AgroScrew se livrou do tarifaço

Um dos principais exportadores da cidade, o Grupo AgroScrew, que fornece peças de colheitadeiras para as multinacionais americanas John Deere e New Holland, se livrou do tarifaço do presidente americano Donald Trump. Ontem, a Casa Branca anunciou a lista de produtos que ficarão isentos da taxação em 50%, e entre eles está o metal, principal matéria-prima das peças da indústria cachoeirense.

Ainda que fosse afetada, o CEO Moacir Marzari informou a existência de acordos em que as multinacionais iriam assumir os custos adicionais até o final do ano, logo a empresa tinha um respiro. Agora, com a isenção, não deve haver mais temor. A Agro-Pertences, subsidiária do grupo, que fabrica peças e conjuntos soldados, direciona 100% das exportações de sua produção ao mercado europeu, especialmente para a Polônia, e não seria atingida pelas tarifas.

15% PARA EXPORTAÇÕES

Já a Screw, outra empresa do grupo, tem 15% de seu faturamento voltado às exportações. Desse total, cerca de 16% têm como destino os Estados Unidos. O restante é enviado para países como Alemanha e Bélgica. Os valores totais do faturamento do grupo não foram divulgados à reportagem. Se houver uma reviravolta e o grupo vier a ser taxado no futuro, Marzari diz que o grupo se reunirá para avaliar novas estratégias do mercado. Atualmente, o Grupo AgroScrew conta com 730 colaboradores.

Setor da madeira preocupado

A indústria de madeira, mesmo após o anúncio de ontem, deve ser uma das mais prejudicadas pelo tarifaço do presidente americano ao Brasil. Algumas empresas brasileiras demitiram funcionários, paralisaram as atividades e deram férias coletivas. Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Madeira Processada Mecanicamente, o setor é responsável por cerca de 180 mil empregos diretos no país.

Para Sidiano Valduga, gerente industrial da Todesmade, a indústria de madeira cachoeirense ainda não sentiu os impactos da tarifa devido a sua exportação para os EUA ser quase nula. Maior parte do produto da indústria é direcionado para a Ásia. Os únicos impactos sentidos até agora foram de clientes internos que compravam os produtos da empresa e direcionavam para os EUA, mas segundo ele, ainda é muito cedo para estimar algum prejuízo.

AFLIÇÃO GERAL

Segundo o gerente Sidiano, a tarifa preocupa não somente a Todesmade, mas toda a indústria da madeira em virtude dos americanos serem grandes consumidores deste material. “Esperamos que a tarifa não continue, mas caso aconteça, a medida será não focar no mercado dos EUA e sim em outros países”, conta.

De acordo com Abimci, 90% da produção está concentrada nos três estados do sul do Brasil (Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul). Atualmente, o Brasil exporta cerca de 50% dos produtos para os EUA. A produção de madeira está sendo reduzida em praticamente todo o setor e, em vários casos, com paralisação total. Conforme o órgão, neste momento, o grande desafio do setor é lutar pela manutenção dos empregos e continuidade das atividades industriais.

Memória

Em 2024, Cachoeira do Sul exportou quase 2 milhões de dólares para os Estados Unidos, sendo o setor de máquinas e equipamentos o principal responsável por essa movimentação.

ATENÇÃO

De acordo com a Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs), em estudo divulgado antes do anúncio da isenção de ontem, o tarifaço apresentava risco de perda de R$ 1,92 bilhão no Produto Interno Bruto (PIB) gaúcho. Atualmente, 1,1 mil indústrias gaúchas exportam para os EUA, empregando 145 mil pessoas. Entre os setores mais dependentes estão, armas de fogo, tabaco, madeira, móveis, arroz e metalurgia metalmecânica.

IMPORTANTE

Segundo Gustavo Trevisan, diretor executivo da Trevisan Alimentos, a empresa não exporta direto para os Estados Unidos, entretanto estavam trabalhando neste mercado e acabaram parando após o anúncio das taxas. Com a tarifa, a indústria que exporta diretamente para outros nove países, estes não revelados, deve se concentrar em abrir oportunidades em novos mercados.