A Netflix tem se caracterizado por mensalmente soltar algum título com um pouco mais de investimento. O frisson do final do ano, no quente verão de dezembro e janeiro de 2020, foi a série “The Witcher”, baseada na saga do polonês, Andrzej Sapkowski. O escritor obteve sucesso com contos que tem como protagonista o bruxo Geralt de Rívia. A aventura foi publicada em sete livros, que se tornaram best-sellers. Logo sua popularidade gerou uma franquia de games de sucesso. Na Netflix, Geralt é interpretado pelo ator Henri Cavil (o Superman dos longas da DC na Warner). Cavil está bem diferente nesta série, com longos cabelos brancos, caçando monstruosidades como vampiros, zumbis, duendes e dragões na idade média de um universo onde a magia convive harmoniosamente com os seres humanos normais.

Caça às Bruxas
Em The Witcher acompanhamos a vida do bruxo Geralt de Rívia, durante um longo período de sua vida. Logo na primeira cena somos apresentados a uma batalha do herói contra uma besta aquática. Está quase lhe tira a vida, mas logo é vencida. Ao tentar vender o corpo do monstro em um vilarejo, o bruxo é direcionado a uma sociedade mágica que o atribui uma nova missão. Distante dali, ao mesmo tempo, uma jovem deformada, chamada Yennefer de Vengerberg, é vendida pelo pai a uma ordem mística. Os magos percebem que a garota é bem mais poderosa do que seus parentes acreditam e pretende transformar a menina em uma grande feiticeira. Obviamente o caminho será mais doloroso para ela que para suas colegas, no aprendizado da magia do Caos.

A Princesa Perdida
Em outro canto, do mesmo universo, um reino é atacado e uma família real assassinada. Dos monarcas sobram apenas a jovem, Cirilla Fiona, que foge para se esconder na floresta. Ela é socorrida por elfos e uma tribo de mulheres guerreiras. O feiticeiro Geralt de Rivia, deverá utilizar todas suas habilidades para socorrer a princesa, a quem possui um juramento de salvaguarda. Qual a verdadeira relação entre estas três pessoas tão diferentes¿ É esta pergunta que a série tenta responder enquanto apresenta a trajetória do Bruxo, enfrentando desafios e tornando-se a lenda conhecida como o Lobo Branco.

Uma mágica por vez
Por mais que pareça ter um grande mistério, a série The Witcher é bastante procedural, cada capítulo apresenta um desafio completamente diferente, funcionando pouco como novela. Na verdade, a trama que envolve seus oito episódios é bastante confusa, se você tentar assistir como maratona. O roteiro cansa bastante o espectador. O tempo de cada capítulo ajuda nesta saturação, pois poucos ficam abaixo dos sessenta minutos. Isto é incomum para espectadores da nova geração, acostumados com 45 minutos de vídeo. Menos mal que sobram cenas fortes, de ação e combates sangrentos. Da mesma forma, o programa é recheado de grandes tomadas sem necessidade, que infelizmente a liberdade de tempo do streaming insiste em permitir para os editores de vídeo.

Fabricando Monstros
Independentemente do tempo usado, a qualidade técnica dos episódios é grande, com uma boa caracterização de época. Os efeitos especiais são razoáveis, trazendo dragões, criaturas incríveis, poderes mágicos e outras inovações. Mesmo assim, o resultado é bem inferior ao que foi feito em Game of Thrones. Confesso que ao ver a série me pareceu que a ideia foi aproveitar o hype deixado com o fim da história dos Starks e Targariens e tentar abocanhar seus fãs. O programa tenta se aproximar da trama de Westeros, mas, por enquanto, falta a ambientação dos fãs com as casas, reinos, clãs e trajetória deste novo mundo. Algo que espero será mais explorado nas próximas temporadas. Com esta dificuldade, acredito que, hoje, The Witcher está mais próximo do que era visto em Xena – A Princesa Guerreira, dos anos 90. Claro que com um salutar aumento de profundidade no roteiro.

O Inverno está chegando
Nestas quentes férias de janeiro de 2020, como temos pouquíssimos filmes de ação no circuito comercial de cinema, vale muito a pena dar uma chance para o Superman vestido de Feiticeiro. A obra The Witcher já foi sucesso nas livrarias, já teve duas tele séries na Polônia, e é aclamada nos videogames. Tem todas condições de se tornar um dos maiores sucessos da Netflix. Isto não apenas pela sua base de fãs, mas porque o desenrolar da trama, que tem uma narrativa temporal parecida com The Westworld, certamente pode envolver os espectadores. The Witcher vale pela história, pela ação, pelo elenco e pelo que ainda está por vir. No entanto, neste calor que estamos vivendo, de 40º a sombra, é bom também assistir uma aventura naquele reino medieval gelado. Pelo menos através da ficção, e da magia, é muito bom imaginar como era o inverno que nos deixou há alguns meses. Viva o lobo branco por isto.

Trailers
https://youtu.be/S_0RKN-yTw4
https://youtu.be/tjujvMkqWe4
https://youtu.be/eYoiBja2JR8

Elenco
Geralt de Rívia - Henry Cavill, O Homem de Aço, 2013
Jaskier - Joey Batey, Estrelas de Cinema, 2017
Princesa Cirilla Fiona Elen Riannon - Freya Allan, Gunpowder Milkshake, 2020
Yennefer de Vengerberg - Anya Chalotra, Wanderlust, 2018
Rainha Calanthe - Jodhi May, O Último dos Moicanos, 1992