É surpresa para muita gente que a época natalina inspire boas histórias de suspense e terror. O fim de ano, tempo da gratidão e compaixão também possui um lado sombrio, não só pelas tradições macabras que datam de antes da ascensão do cristianismo e ainda existem em muitos países, mas pelas inúmeras histórias de fantasmas.

Ora, você deve estar se perguntando o que eu estou inventando agora, pois bem, há duas possíveis justificativas para aparições nesta época do ano daqueles que já se foram. A primeira são as lembranças dos que aqui ficaram, quase que ecoando como um chamamento aos mortos. Em Portugal, por exemplo, na mesa do almoço natalino os lugares dos mortos são postos e reservados, como se eles fossem comparecer para almoçar (e quem disse que não comparecem). A segunda se aplica aos países do hemisfério norte. O frio rigoroso e a neve, sempre foram um convite para que as pessoas se reunissem em casa e contassem histórias de fantasmas, dizem as lendas, que nesta época do ano, o mundo dos vivos fica suscetível ao dos mortos.

Vamos exemplificar. Charles Dickens (foto) foi um grande escritor inglês, em 1843 publicou um livro intitulado Um conto de Natal. A história toda foi escrita às pressas, em menos de um mês, isso porque o escritor tinha uma dívida. No fim, o livro acabou se tornando um dos seus maiores sucessos e repercute até hoje, mais de 170 anos depois.

E é uma história de fantasmas! Em pleno Natal! No conto, um sujeito chamado Scrooge odeia o Natal. Ele é avarento e vive sozinho, até que na véspera do Natal recebe a visita de seu ex-sócio, o que seria muito natural, se não tivesse morrido há sete anos. E ele anuncia que, durante aquele Natal, Scrooge receberá a visita de mais três fantasmas. O primeiro lhe conduz ao passado, o segundo lhe mostra o seu presente e o último e mais assustador aparece para lhe falar de seu futuro. E o final nos faz refletir sobre a vida.

A combinação de Natal com fantasmas foi genial. Tanto que Scrooge serviu de inspiração para a criação de outro personagem ainda mais famoso que ele próprio. Me refiro ao Scrooge McDuck, que nós conhecemos por Tio Patinhas. 

Charles Dickens gostava de temáticas sobrenaturais e seguidamente escrevia sobre fantasmas (será que o chamaram de louco alguma vez?).  

Curiosidade: Dickens morreu em 1870 quando sofreu um AVC, na época escrevia O mistério de Edwin Drood, e publicava os capítulos periodicamente em jornais. O mundo nunca conheceu o final da história. 

“As coisas mais bonitas do mundo são sombras.” Charles Dickens.