Blog dos Livros

Diversidade da surdez

28/04/2023 08:54 - por Mildo Fenner

Celebrado em 23 de abril, o Dia Nacional de Educação de Surdos é uma oportunidade para refletir  sobre a pluralidade  da população surda, que ainda sofre constantes estigmatizações  e  preconceitos. Dentre os Objetivos de Desenvolvimento  Sustentável (ODS), criados pelas Nações Unidas,  está a garantia de uma  educação inclusiva e  equitativa de qualidade para todas as  pessoas até 2030.  Uma das formas de avançar  na conquista  desses direitos é difundir  a pluralidade do que é ser surdo no Brasil.

Pensar em diversidade da surdez é certificar-se  de que o termo “surdos”  não corresponde somente a pessoas que usam língua de sinais  ou que possuem surdez total.  Segundo dados do  Relatório  Mundial da Audição,  elaborado pela Organização Mundial da Saúde, existem 1,5 bilhões de pessoas  no planeta  com algum grau de surdez. No Brasil, a Pesquisa Nacional  de Saúde, do IBGE,  revelou que em 2019 havia 2,3 milhões de pessoas nesta situação. 

Uma das formas  de ampliar as noções de mundo dos indivíduos é por meio de livros,  que podem atuar como ferramentas importantes  na sensibilização e conscientização  das pessoas sobre a  diversidade da surdez.   Um livro que promove esta ampliação à diversidade é “Olhos que escutam” (Editora Serena,  192 páginas, R$ 44,90), do escritor e palestrante  Alex Júnior.  Trata-se de uma obra biográfica  que narra a história de Alex,  diagnosticado com deficiência auditiva bilateral com um ano de vida. No livro, o autor  resgata  memórias difíceis  da época da escola, em que sofria a  violência  do bullying  devido ao uso de aparelho auditivo  e pelo seu jeito de falar.

Hoje,  Alex Júnior é uma pessoa oralizada,  que aprendeu a falar e a  escrever utilizando a leitura labial. A partir de sua escrita,  o autor mostra que nem todo surdo é mudo,  contribuindo para a construção   de uma noção plural  acerca da vivência de pessoas surdas. Assim, seu livro é um exemplo não apenas de  resiliência, mas da luta constante contra o capacitismo  e busca por maior representatividade.

“Olhos que escutam,”  publicado em 2022 pela Editora Serena,  conduz o leitor à reflexão   sobre os nossos atos e preconceitos, e ainda sobre como agimos  em nossas relações  interpessoais, fazendo também refletir  sobre as nossas deficiências de percepção  em relação ao próximo.

Trecho:
“A soma das nossas ações diárias torna-se realizações de um mês, um ano, uma década, ao longo de toda a nossa vida. Devemos construir a vida com blocos de concreto que duram e não apenas com areia, que não sustenta a construção e a  faz desabar após a primeira ventania. 

A nossa estadia nesse planeta é finita, mas as variáveis  que nos compõem  em suas particularidades são infinitas,  porque como há bilhões de  seres humanos, existem diversas histórias  sendo contadas e criadas ao longo do infinito.  Nunca haverá uma história que seja igual a outra. Faça a  sua história valer a pena.”
(página 183)

NOVA ACADÊMICA 
Professora emérita da Escola de Comunicação da Universidade  Federal do Rio de Janeiro e com vasta obra publicada, a paulista Heloisa Buarque de Hollanda  foi eleita na última semana para a  cadeira 30 da Academia  Brasileira de Letras. Aos 83 anos, é a 10ª. mulher eleita para a academia, ocupando a vaga aberta  em dezembro do ano passado com a morte de Nélida Piñon.

A HISTÓRIA DA BICICLETA
A bicicleta foi inventada em 1817 pelo alemão Karl von Drais  e rapidamente alterou paisagens e costumes em todo o mundo. Na obra “A vida em duas rodas” (Editora Rocco, 400 páginas, R$ 99,90), o jornalista americano Jody Rosen, do New York Times,  conta a história deste meio de transporte revolucionário,  misturando  pesquisa, relatos pessoais, épocas e  lugares de utilização, além de muitas curiosidades.

Leituras: 
“Se sou   amado,  quanto mais amado mais correspondo ao amor. Se sou esquecido, devo esquecer  também. Pois amor é feito espelho:  tem que ter reflexo.”
(Pablo Neruda (1904-1973),  poeta, diplomata, senador e  escritor chileno,  vencedor do Prêmio Nobel de Literatura de 1971). 

Destaques:
OS ANIMAIS


Autor:
Amadeus Henhapl

Neste livro, Téo está na casa da avó.  Chove lá fora e tudo está molhado.  Não há nada para fazer e o tédio se anuncia.  Mas logo surge o convite  para experiências menos imediatas e Téo começa  a inventar brincadeiras com animais em festa. Nascido em Salzburgo, na Áustria, o autor estudou Comunicação e Inglês, dedicando-se à Publicidade e  escrevendo livros infantis. A ilustradora é Elsa Klever,  natural de Berlim,  ganhadora de diversos prêmios  internacionais. 
Editora Maralto. 48  páginas. R$ 49,90.
 
O AMOR DE PEDRO POR JOÃO


Autor:
Tabajara Ruas

Segundo romance de Tabajara Ruas, escrito em Copenhague, durante o exílio imposto ao autor pela ditadura militar de 1964 no Brasil,  o livro utiliza uma linguagem cinematográfica, mostrando o outro lado da militância política.  Clássico da literatura, a obra fala sobre o drama de deixar o país, diante da perseguição dos agentes da ditadura. Nascido em Uruguaiana, formado em Arquitetura pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Tabajara Ruas é um dos grandes escritores gaúchos. Entre outros, é dele o livro “Netto perde sua alma,”  que foi transformado em filme.
Editora Leitura XXI. 342  páginas. R$ 59,90.  

(As obras apontadas  no Blog dos Livros  podem ser encontradas   junto à Revistaria e Livraria Nascente, na Rua Saldanha Marinho,   1423, Cachoeira   do Sul)

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