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Série renova sucesso da década de 1960, mantendo espirito do original

Perdidos no Espaço

09/01/2020 09:44

Muito antes de Steven Spielberg, George Lucas e J.J. Abrahns, existiam outros mestres da ficção cientifica no cinema e na TV. Dentre estes IRWIN ALLEN se destacava pela grande produção de filmes e séries de aventura, ficção e cine-catástrofe. Allen possuía em seu currículo obras cinematográficas como O Mundo Perdido (The Lost World, 1960), O Destino do Poseidon (The Poseidon Adventure, 1972 ) e Inferno na Torre (The Towering Inferno, 1974).

Onde a TV jamais esteve
Na televisão, Irwin não foi menos impactante. É dele as séries “Viagem ao Fundo do Mar” (Voyage to the Bottom of the Sea - 1964-1968), “O Túnel do Tempo” (The Time Tunnel - 1966-1967) e Terra de Gigantes (Land of the Giants - 1968-1970). Todas são consideradas ficção científica raiz. Elas rivalizam com qualquer programa dos dias de hoje, ressalvando-se a tecnologia dos efeitos visuais, óbvio. A série mais popular de Allen foi uma space-ópera, recheada de naves espaciais, alienígenas, robôs e galhofa, muita galhofa. Estou falando de Perdidos no Espaço (Lost in Space - 1965-1968), que está com nova versão sendo apresentada na Netflix. A recaracterização do programa honra o legado da Família Robinson, do Dr. Smith e do Robô. Esse é uma das criaturas mecânicas mais amadas do mundo audiovisual, até os dias de hoje.

Vejo o futuro repetindo o passado
Na série original de Perdidos do Espaço, no ano futuro de 1997 (a série é de 1965) a Terra sofre com a superpopulação. O Professor John Robinson, sua esposa Maureen, seus filhos Judy, Penny e Will, além do Major Don West, são selecionados para viajar pelo espaço a fim de estabelecer uma colônia, para que humanos possam viver em um planeta do sistema Alpha Centauri. Sua espaçonave é batizada de Júpiter 2. No entanto, o doutor Zachary Smith, um agente inimigo, é enviado para sabotar a missão. Ele reprograma o robô B9 para destruir os equipamentos da nave, oito horas após a decolagem. No processo, Smith se atrasa e fica preso na espaçonave, que decola com ele a bordo. Com a nave avariada, muito distante da rota, todos a bordo tornam-se perdidos no espaço e lutam para encontrar o caminho de volta para casa*. O divertido da série é que ela não se leva a sério. Smith, no lugar de ser um vilão carrancudo é de longe o mais popular dos Perdidos do Espaço. Medroso e covarde ele faz dupla junto com o Robô, que fica repetindo frases como “perigo” e “destruir” que viraram bordões da garotada da época. Vale muito a pena procurar os boxes deste antigo programa nas promoções de DVD e no Youtube.

Perdidos no Cinema
A série é tão impactante que em 1998 gerou um filme para o cinema. Com efeitos visuais primorosos, o longa utilizou-se de praticamente o mesmo roteiro da série da década de sessenta, no entanto abdicou das piadas de Smith e do Robô. A película gerou enorme expectativa na época. Prova disto é que o interprete do Professor Robinson era o oscarizado William Hurt. O vilão, Dr. Smith, foi interpretado por Gary Oldman, outro vencedor do Oscar. Já o Major Don West, ficou a cargo de Matt LeBlanc, o popular Joey da série Friends. Com efeitos especiais ultramodernos, um elenco estelar e uma trama envolvendo viagem no tempo e entre galáxias, parecia não ter como o filme se perder. Mas, infelizmente, ao abandonar as piadas características da série, a nave simplesmente afundou, ou desapareceu no espaço sideral. Hoje é difícil encontrar o título até mesmo nos serviços de streaming, embora sua trama seja bastante divertida e valha a pena procurá-la pela internet.

De volta ao espaço profundo
Vinte anos depois, Perdidos no Espaço voltou as discussões de ficção científica, graças ao catálogo da Netflix. Hoje o streaming nos apresenta a segunda temporada das aventuras da família Robinson, com uma roupagem moderna. Na nova versão os Robinson integram uma expedição de vários colonizadores que desejam encontram um novo lar para a humanidade, assim como na série dos anos sessenta. A estação espacial gigante que leva os humanos é atacada por um alienígena robô, obrigando que boa parte da tripulação fuja, através de naves menores, do tipo Júpiter. A maioria dos sobreviventes aporta em um planeta desconhecido, inclusive a família Robinson, e uma clandestina. Essa rouba a identidade de um certo Dr. Smith e se apresenta como se fosse ele. Ao explorar o planeta, o jovem Will Robinson acaba encontrando os restos do Robô assassino e consegue consertá-lo, conquistando sua amizade. A grande dúvida é se o Robô será um trunfo na colonização do espaço ou uma arma a ser utilizada pela maldosa Dra. Smith.

