Blog dos Livros
MUNDOS PARALELOS
Haruki Murakami nasceu em Kioto, no Japão, em 1949. Cresceu em Kobe e se graduou na Universidade Waseda, em Tóquio. Viveu por quatro anos nos Estados Unidos, onde deu aulas em Princeton, e regressou ao país natal em 1995. É considerado um dos autores mais importantes da atual literatura japonesa.
Sua obra foi traduzida para mais de quarenta idiomas e recebeu importantes prêmios, como o Yomiuri, que já foi concedido a autores como Yukio Mishima, Kenzaburo Oe e Kobo Abe, e o Franz Kafka Prize. Dele, já foram publicados no Brasil o relato “Do que eu falo quando eu falo de corrida” e os romances “Minha querida Spunik,” Norwegian Wood,” “Kafka à beira-mar” e “Após o anoitecer.”
“IQ84” (Editora Alfaguarda, 430 páginas, R$19,99) é seu livro mais ambicioso. A obra esteve no topo das listas de mais vendidos no mundo inteiro e só no Japão ultrapassou a marca de quatro milhões de exemplares vendidos.
Ao narrar duas histórias que aos poucos se cruzam, de Aomame, uma jovem que oculta sua fatal profissão, e Tento, um rapaz que pretende ser escritor mas se envolve num jogo perigoso ao reescrever um romance enigmático, Murakami constrói uma saga pós-moderna, com mundos paralelos, garotas misteriosas, assassinatos e estranhas seitas. Uma mescla de suspense, distopia e história de amor, em que tudo pode acontecer.
O ano é de 1984; a cidade, Tóquio. Aomame está num táxi, parada no trânsito de uma via expressa. Ela tem um encontro com hora marcada e teme perdê-lo. O motorista, após uma conversa incomum, oferece uma opção: descer por uma escada de emergência em plena avenida. Aomame segue sua sugestão e, aos poucos, irá descobrir que de alguma forma passou a um mundo distinto, que aos poucos se revela.
Assim se referiu o “The New York Times Book Review” a respeito: “Murakami é como um mágico que explica o que está fazendo conforme apresenta o truque e, mesmo assim, faz parecer que tem poderes sobrenaturais. Qualquer um pode contar uma história que se pareça com um sonho, mas é raro o artista , como ele, que nos faz sentir como se nós mesmos a estivéssemos sonhando.”
Trecho:
“O pai era um ótimo contador de histórias. Apesar de ser impossível comprovar sua veracidade, ela era ao menos coerente. Não tinha um significado profundo, mas era rica em detalhes, e era contada de modo expressivo. Havia histórias divertidas, histórias comoventes, histórias violentas, histórias sem pé nem cabeça de cair o queixo e histórias difíceis de engolir, por mais que seu pai tentasse convencê-lo. Se o valor de uma vida fosse avaliado pela variedade de episódios que ela possui, a vida de seu pai poderia ser considerada rica.”
(página 137)
LIVRO DE JOJO MOYES
Depois de best-sellers como “A última carta de amor” e “Como eu era antes de você,” a Editora Intrínseca está relançando um dos primeiros livros publicados por Jojo Moyes, “A loja dos sonhos” (416 páginas, R$R 59,90). Na história, passado e presente se misturam e Jojo Moyes mostra como é possível encontrar segurança e redenção nos lugares mais improváveis e quando menos se espera.
RETRATO MONÁRQUICO
De autoria do historiador Oliveira Lima (1867-1928), “O Império Brasileiro” (Avis Rara, 288 páginas, R$ 64,90) é um retrato do país captado ao fim do período monárquico, apresentando momentos relevantes sobre a história da fundação do Brasil. Oliveira Lima, um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras, revela pontos-chave que tiveram enorme importância para a formação do país e fornece material para pesquisadores sobre o legado do período monárquico.
Leituras:
“E tinha razão, pois o primeiro passo foi a tentativa de confundir as minhas testemunhas, envolvendo-as com promessas ou intimidando-as com ameaças discretas. Tanto que, na manhã da primeira audiência, ao chegar ao foro, uma delas me chamou para um canto e segredou-me:
-Ontem recebi a visita do meu compadre Mário Ilha, que há dez anos não ia à minha casa; foi pedir-me para dizer que D. Auristela era sã de juízo. Está claro que não concordei, mas devo contar isso ao juiz?”
(Serafim Machado, em “Por que acredito em lobisomem,” página 95)
Destaques:
ANOS DE CHUMBO
Autor: Chico Buarque
Compositor, cantor e ficcionista, Chico Buarque estreou na literatura com a novela “Fazenda Modelo” (1974), seguida do livro infantil “Chapeuzinho Amarelo” (1979). Ao publicar “Estorvo,” seu primeiro romance, Chico se consagrou como um dos grandes prosadores brasileiros. Entre outros, já publicou “Benjamim”(1995), “Budapeste” (2003), “Leite Derramado” (2009), “O irmão alemão” (2014) e “Essa gente” (2019). Em 2019, Chico Buarque venceu o Prêmio Camões pelo conjunto da obra. “Anos de chumbo” é o seu mais recente livro, lançado em 2021.
Editora Companhia das Letras. 168 páginas. R$ 59,00.
DEPOIS É NUNCA
Autor: Fabrício Carpinejar
Patrono da Feira do Livro de Porto Alegre deste ano, Carpinejar nasceu em 1972, na cidade de Caxias do Sul, publicou quarenta e oito livros, entre poesia, crônicas infanto-juvenis e reportagens. É detentor de mais de vinte prêmios literários, dentre eles o Jabuti por duas vezes, o da Associação Paulista de Críticos de arte, e o Olavo Bilac, da Academia Brasileira de Letras. Atua como comentarista do programa “Encontro com Fátima Bernardes”, da Rede Globo, e é colunista do jornal “O tempo.” “Depois é nunca,” lançado em 2021, é uma homenagem do autor aos familiares e amigos das centenas de milhares de vítimas da Covid-19 no Brasil.
Editora Bertrand Brasil. 127 páginas. R$ 39,90.
(As obras apontadas no Blog dos Livros podem ser encontradas junto à Revistaria e Livraria Nascente, na Rua Saldanha Marinho, 1423, Cachoeira do Sul)