Blog da Poesia

Todos os sentidos (e sons) de Belchior

20/12/2017 09:41

A poesia é o máximo entre o som e o sentido. Essa definição é do poeta francês Paul Valery, conterrâneo e contemporâneo de Rimbaud. Entretanto essa acepção pode se decretar como canção. O máximo de tensão entre escrita e sentido pode ser grifado como poesia. E isto é Antônio Carlos Belchior. Ou simplesmente, Belchior. Literatura cantada em estilo próprio. Um ex estudante de medicina. Nordestino. Cearense. Poeta cantante. Cortante. Contumaz. Enigmático. De escrita superior, nua, densa e crua. Ícone de uma geração. Artista de vanguarda. Edgar Allan Poe, Carlos Drummond de Andrade, João Cabral de Melo Neto, Beatles e sobretudo Bob Dylan (Prêmio Nobel de Literatura em 2017) são apenas algumas de suas referências. E influências. Compositor refinado, exímio conhecedor da literatura brasileira e latina, usava as palavras para despertar consciências; Sua importância está, de modo especial, na profundidade intelectual de sua obra humanística e filosófica. "Minha alucinação é suportar o dia-a-dia e o meu delírio é a experiência com coisas reais'' ou ''No presente, a mente, o corpo é diferente, e o passado é uma roupa que não lhe serve mais''. Artista maior, atemporal. Visceral, múltiplo e complexo são outros adjetivos pertinentes do Sobralense.

Por: Tiago Vargas

 


 

''Como Poe, poeta louco americano
Eu pergunto ao passarinho: Blackbird, o que se faz?
Raven never raven never raven
Blackbird me responde
Tudo já ficou pra trás
Raven never raven never raven
Assum-preto me responde
O passado nunca mais''.
                                        Belchior

 


 

''Deixemos de coisas, cuidemos da vida,
senão chega a morte ou coisa parecida,
e nos arrasta moço sem ter visto a vida
ou coisa parecida aparecida''...

Belchior


POEMAS POESIA VERSOS

 

Meu coração toca Blues à Belchior...

O primeiro amor passou...
o segundo amor passou...
E Drummond o 'gauche',
 Aqui nos emprestando versos.
Só para lembrar a todos que o coração permanece...
Que aquele coração selvagem
Ainda toca um blues para nós.

Dilso. J. Dos Santos

 

Poção mágica

Dos lábios pingam beijos
cintilantes
o batom úmido escarlate
despeja sensualidade
A blusa de seda ofegante
arde em seios à mostra
taças de cabernet
me maculam.

Zaira Cantarelli

 

Gosto dos loucos
Eu vejo os que cortam
Converso com os que brigam
Não tenho respostas prontas
Se escrevo poemas?
Não tenho grandes argumentos
Nunca fui grande, nem desejo ser
Queria voltar no tempo
Escrever sem ouvidos
Brincar sem ser oprimido
Falar de um luar diferente
Não morri indigente.
Um beijo discreto
Sem nada concreto
Um abraço de filho.
Um brinquedo mordido
Algumas palavras soltas.

Bedermino Betat Leite

 

Flor de setembro

Desenho seu rosto ,um esboça na tela
pois eu gosto é dos traços dela.
Lapidando seus lábios com lápis vermelho
viver ao lado dessa bela modelo.
Com seu pranto está pronto aquarela ,
com seus olhos faço a luz da janela
que ilumina de dentro pra fora,
mulher menina que me namora.
Quando ela olha me molha de lágrimas,
depois me seca com suas pétalas de rosa.
Esfumando pó do perfume de pólen,
a mancha de batom marca seu território
que ela deixa quando me beija.
Com dois pingos de tinta a óleo
vou colorindo seus lindos olhos
para eternizar o brilho do seu olhar.
Desenho o engenho, releitura de Deus
um presente que Ele me deu.
Desenho uma flor de setembro
desenho o amor que eu tenho.

Cleiton Leal

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