No Zingaro, o microfone era do cantor Roberto Vargas. No auditório das rádios Cachoeira e Princesa, o destaque era o cantor italiano Mário Rossi.

CIDADE
18 cidadãos da comunidade fundavam o Lions Clube Cachoeira do Sul. Saía a lista de jurados para os juris de 1958. Entre eles, Willy Haas e Jamil Ache. Jovem piloto cachoeirense Fernando De Franceschi, de apenas 20 anos, morria em acidente aéreo em Rivera. Ele era instrutor do Aeroclube de Livramento.

POLÍTICA
Octávio Germano montava comitês na cidade para concorrer a deputado estadual. Cumprindo mandato de vereador em Porto Alegre, era filho de Taufik Germano, então proprietário da Transportes Nossa Senhora das Graças (TNSG).