Novas estrelas em um novo tempo
Como é possível perceber a nova versão da série apresenta várias inovações. A principal é que a vilã da nova série é uma mulher, o que tira bastante o sarcasmo do velho Dr. Smith, dos anos sessenta. Uma das irmãs Robinson também difere por ser adotada e afrodescendente. Isto é uma clara tentativa de integração cultural. Esta Robinson é a única médica a bordo e resolve todos os problemas relacionados a saúde dos perdidos. Também na nova série vemos a família convivendo com outros núcleos de colonos espaciais. Estes vivem no mesmo planeta onde os protagonistas estão ilhados, uma situação muito rara nas décadas passadas

A primeira viagem
Mesmo com estas mudanças o roteiro da série é muito bom, e tem ótimos efeitos visuais que permitem apresentar um Robô completamente verossímil, monstros em CGI muito bem feitos e batalhas espaciais interessantes. A primeira temporada serve para a apresentação dos personagens e traz problemas como a retirada do planeta terra, a falta de combustível, o combate a monstros e um memorável episódio onde uma das Robinson fica presa em um lago congelado.

Afundando a nave
Já segunda temporada sobe bastante o nível do roteiro. Os Robinson, já no primeiro capítulo, precisam transformar a Júpiter em um veleiro, para escapar de um planeta. Logo a seguir eles reencontram sua estação espacial base, mas a nave mãe está pavorosamente vazia, igual a um navio fantasma. Como no seriado da década de sessenta, esta nova encarnação de Perdidos não abre mão dos alívios cômicos, mas seguramente as piadas são menos incisivas do que o visto em períodos passados. Sem problemas. Mesmo sendo um programa sério, é extremamente divertido de assistir.

Espirito perdido
Irwin Allen foi um gênio a seu tempo, tendo de fazer robôs com canos, tubos e latas e alienígenas com tinta e purpurina. Que bom que existam pessoas com sensibilidade de buscar o cerne de sua obra e atualizá-la para nosso tempo, modernizando, mas sem descaracterizá-la. Que os novos produtores, diretores e showrunners, consigam entender o que está sendo feito com Perdidos no Espaço, da Netflix, e sigam seu exemplo. Ter o direito autoral, de uma obra do passado, não significa poder descaracterizar seu espirito ao bel prazer. É fundamental respeitar as orientações que os fãs amam, como faz a nova série. É este cânone que faz os produtos serem reconhecidos por décadas. Quem não entender isto acabará ficando perdido no espaço do mundo audiovisual, sem direito a reprise para resgatá-lo.
 

Trailers e aberturas

https://youtu.be/spJitr7qvk4

https://youtu.be/GYn4r6nV0tw

https://youtu.be/mY9wZ7k0nos

https://youtu.be/QUENPhqS21E

https://youtu.be/w6aK5NJwgco

https://youtu.be/rvloYGjJykA

Elenco, Citações e Referências

Série Netflix

John Robinson - Toby Stephens, 007 Um Novo Dia Para Morrer, 2002

Maureen Robinson - Molly Parker, Swingtown, 2008

Don West - Ignacio Serricchio, Quarentena 2 - O Terminal, 2011

Judy Robinson - Taylor Russell , Escape Room, 2019

Penny Robinson - Mina Sundwall, Horror, 2015

Will Robinson - Maxwell Jenkins , Um Homem de Familia, 2016

Dra. Smith / June Harris - Parker Posey , Superman O Retorno, 2006
 

Filme 1998

Prof. John Robinson - William Hurt, O Incrível Hulk, 2008

Major Don West - Matt LeBlanc, Friends, 1994 – 2004

Dra. Maureen Robinson - Mimi Rogers, O Juízo Final, 1991

Dra. Judy Robinson - Heather Graham, Se Beber, Não Case! 2009

Penny Robinson - Lacey Chabert , Meninas Malvadas, 2004

Will Robinson - Jack Johnson, A Polegarzinha 2, 2002

Dr. Zachary Smith - Gary Oldman, O Destino de Uma Nação, 2017
 

Série 1965

John Robinson - Guy Williams, Capitão Sinbad, 1963

Maureen Robinson - June Lockhart, Perdidos no Espaço, 1998

Don West - Mark Goddard, Perdidos no Espaço, 1998

Judy Robinson - Marta Kristen, Terminal Island, 1973

Will Robinson - Billy Mumy, Babylon 5, 1994 – 1998

Penny Robinson - Angela Cartwright, Make Room for Granddaddy, 1970 – 1971

Zachary Smith - Jonathan Harris , Vida de Inseto, 1998

 

Informações elaboradas com ajuda dos sites Wikipédia, Adoro Cinema e Omelete.

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