MEMÓRIA
Riqueza histórica
Catedral Nossa Senhora da Conceição preserva séculos de fé
A Catedral Nossa Senhora da Conceição, símbolo de devoção e ponto de referência para gerações de cachoeirenses, é também um verdadeiro patrimônio histórico e cultural do município. Ela estará completando, no dia 28 deste mês, 226 anos como principal marco arquitetônico da região de Cachoeira do Sul, no momento também em que a Paróquia da Conceição, uma das cinco mais antigas do Rio Grande do Sul, chega aos 246 anos de fundação.
A inauguração da catedral ocorreu em 1799, e ainda abriga espaços e imagens que guardam marcas, narram a trajetória do catolicismo em Cachoeira do Sul e revelam capítulos importantes da formação da cidade. O projeto original da então igreja matriz, foi assinado pelo engenheiro João Roscio. Seguia o estilo colonial português, típico da época. Desde então, o templo passou por diferentes reformas e adaptações, mas sempre preservando elementos que mantêm viva a memória de sua origem.
CASA DOS CATÓLICOS
Atualmente, a catedral conta com 44 bancos que foram adquiridos com ajuda de fiéis durante sua história, um altar principal com a imagem de Cristo, duas grandes luminárias, imagens e vitrais nas suas laterais que contam a história de Cristo. Segundo o Padre Rudinei Lasch, pároco da catedral, na parte interna há problemas com infiltrações. Já na parte externa, o reboco da catedral na lateral foi comprometido recentemente devido às chuvas.
Sentinelas cuidam da sua catedral
Marlon Moraes, de 60 anos, é sentinela da catedral
Cerca de 80 pessoas por dia entram na Catedral Nossa Senhora da Conceição. A contagem das pessoas e fiscalização do templo é realizada pelos sentinelas da catedral – um grupo de 15 pessoas que se revezam para tomar conta da igreja durante a manhã e à tarde.
GUIA JP DE CURIOSIDADES
Dois bispos da Diocese de Cachoeira estão enterrados na catedral
Quantos vitrais há na Catedral de Cachoeira?
A igreja não dispõe de número certo, mas a reportagem do JP contou 18 destas estruturas nas laterais da catedral. Não há registro de qual tenha sido o primeiro vitral.
Para onde vão as doações realizadas na Catedral?
Segundo o padre Rudinei Lasch, as doações realizadas na catedral são destinadas ao salário dos quatro colaboradores da catedral, dos padres que recebem uma ajuda de custo e materiais utilizados na missa, como folhetos, velas, utensílios para a catequese e despesas do dia a dia. Há uma folha mensal desses valores e, quando não é suficiente, a igreja promove jantares, almoços, coletas de missa para essa contribuição.
Vem dinheiro do Vaticano?
Segundo o padre Rudinei, apenas em extrema necessidade. Conforme o pároco, há coletas durante o ano que são redirecionadas para setores da igreja. Os recursos das paróquias são direcionados para a Diocese, enviados para a sede nacional e, do Brasil, vai uma parte para o Vaticano.
A Catedral por ser tombada recebe alguma ajuda de custo do governo?
Segundo o pároco, não. A ajuda de custo vem caso a igreja faça uma obra e manutenções maiores. “Se um dia precisássemos fazer uma pintura externa, por exemplo, poderíamos tentar encaminhar uma ajuda de custo. As manutenções menores, todas são arcadas pela igreja”, revela o padre.
Quem faz a manutenção da Catedral?
Segundo o padre Rudinei Lasch, para manter a limpeza da catedral, há uma colaboradora que faz este serviço. Quando há algum evento maior, são feitos mutirões de limpeza com pessoas voluntárias. Já as imagens, são higienizadas esporadicamente.
É verdade que os bispos falecidos estão sepultados na Catedral?
Dois ex-bispos, sim. Dom Remídio Bohn e Dom Irineu Wilges. A catedral possui mais um túmulo, que será usado caso um bispo venha a falecer no comando da Diocese de Cachoeira do Sul.
Passeio pela história
A CATEDRAL
Igreja Matriz projetada pelo militar Francisco João Roscio
Segundo a historiadora Mirian Ritzel, a história da igreja matriz remonta a 1769, quando indígenas catequizados ergueram uma capela de pau-a-pique dedicada a São Nicolau, no local conhecido como Aldeia. 10 anos depois, os fiéis de Nossa Senhora da Conceição da Cachoeira foram surgindo, elevando a capela à condição de matriz. Em 1793, foi lançada a pedra fundamental do novo templo, projetado pelo militar Francisco João Roscio e, seis anos depois, foi inaugurada.
