Blog da Poesia
Gabriela Vidal Domingues
Gabriela Vidal Domingues nasceu em Cachoeira do Sul, no dia 7 de novembro de 1983 . É filha da excelente poetisa e professora Magali Vidal Domingues e Jorge Eduardo Rodrigues Domingues. Começou a escrever aos 16 anos de idade; teve seu primeiro poema publicado na Página Literária do Jornal do Povo no longínquo 1999 e, desde então, tornou-se colaboradora habitual do espaço.
Participou da coletânea Poetas do Vale, edições ,VII, VIII e IX, nos anos de 2009, 2011 e 2015 respectivamente. Em 2012 ficou em primeiro lugar na categoria adulto do XV Prêmio Paulo Salzano Vieira da Cunha de poemas com o título Sonho de amor.
Entretanto, em 2017, Gabriela, que têm a poesia com grande paixão na vida, lança seu primeiro livro solo, Filosofando com a Arte (lançamento/sessão de autógrafos dia 26 de novembro, às 17 horas na 33 ªFeira do Livro de Cachoeira do Sul/RS), publicação composta por 54 poemas que abordam, entre outras questões, temas relacionados a felicidade, espiritualidade, conflitos internos, filosofia e amor.
Poetisa lúcida e sensível. De escrita transparente, inteligente, reflexiva e honesta. Ou como sugere Mara Garin em seu competente prefácio, "São pinturas delicadas que conceituam as palavras''
Para ler com os olhos e com o coração.
Por: Tiago Vargas
Felicidade e prazer
Felicidade é sentimento,
construção árdua e diária.
Prazer é sensação,
brota rapidamente mas morre
num segundo.
Felicidade é expressão de
uma realidade interior.
Prazer é exterior,
paixão que é destruída
por sua própria força.
Felicidade vai além do que
os nossos olhos podem alcançar.
Prazer é alimento que não
mata a fome, água que não sacia.
Felicidade é encontrar algo de
imensidão igual ao vazio do coração.
Insegurança
É sentir-se como uma onça que nasceu sem manchas
sente-se no meio das outras.
Um peixe que por não saber nadar
é afogado pelas ondas do mar.
Alguém que nada preenche,
nem é preenchido.
Que jamais pertence,
não se encaixa,nunca se encontra.
Talvez algumas palavras soltas
incapazes de formar uma frase.
Ou como um rascunho sem esperança nenhuma
de tornar-se arte-final.
Omissão
Sente-se aprisionado sem perceber
que talvez a chave da prisão
já esteja em suas mãos.
Aceita ser escravo porque prefere
ignorar a existência da carta de alforria.
Foge do julgamento dos outros
desconhecendo que abriga em sua mente
um juiz implacável.
Vive pedindo silêncio
mas não faz calar o barulho
que está dentro de si.
Prefere continuar doente
porque não quer sentir na boca
o gosto amargo do remédio.
Quer ser livre mas não sabe
que é um pássaro que nasceu sem asas.
Recomeço
Posso ser uma flor que murchou
ou o sol que se escondeu no horizonte
esperando o amanhecer para ressurgir
dependendo da tua percepção.
Tu compreensão vê um ponto final
onde existe uma vírgula.
Talvez minha missão tenha sido
mostrar-te que existem coisas
muito além do que tua visão alcança.
Será que não fui uma história que
alguém te levou a crer que era real?
Talvez tua saudade te faça me ver
como jamais cheguei a ser.
Será que não fui apenas um sonho
que terminou quando você acordou?
Ou um pássaro que nasceu para voar
e acabou sendo preso numa armadilha.
Resumo banal
Os dias correm e não há
quem consiga acompanha-los.
Nossos meses criam asas
e saem voando.
E nossos anos parecem
que nos estão sendo roubados.
A vida parece um breve conto
e o relógio não tem piedade de ninguém.
O calendário tem pressa
mas ninguém sabe onde ele vai.
Nossos passos são curtos
e não vencem a velocidade das horas.
Consome-se o mês de janeiro
pensando no que faremos em junho
e dezembro traz o remorso
por não ter aproveitado o janeiro.
O tempo debocha dos nossos sonhos
transformando nossa história
num resumo banal.
Sonho de amor
Quando anoiteceu adormeci abraçada com a saudade
Mas logo tu invadiste meu sonho com tanta veracidade
E me entreguei ao teu abraço numa indizível magia
Que libertou-me deste labirinto de nostalgia
E o tempo já perdeu a validade
Passado, futuro e presente
Uniram-se numa só verdade
Num mundo em que a dor é ausente.
Tua presença arrebatou-me com tanta intensidade
E teu perfume causou-me tamanha perturbação
Que abandonei completamente a sobriedade
Rendendo-me aos teus encantos com total adoração.
Em teus braços desejei ardentemente
Receber a cura para a dor da saudade.
Pois nesse sonho roubaste minha liberdade
E capturaste para sempre minha mente.
Entraste na parte mais subjetiva do meu coração
E o verde dos teus olhos possui uma profundidade
Que me tirou a paz e a serenidade
Levanto o meu ser a total rendição.
Mas o amanhecer do dia
Terminou com toda magia
Quando trouxe à tona tua ausência sem piedade
Despertando-me novamente para a realidade.
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