Blog Da Poesia

Academia Cachoeirense de Letras

15/06/2022 08:50 - por Tiago Vargas

Esta postagem do blog evidencia a um dos maiores e mais relevantes acontecimentos culturais já realizados em Cachoeira do Sul. A criação da ACL, cujos acadêmicos foram diplomados em solenidade histórica no último dia 3 de junho na Sociedade Rio Branco. Na ocasião, nossa urbe ganhou 98 imortais divididos em 3 categorias, membros efetivos, honorários e correspondentes. Nossa recém criada ACL tem como premissa basilar fomentar a cultura, estimular a produção artística, resgatar e enaltecer escritores notáveis, promover novos autores e, por fim, preservar a memória e o patrimônio histórico através do saber e do conhecimento. Uma academia para todos. Múltipla.  Democrática. Composta por poetas, contista, cronistas, jornalistas, professores, cineastas, engenheiros, médicos, profissionais autônomos, músicos, caricaturistas, advogados, funcionários públicos, fotógrafos... Entidade plural. Espelho de uma sociedade ou comunidade. Síntese do saber e do avultar artístico.  Eis nossos poetas. 

Fui perdendo
pelo caminho
devagar e amiúde
meus mais caros
e preciosos
ornamentos
Sem o brilho
ofuscante
das aparências
não posso mais esconder
(nem mesmo de mim)
a simplicidade
que me enfeita
por dentro
Milton Rauber

Eternidade
um segundo
pode ser eterno
quando folha e brisa
se enroscam por inteiro
e o que era queda
se transforma em valsa
Marion Cruz

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Tenho em mim
O milagre da existência
Cada molécula
Cada célula
Do meu corpo
É em tua glória.
Tu és a luz que brilha
Acima da ignorância
Poucos compreendem
Teus sinais.
Tua mensagem
Não foi entendida
E ainda hoje
Há os que lutam 
Em nome da fé.
Felix Korberg

A rua
Não existe ninguém perto de você.
Apenas eu. Silenciosa. 
Poucas luzes me iluminam. 
Alguns passos sobre meu corpo. E quando os carros passam, com o passar do tempo, me deixam marcas.
Agora, não existe ninguém perto de você. Sou o que mais se aproxima de tua janela, hoje serei tua. 
Sei que você gosta de caminhar e deixar seus pensamentos encostados em mim. 
Sou feita de cimento, brita e piche. Sou quieta, do mesmo jeito que estas agora. Sou a rua. Hoje tua companheira.
Mirela Kruel

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Escritores da aurora
Nasceu Cachoeira, dos arrozais,
Terra das letras, dos imortais,
Dos que versejam, seus ideais,
Filhos da terra, teus ancestrais
Nossa história, feito oração,
Cantar memórias, inspiração
Vem dos engenhos, razão de ser
Perseverança, luz do viver
Arte e cultura no teu saber
Vem de Setembro o teu nascer
Vultos brilhantes que te seguirão
Escritores da aurora te honrarão
Eis o teu lema, eis teu brasão
Faz moradia ou alusão
Cachoeira amada de encantos mil
Ocaso adorado, Ó mãe gentil.
Letra: Tiago Menezes de Vargas
Música: Ezequiel Bibiano

Escritores (Florescer da Vida)
Como semente na vida
Polida e lapidada
Procurando terra fértil
Pra cultivar a plantação 
Brotando a cultura
Essência a irrigação
No espaço da germinação
O seu brote na cultivação
Nesta cultura desenvolvida
A lavoura literária
Na pureza produtiva
Nos canteiros da poesia
Na amostragem suas sementes
Escritores e compositores
Nas propriedades as energias
De inspirar o sentimento
Com adubo fertilizando
Acadêmica de letras
No ramo da diversidade
Os poetas deste vale
No lote muitas sementes
Do inspirar na nossa terra
Minuciando a amostragem
Na fertilidade os escritores
... o florescer da vida.
Jorge Correa 

Arbítrio
Meus olhos não são estrelas
nem minha boca é pitanga
nem minha face é maçã.
Sou mulher de longo passo
largo sorriso de aço
finas mãos de cortesã.
Detenho quem se aproxima
num gesto.
Paro na esquina e prossigo
se me seduz.
Desejo quem me deseja
e não sinto falta
de luz.
Mas por debaixo da pele
a cotovia desperta
agita-se
faz pensar
na liberdade sem norte
na sorte densa
no ar.
Cecilia Kemel


O tempo: Somente o tempo varre
a  poeira das coisas.
Suas patas desafiam
a cronologia dos sentidos.
Nas asas do tempo
as coisas emigram,
atravessando oceanos
na certeza de outras árvores.
Nas asas do tempo
as coisas se transformam
fecundam, esmorecem,
Mas não se deixam quedar,
pois suas raízes
têm o suor da escravidão
a sombra dos arreios
sobre a epiderme porosa.
Ederson Fogliarine

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