OS ORIGINAIS
Altar da Capela Santíssima é feito de madeira e data de 1825
Ao longo do século 19, a antiga matriz passou por constantes melhorias, como a construção da capela-mor, concluída em 1820 e a finalização das torres. No século seguinte, reformas significativas marcaram sua trajetória. Em 1929, a fachada ganhou nova imponência e, nos anos 60, mudanças internas alteraram parte da estrutura original. A catedral ainda preserva elementos da igreja do século 18, como as bases da velha igreja matriz. Outro espaço que preserva sua originalidade é a Capela do Santíssimo, situada ao lado direito do altar principal. Em 1825, o padre Inácio Francisco Xavier encomendou a confecção de seu altar e retábulo. Na mesma época, o entalhador carioca, Maurílio Antônio Telles foi contratado para produzir o retábulo-mor e o altar do Santíssimo Sacramento, por mais de três contos de réis. A capela ainda está presente na catedral e atualmente reúne fiéis para suas orações.
OS SINOS
A tradição de tocar o sino na hora da missa, também mudou ao passar do tempo na igreja católica. Ao invés dos antigos sineiros, os sinos agora são automatizados e acionados pelos próprios sacerdotes da catedral, que se revezam para tocar os sinos. Hoje os sinos funcionam por meio de energia elétrica. Caso falte luz na catedral, eles não podem ser tocados, pois não há acionamento manual. Eles são acionados diariamente antes da missa, por volta das 18h, e em momentos importantes, como a morte ou eleição de um papa, por exemplo.
A ARTE SACRA
Exposição sacra foi inaugurada em maio deste ano
A mostra de arte sacra inaugurada em maio deste ano, na catedral, uma realização da Amicus e Secretaria Municipal de Cultura, financiada com recursos da Aldir Blanc, do governo federal, e com apoio da UFSM, que atuou na catalogação do acervo histórico de arte sacra da Conceição, que ficará permanentemente na catedral, também é um dos atrativos no interior da igreja. Na mostra, há imagens de Cristo e figuras angelicais, além de objetos religiosos instalados nas laterais da igreja que contam suas histórias.
OS VITRAIS
18 vitrais estão instalados nas laterais da Catedral de Nossa Senhora da Conceição
Um dos destaques da catedral cachoeirense são os vitrais em suas laterais, frutos de doações das famílias para a igreja. Segundo o padre, não há como estimar o tempo que estes vitrais estão presentes no local, mas geralmente todos são colocados durante as construções dos templos religiosos.
Conforme o pároco, as peças são objetos artesanais, feitos pedaço por pedaço, com chumbo entre os dois vidros. Se algum deles estragar, a igreja aciona a família que fez a doação para saber se há interesse na restauração. Caso não haja interesse, a igreja tenta achar uma forma de arcar com os custos. Segundo o padre, o valor dos vitrais dependem do seu tamanho, peças e trabalho no objeto, mas de tamanhos medianos podem girar entre 4 a 10 mil reais.
AS IMAGENS
Imagem foi instalada em meados de 1930, abençoada pelo monsenhor padre Luiz Scortegagna
Atualmente, a catedral mantém algumas imagens que estão desde seus primórdios. Segundo o padre Rudinei, não há como estimar o tempo específico de cada uma das imagens, mas algumas mais antigas são a da padroeira Nossa Senhora da Conceição, instalada por volta de 1930 na parte superior da igreja, a imagem de Nossa Senhora do Rosário e Esplendor do Espírito Santo, essas duas com lugares não revelados, todas consideradas relíquias de valor histórico e religioso.
Segundo o padre Rudinei Lasch, muitas outras peças foram incorporadas ao longo do tempo por meio de doações de famílias da comunidade. “Antigamente, quando alguém da família falecia e deixava imagens em casa, muitas vezes os parentes optavam por doar à igreja. Algumas são pequenas, outras grandes, mas todas encontram destino – algumas permanecem na catedral, outras vão para paróquias e comunidades da Diocese”, explicou o padre.
No momento, todas as imagens presentes na catedral estão espalhadas pelo seu espaço. Conforme o padre Rudinei, o objetivo é proporcionar aos fiéis um momento de devoção quando adentrarem no ambiente religioso.
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