Blog dos Livros
Loucuras e genialidades
Em “Malina,” originalmente publicado em alemão em 1971, a escritora austríaca Ingeborg Bachmann convida o leitor a visitar um mundo que vai além dos limites do senso comum. A narradora, uma escritora em Viena, está dividida entre dois homens e mergulha profundamente dentro das próprias loucuras, ansiedades e genialidades. A obra explora o amor, as várias faces da morte, a raiz do fascismo e a paixão.
Bachmann conta a história de vidas dolorosamente entrelaçadas: a narradora é assombrada por memórias aterrorizantes de seu pai e vive com o andrógino Malina, um homem inicialmente distante e frio que acaba se tornando uma influência ameaçadora. “Malina” ilustra tanto a busca por uma identidade fragmentada quanto por uma narrativa possível em uma Viena abandonada pela História.
Parte integrante da trilogia “Maneiras de morrer,” este romance de Bachmann, o único dos três que ela concluiu, serviu de modelo para muitos escritores por ser tão rico não apenas em conteúdo, mas também em forma. Os leitores encontrarão, na história de “Malina,” prosa descritiva, narrativa e poética, assim como poesia em versos, diálogos dramáticos, como em peças teatrais, em uma viva metamorfose narrativa.
Ingeborg Bachmann nasceu em Klagenfurt, Áustria, em 1926. Trabalhou inicialmente como roteirista de radionovela e foi aclamada como poeta, contista e romancista, além de ter assinado traduções. Teve uma relação profunda com o poeta Paul Celan, que ela “amou mais que a própria vida.” As correspondências com o poeta foram publicadas, em que se pode ler um diálogo íntimo e literário que durou anos.
No Brasil, além da “Malina” foi publicada a antologia “O tempo adiado e outros poemas,” em 2020. A escritora faleceu em Roma aos 47 anos, por complicações de queimaduras e intoxicação, após um incêndio em seu apartamento provocado por um cigarro mal apagado.
Trecho:
“Nessa noite compreendi que eu não pretendia me ocupar nem com arte, nem com tecnologia, nem com a nossa era; que jamais me debruçaria sobre nenhum dos temas, contextos ou problemas ali tratados publicamente, e tive a certeza de que queria Malina e que tudo o que eu queria saber teria que vir dele.”
(página 7)
PRÊMIO JABUTI
Até o dia 15 de maio de 2025 estão abertas as inscrições para 67ª. Edição do Prêmio Jabuti, um dos mais prestigiados concursos literários do país. Podem participar obras publicadas em primeira edição entre 1º. de janeiro e 31 de dezembro de 2024, que não tenham utilizado recursos de inteligência artificial. Além do Livro do Ano, haverá premiação para 22 categorias.
LIVROS DE COLORIR
Seguindo uma tendência da produção editorial recente do país, aumentam as vendas dos livros de colorir, conforme levantamento da revista PublishNews. Em outra tendência, aparecem em destaque os livros religiosos. Uma junção destes dois fenômenos e subindo nas vendas é “Colorindo com Deus Pai,” da Camelot Editora, com 64 páginas e 32 ilustrações acompanhadas de mensagens de fé.
Leituras:
“Nunca lute com um porco. Vocês dois ficarão sujos, e o porco gosta disso.”
George Bernard Shaw (26 de julho de 1856/2 de novembro de 1950) dramaturgo, romancista, contista e ensaísta irlandês, autor de comédias satíricas de espírito irreverente e inconformista, agraciado com o Nobel de Literatura de 1925.
Destaques:
RELANCES DE MAR E MONTANHA
Autor: Aloisio Romanelli
O livro é um convite a enxergar o mundo através de relances, aqueles recortes fugazes em que a realidade se revela com intensidade inesperada. O leitor é conduzido por uma viagem simbólica entre as montanhas de Minas Gerais e o mar do Rio de Janeiro, numa estrutura que alterna partida, chegada e retorno, como movimentos de uma sinfonia íntima. Natural de Belo Horizonte, Aloisio Romanelli é psiquiatra formado pela UFMG, com seis anos de atuação no SUS da cidade. “Relances de mar e montanha” marca sua estreia no universo editorial, após anos de escrita reservada.
Editora Mondru. 145 páginas.
BEL E O ADMIRÁVEL ESCUDO INVISÍVEL
Autor: Bruno Gualano
A história acompanha Bel, uma menina curiosa que, junto a seus amigos, descobre o poder das vacinas durante uma visita ao Instituto Butantan. Com a ajuda do Zé Gotinha e da cientista Dra. Ester, os personagens embarcam numa viagem microscópica pelo corpo humano, descobrindo como os anticorpos nos protegem e como a ciência combate doenças. O livro desmistifica fake news, como a ideia de que vacinas contêm chips, e destaca a importância do Sistema Único de Saúde. Bruno Gualano, 40 anos, é paulistano, professor da Faculdade de Medicina da USP e colunista da Folha de São Paulo. É um dos cientistas mais influentes do mundo na área da Clínica Médica, segundo a Universidade de Stanford.
Moah! Editora. 32 páginas.
(As obras apontadas no Blog dos Livros podem ser encontradas na Revistaria e Livraria Nascente, na Rua Saldanha Marinho, 1423, Cachoeira do Sul)
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