Poeta, romancista e tradutor. Paulo Leminski nasceu no dia 24 de agosto de 1944, em Curitiba, Paraná. Trata-se de um dos poetas mais importantes e populares de nossa história literária recente. Sua obra foi marcada pela concisão, pela complexidade sutil, pelo coloquialismo e pelos elementos herdados da poesia concreta (aglutinação da linguagem verbal e não-verbal). Apaixonado pela cultura japonesa foi tradutor e seguidor de Matsu Bashô, reconhecido como mestre do haikai (poemas curtos formados por três versos...). Esse fascínio pela métrica oriental fez com que fosse ao lado de Guilherme de Almeida, um dos grandes divulgadores e precursor do formato no Brasil Caprichos e Relatos, de 1980, Agora é que são elas, de 1984 e Toda Poesia (obra que percorre a trajetória completa do autor) de 2014, são alguns de seus livros relevantes. Paulo Leminski foi um dos principais nomes da poesia marginal ou geração mimeógrafo, invulgar, apropriou-se dos recursos visuais da publicidade, dos provérbios (“Salve-se quem puder, perca-se quem quiser’’) e dos trocadilhos da cultura popular (“Não discuto com o destino, o que pintar eu assino’’) para escrever seus poemas enxutos, pujantes e vigorosos. No entanto, sua escrita de molde transgressora sempre esteve à margem da margem, no espaço da errância, subvertendo-se numa poética invasiva livre de qualquer rótulo ou estereótipo. Poeta arguto, inventivo, genial. Atemporal.

Por: Tiago Vargas

Sem título

Eu tão isósceles
Você ângulo
Hipóteses
Sobre o meu tesão
Teses sínteses
Antíteses
Vê bem onde pises
Pode ser meu coração.

Paulo Leminski

Bem no fundo

No fundo, no fundo,
bem lá no fundo,
a gente gostaria
de ver nossos problemas
resolvidos por decreto
a partir desta data,
aquela mágoa sem remédio
é considerada nula
e sobre ela — silêncio perpétuo
extinto por lei todo o remorso,
maldito seja quem olhar pra trás,
lá pra trás não há nada,
e nada mais
mas problemas não se resolvem,
problemas têm família grande,
e aos domingos
saem todos a passear
o problema, sua senhora
e outros pequenos probleminhas.

Paulo Leminski

Incenso fosse música

isso de querer ser
exatamente aquilo
que a gente é
ainda vai
nos levar além.

Paulo Leminski

 POEMAS POESIAS VERSOS

Afogados

Para os lados da beira do cais
Debaixo do aguaceiro
Barco sucata pássaro homem
Tudo é sempre muito triste.

Célia Maria Maciel

Acreditar

Posso contar os sonhos,
Beijar o seu rosto.
Tenho que acreditar,
Ver, sorrir com as verdades.
Usufruir o empirismo,
Confiar em um amanhã melhor.
Quero balbuciar milagres,
Alardear felicidades,
Contar amenidades e meditar.
Necessito falar com os querubins,
Rever os beija-flores e colher alecrins.
Fidelidade às pequenas coisas.
Olhar no céu um passarinho,
Transformando o seu cantar
Em passos do meu caminho.
Que boa seria essa eterna realidade.
A cada dia vou vencendo dificuldades,
Criando realidades em um mundo feliz.

Bedermino Betat Leite

Ah como queria
degustar desse manjar
nababesco
de suas conquistas.
Nem precisava
dividir o palco ao seu lado
Bastaria estar
na plateia
como plebeu
te aplaudindo em pé
Porque a existência
é um poema
de sim à vida.

Jorge Rosa

A folha amanhece
Afagada pelo sol...
A Deus alça prece.

Mardilê Friedrich Fabre

Amor

a força corrente que corre nas veias
ao beijar do jovem até o beijar do idoso
em uma cama ardente despertando o amanhecer
carente de quem espera mais e quer seguir em frente

Rosieli Rösing

Olho
Através da vidraça
A chuva lá fora
Escorre
Pelos telhados
Leio páginas
De incompletos versos
Desejo inconfesso
Do que ficou
No passado.

Claudete Silveira

Era uma vez
um olhar que reconhecia aos pedaços
Instituía um tempo enclausurado
E feito símbolo encarnado
á desenhar sua digitais
limitava o prazer
rendia a boca à sua vontade
Cegava as noites estreladas
e pintava o céu com outras cores
Do sexo
fazia amadurecer mil florestas

Um dia
inundou
e morreu
mar à dentro do meu olhar

Cris M Branco

Dsagravo

D certo
dcreto
dsato
dbato
dcido dpressa
dtermino
d repente
dsisto
dsanimo
dsatino
dsconfio
dnuncio
dcido d novo
dsarmo
dsmarco
dsnivelo
dsnudo !

Dnise Sklar