Blog da Poesia

Poesia Gauchesca

20/09/2017 10:26

 

Fotografia: Jorge Ritter

Vinte de setembro é a data máxima para os gaúchos. A revolução farroupilha é o mito fundante de nossa cultura e, a partir dela, se estabelece nossa identidade e nossos ideais de liberdade e igualdade. A literatura Riograndense e neste modelo de composição e concepção inclui-se a poesia sulista, caracteriza-se basicamente pela forma e pelas expressões fortes, pelo uso desmedido de metáforas, neologismos e arcaísmos. Espécie de subgênero da literatura latinoamericana (em especial a literatura rioplatense), os versos gauchescos têm como pressuposto recriar a linguagem do homem do campo e descrever seu modo típico e peculiar de vida, retratando nossos hábitos, costumes, exaltando nossos valores e tradições. As ações geralmente ocorrem em cenários abertos, não urbanos. Alguns nomes destacados dessa variedade poética são Barbosa Lessa, João Caetano Braun, Luiz Coronel, entre outros tanto... Nesta linha regional, na comparação com outras culturas, nossa escrita distingue-se por uma maior unidade e identidade dentro do panorama da literatura brasileira. Essa desemelhança só ratifica o quanto nossa escrita é rica, múltipla, abundante, vasta e plural. O blog da poesia desta semana versos que retratam e reverenciam o orgulho de nossa origem e o amor de nossa terra.

Boa leitura e bom divertimento.

Por: Tiago Vargas


Todas as fotografias desta postagem são de Jorge Ritter.



Onde há Chimarrão
Existe amizade
Existe um povo que sabe
Que a maior felicidade
É crer que a simplicidade
Te faz rico em qualquer chão.

Carlos Eduardo Back


 

A maior das gauchadas
Que há na Sagrada Escritura,
- Falo como criatura,
Mas penso que não me engano! -
É aquela, em que o Soberano,
Na sua pressa divina,
Resolveu fazer a china
Da costela do Paisano!

Bendita china gaúcha
Que és a rainha do pampa,
E tens na divina estampa
Um quê de nobre e altivo.
És perfume, és lenitivo
Que nos encanta e suaviza
E num minuto escraviza
O índio mais primitivo!

Fruto selvagem do pago,
Potranquita redomona,
Teus feitiços de madona
Já manearam muito cuera,
E o teu andar de pantera,
Retovado de malícia
Nesta querência patrícia
Fez muito rancho tapera!

Refletem teus olhos negros
Velhas orgias pagãs
E a beleza das manhãs,
Quando no campo clareia...
Até o sol que te bronzeia
Beijando-te a estampa esguia
Faz de ti, prenda bravia
Uma pampeana sereia!

Jamais alguém contestou
O teu cetro de realeza!
E o trono da natureza
É teu, chinoca lindaça...
Pois tu refletes com graça
As fidalgas Açorianas
Charruas e Castelhanas
Vertentes Vivas da Raça!

A mimosa curvatura
Desse teu corpo moreno
É o pago em ponto pequeno
Feito com arte divina,
E o teu colo que se empina
Quando suspiras com ânsia
São dois cerros na distância
Cobertos pela neblina.

Quem não te adora o cabelo
mais negro que o picumã?
E essa boca de romã
Nascida para o afago,
Como que a pedir um trago
Desse licor proibido
Que o índio bebe escondido
Desde a formação do Pago?

Pra mim tu pealaste os anjos
Na armada do teu sorriso,
Fugindo do Paraíso,
Para esta campanha agreste,
E nalgum ritual campestre,
Por força do teu encanto,
Transformaste o pago santo
Num paraíso terrestre!

Jayme Caetano Braun



 

POEMAS POESIAS VERSOS

Saudade do vento minuano , soprando , ecoando pelo pampa e coxilhas
Saudade do frio, da comida gostosa que nesta época tem mais sabor
Tomar um chimarrão com gosto, pinhão na chapa do fogão a lenha
Reunir as pessoas que amamos envolta de uma lareira, ou uma fogueira, conversas confidencias
Saudade do frio que acolhe,
Saudade do abraço do gauderio, dos pelegos
Saudade do frio que aquece nossa alma de gaúcho.
Gilmara Alves

 

Proseando recuerdos

Com calma chego apezito
Faço visita ao amigo
No rancho teu vou chegando
Peço licença e bombeio
No canto da sala tem um cepo veio
É nele que vou me abancando
Boleio o pito na boca
De um lado pro outro
Assim meio de qualquer jeito
É lambido mesmo, eu não me aperto
Comprei na venda aqui perto
Onde perdi dez pila no truco
Bobagens de aprendiz
Também não sei porque conto
Essas tranqueiras pra ti
Talvez me sinta a vontade
Depois de uma boa conversa
Onde mateio contigo
Na volta do fogo de chão
Bem no meio do galpão
Vamos proseando e bebendo
Nossas histórias
Outra vez ...

Marcelo Batista

 

Pela ânsia de retornar

Que é que há cá no peito
Que dá um aperto e faz chorar?
Sinto: não há mais jeito
O meu destino é retornar
A razão hei de lhe explicar:
É que por ser, ao pago, afeito
As raízes, lá, vão se plantar
Aprumo a mala, parto e’stá feito!

Pelo motivo das mateadas
Antes que o sol se deite
Pelo frescor da madrugada
Que traz no vento o deleite
E no quadro do céu o enfeite
- a boieira iluminada –
Pra que o coração se ajeite
Eu, hoje, pego a estrada

Pelo motivo das tuas flores
Que eu tanto deslumbrei
Por todos os meus amores
Que chorando eu deixei
Mas, enfim, eu retornei
“Vejam senhoras e senhores,
estou de volta, cheguei!
E dou adeus às minhas dores”

Que é que havia no peito
Que tanto me fazia chorar?
Agora sim, eu tomei jeito
Sempre hei de retornar
E não me canso de explicar:
É que sou, a esse pago, afeito
Minh’alma aqui vai se plantar
Aprumo a mala, mas volto! Feito?

João de Borba

 

Mulher dos pampas
No Som da voz que falo; Sotaque do meu estado
Lenço, bombacha e espora; Retrato da minha história
Terra de muitas lutas; É o que todos falam
Tenho orgulho dessa terra; Sou mulher e sou gaúcha

Cristiano Linhares Fernandes

 

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