Mais    de   três   décadas    se  passaram desde o acidente nuclear de Chernobyl, mas devido ao regime de silêncio imposto pela então União Soviética muito do que ocasionou o desastre permanece  incerto e não sabido. O escritor  Andrew Leatherbarrow, que visitou em 2011 a ainda radiotiva  zona de exclusão ao redor da usina,  resolveu mergulhar  a fundo   nessa história muito difundida, mas pouco conhecida, para revelar como uma usina nuclear  construída para  gerar energia limpa se tornou palco do pior acidente nuclear do planeta.

O    resultado    é “Chernobyl” (Editora L & PM Editores, 269 páginas, R$ 49,90).   Na obra, ele recupera a história da  radiação e  da energia nuclear desde as descobertas  da prêmio Nobel Marie Curie,  passando pelo acidente com sésio-137 em Goiânia, no Brasil, em 1987, e outros desastres nucleares menores,  até chegar à fatídica  noite na Ucrânia.  Foi à 01h 23 min. do dia 26  de abril de 1986, quando o engenheiro de turbinas Aleksandr Akimov apertou o botão de emergência do reator da Unidade 4 da usina, após um desastroso teste, que tudo aconteceu.

A   ação   desencadeou  a explosão do reator  e, consequentemente, o pior acidente nuclear da história, abafado pelo regime soviético. Milhares de pessoas morreram, centenas de milhares foram afetadas e  outras tantas padecem  até hoje devido à contaminação  pela radiação liberada.

A   usina    começou  a  ser construída  em 1970 numa remota região perto da fronteira norte da Ucrânia. Ao mesmo tempo, foi construída também  a cidade de Pripyat para abrigar  os trabalhadores   e suas famílias.  Depois  de muitos atrasos devido à falta de materiais, a usina ficou pronta em 1983, quando chegou seu quarto reator, do tipo RBJK, um modelo soviético  relativamente novo e  que seria o protagonista do acidente três anos depois.

A obra   leva o leitor até a sala de controle, onde foram tomadas decisões   determinantes, e  acompanha  o drama humano, especialmente dos funcionários  da usina e bombeiros  que se sacrificaram  tentando evitar uma tragédia ainda maior.  Ao mesmo tempo, descreve  a vida dos idosos, mulheres e crianças da localidade e arredores que foram evacuados  e tiveram de  abandonar seus lares  de uma hora para outra e  em definitivo, além dos cientistas e burocratas que trabalharam nos meses e anos subsequentes   para conter os efeitos do vazamento e apurar os erros cometidos. 

 O livro mostra a verdade  por trás  do  desastre que selou o fim do regime soviético na  época  e  estabelece os fatores e erros que levaram à catástrofe que ainda hoje tem muito a ensinar.  Mostra, também, o que resta hoje da cidade fantasma Pripyat, onde morava a maioria dos trabalhadores. 

Andrew Leatherbarrow cresceu no norte da Escócia, estudou computação na Robert Gordon University e, em 2011, fez uma visita à zona de exclusão  de Chernobyl, na Ucrânia,  que despertou a vontade  de estudar a fundo o desastre nuclear.  Mora no norte da Inglaterra  com a esposa e  os dois filhos.

Trecho:
“As mortes, é claro,  são  apenas uma parte da história, pois há um número enorme de  sobreviventes que continuam  a sofrer de consideráveis  problemas de saúde   causados pela exposição à radiação.  É difícil encontrar estatísticas  de saúde confiáveis  anteriores a 1986,  o que complica a possibilidade de fazer comparações,  mas os  casos de defeitos e deformidades  congênitas e  de leucemia  infantil mostram um acentuado aumento nos cinco anos após o acidente.”
(página 211)
    
MÃE DE GÊMEOS  
Em “Duas vezes mãe de gêmeos – a história” (Editora Literare Books, R$ 39,90), Ana Cláudia Ferreira de Deus Vieira  destaca os sustos e desafios de se reinventar ao descobrir a  sua segunda gravidez gemelar, falando sobre a experiência, as diversas fases da gravidez e o gerenciamento da vida com as duplas de gêmeos em momentos e necessidades totalmente diferentes. A autora  é bióloga e  atuou por mais de 11 anos como professora de Ciências Biológicas. 

UMA NOVA BIENAL  
Vai até o dia 12 de dezembro a Bienal do  Livro Rio em sua 20ª. edição, com uma programação intensa  para atender aos mais diferentes gostos e estilos. Este ano, 85 editoras e 140 selos  confirmaram presença, além de livrarias, distribuidores e lojas, e de diversos autores nacionais e internacionais. O objetivo é a troca e  reflexão  sobre questões contemporâneas, inspirado  no questionamento “que histórias queremos contar  a partir de agora?”

Leituras:
“Temos   de   entender que tempo não é dinheiro. Essa é uma brutalidade que o capitalismo faz, como se o capitalismo  fosse o senhor do tempo. Tempo não é dinheiro. Tempo é o tecido da nossa vida.”
(Antônio Cândido, professor universitário, crítico literário e ensaísta -1918-2017)

Destaques:
SEM ESPERANÇA 

Autora: Colleen Hoover  

Autora das séries Slammed e Hopeless, ambas na lista de mais vendidos  do “New  York Times”,  Colleen Hoover conta a história de Dean Holder  que encontra sua amiga de infância Sky. Quando  esses dois casos perdidos finalmente se encontram, eles descobrem que só a  verdade sobre o passado pode trazer de volta a esperança, e só o amor  é capaz de curar  as feridas mais profundas. 
Editora Galera. 320 páginas.  R$ 49,90.
                                                               
UM CORAÇÃO MAIOR QUE O MUNDO

Autor: Cristian Figueiredo

O autor, que conquistou  milhares de leitores com a trilogia “Eu fico loko,” agora dá voz a jovens tão diferentes, mas com anseios parecidos: viver por aquilo que faz o coração bater mais forte. A trilogia “Eu fico loko” foi um marco  no mercado de livros do Brasil, ultrapassando  os 600 mil exemplares vendidos. Adaptado  para o cinema, o filme foi um recorde de bilheteria. “Um coração maior que o mundo” foi seu primeiro romance. 
Editora Planeta.  206 páginas. R$ 4,99.          

(As obras apontadas  no Blog dos Livros  podem ser encontradas   junto à Revistaria e Livraria Nascente,  na Rua Saldanha Marinho,   1423, Cachoeira do Sul)