Blog dos Livros
Humor e originalidade
Escrito pelos irmãos Grimm, “O alfaiate valente” (48 páginas, R$ 57,00) foi publicado originalmente no século XIX, na coletânea “Contos maravilhosos infantis e domésticos.” Mas os temas da história permanecem atuais para o público infantil: ingenuidade, esperteza, valentia e um certo golpe de sorte. O clássico da literatura infanto-juvenil chega aos leitores brasileiros no reconto da premiada escritora Ana Maria Machado, em lançamento da FTD Educação. Para criar uma versão repleta de humor e originalidade, a autora buscou uma voz própria e muita originalidade nas memórias afetivas da infância.
Recomendado para leitores a partir da educação infantil, o texto apresenta ainda informações sobre a produção de tecidos e o ofício de alfaiate, uma profissão pouco conhecida pelas crianças de hoje.
Como nas histórias clássicas para crianças, o enredo se passa em um mundo encantado, em que há gigantes. É nele que o alfaiate João vive uma grande aventura. Quando ele mata sete moscas que sobrevoam seu lanche, orgulhoso do feito, confecciona um cinto bordado com a seguinte frase: “De um golpe, matei sete.”
Ao ver João com o cinto, os moradores da aldeia acham o fato engraçado, porque sabem que, na verdade, ele só matou sete insetos. Magoado, o alfaiate resolve correr mundo, mas mal sabe que logo vai precisar de muita valentia e esperteza para enfrentar dois gigantes terríveis e provar quanto sua inteligência e coragem são grandes de verdade.
As ilustrações são de Bruno Nunes, que surpreendem ao contar a história nos detalhes, nas cores e no ângulo inusitado das cenas. A parceria entre a escritora e o ilustrador começou em 2013, quando Nunes ilustrou outro livro de Ana Maria Machado (“O pavão do abre e fecha”).
Ana Maria Machado é autora de mais de 100 livros e sua obra já foi traduzida em 28 países. Ganhadora de muitos prêmios, em 2000 recebeu o Hans Christian Andersen, considerado o Nobel da literatura infantil; em 2001, o Machado de Assis, maior prêmio literário nacional; e, em 2010, o prêmio Príncipe Claus, da Holanda, concedido a artistas e intelectuais de reconhecida contribuição nos campos da cultura e do desenvolvimento. Desde 2003, integra a Academia Brasileira de Letras.
Trecho:
“Ficou bem atento e, durante o jantar, reparou que os dois gostavam de beber. Se esse era o ponto fraco deles, ia aproveitar bem. A toda hora, enchia de novo de vinho as canecas dos irmãos, até que notou que já estavam bem grogues, falando enrolado e com cara de sono. De sua parte, teve o cuidado de só beber água.”
(página 31)
TERROR BRASILEIRO
Reunindo 27 narrativas brasileiras de terror escritas ao longo de 60 anos, “Tênebra: Narrativas brasileiras de horror” (Editora Fósforo, 456 páginas, R$ 89,90) mostra que a ficção do século 19 não se restringiu ao romantismo, ao realismo e a outros movimentos da historiografia literária tradicional. São contos que se mantiveram ocultos pela crítica, embora os autores sejam conhecidos, como Machado de Assis, Olavo Bilac, Júlia Lopes de Almeida e Aluísio de Azevedo, entre outros. Os organizadores são Júlio França e Oscar Nestarez.
400 MIL NO PRIMEIRO DIA
Na quarta-feira, dia onze de janeiro, foi lançado no mundo inteiro o livro de memórias do príncipe Harry, “O que sobra,” e só no Reino Unido, no primeiro dia, foram vendidas 400 mil cópias, entre livros físicos, e-books e audiolivros. A obra foi publicada simultaneamente em 16 línguas do mundo todo, incluindo o Brasil, onde saiu pela Editora Companhia das Letras.
Leituras:
“Justificar tragédias como “vontade divina” livra da gente a responsabilidade por nossas escolhas.”
(Umberto Eco (1932-2016), escritor, filósofo, semiólogo, linguista e bibliófilo italiano de fama internacional, autor, entre outras, de obras consagradas como “O nome da rosa” e “O pêndulo de Foucault.”).
Destaques:
A COR QUE CAIU DO ESPAÇO
Autor: H. P. Lovecraft
Esta narrativa foi escrita em 1927 e se passa no modesto vilarejo de Arkham, onde a queda de um misterioso meteoro afeta todo tipo de vida no solo local com uma luz cromática tenebrosa, criando pânico entre os moradores da região. Esse e outros contos fantásticos presentes nesta obra expressam a criatividade e maestria de H. P. Lovecraft, considerado o “pai do horror cósmico.” Nascido em 20 de agosto de 1890 em Providence, em Rhode Island, Estados Unidos, Lovecraft foi eternizado como mestre da linguagem de terror, com trabalhos que demonstravam fenômenos aterrorizantes a partir dos quais a fantasia mórbida assumia características nunca antes vistas neste gênero.
Editora Camelot. 144 páginas. R$ 29,90.
FILHO DE JESUS
Autor: Denis Johnson
Publicado originalmente em 1942, este livro consagrou Denis Johnson, ele um sobrevivente do alcoolismo e do vício. Narrados por um personagem anônimo que participa da ação o tempo todo, os contos são povoados de seres à deriva, em uma dura e cinzenta realidade dos anti-heróis delirantes, em que ninguém se recupera nem ressuscita ao final. A obra é fundamental da literatura estadunidense do final do século XX e mostra o outro lado do sonho americano. Denis Johnson nasceu em 1949, na Alemanha, e morreu em 2017, nos Estados Unidos. É autor de coletânea de contos e poemas, peças de teatro e romances.
Editora Todavia. 112 páginas. R$ 59,90.
(As obras apontadas no Blog dos Livros podem ser encontradas junto à Revistaria e Livraria Nascente, na Rua Saldanha Marinho, 1423, Cachoeira do Sul)
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