O que é o passe
O passe, à luz da Doutrina Espírita, é uma transmissão de energias fluídicas de uma pessoa, conhecida como médium passista, a outra pessoa que as recebe, em clima de prece, com a assistência dos Espíritos Superiores. É a doação ou esforço de transmitir, para um outro indivíduo, energias magnéticas, próprias ou de um Espírito, a fim de socorrer-lhe a carência física e/ou mental, que decorre da falta dessa energia.

No livro “O Consolador”, Emmanuel nos apresenta seu conceito: “Assim como a transfusão de sangue representa uma renovação das forças físicas, o passe é uma transfusão de energias psíquicas, com a diferença de que os recursos orgânicos são retirados de um reservatório limitado, e os elementos psíquicos o são do reservatório ilimitado das forças espirituais”.

Finalidade e tipos de passes
A aplicação do passe tem como finalidade auxiliar a recuperação de desarmonias físicas e psíquicas, substituindo os fluidos deletérios por fluidos benéficos; equilibrar o funcionamento de células e tecidos lesados; promover a harmonização do funcionamento de estrutura neurológicas que garantem o estado de lucidez mental e intelectual do indivíduo. A transmissão e a recepção do passe guarda relação com o poder da vontade de quem doa as energias benéficas e de quem as recebe.

Existem três tipos de passe: o passe magnético, em que o próprio agente transfere de si fluido vital ao doente; o passe espiritual, que é transmitido pelos Espíritos, sem o concurso do médium; e o passe misto, em que o encarnado, rogando auxílio dos benfeitores, é por eles auxiliado em favor do beneficiado.

Origem do passe
O ato de usar a imposição das mãos para ajudar em enfermidades visíveis ou não-visíveis acontece desde os tempos mais primitivos da humanidade. Nas localidades do Antigo Testamento, como Índia, Egito Antigo e Roma Antiga, além de muitas outras regiões e épocas diferentes, se encontram evidências da utilização de diferentes formas de passe magnético. Porém, quem se aprofundou nesta técnica ativamente pela primeira vez foi o médico e estudioso Franz Anton Mesmer, no Século XVIII, antes mesmo de Allan Kardec codificar o Espiritismo.

A esta técnica, Mesmer deu o nome “Magnetismo Animal”. Em seus artigos, ele falava sobre a existência de uma força magnética que, através de fluídos energéticos, poderia proporcionar tratamento terapêutico. A técnica tomou a forma que conhecemos hoje quando Allan Kardec entrou em contato com os estudos de Mesmer. Kardec, que estudava, entre tantos outros assuntos, formas de como o Espiritismo poderia ajudar na cura, viu fatores em comum entre as energias espirituais e a técnica do “Magnetismo Animal”, assim dedicando-se a praticar, estudar e observar as diversas formas de aplicação desta energia.

Como funciona o passe espírita
O passe começa a partir do momento que a pessoa que irá transmitir a energia se conecta aos Benfeitores Espirituais e pede a assistência na condução dos fluídos positivos até quem está buscando o passe. Quando a pessoa começa a receber a energia do médium, que estará em contato direto com os espíritos, sua mente precisa encontrar-se relaxada e principalmente com os sentimentos livres e elevados para recepção. 

Para que o passe tenha resultado positivo, deve-se levar em conta as qualidades do médium passista (pessoa preparada, que realizou estudos e que se coloca disponível para tarefa com amor), o merecimento de quem o recebe (Lei de Ação e Reação) e receptividade de quem está sendo beneficiado, daí a importância da atitude mental positiva de cada um dos receptores na disposição de mudar certos hábitos negativos e formando uma imagem bonita, que eleve os sentimentos e pensamentos em prece, rogando o amparo necessário.

Passe coletivo e individual
Quando entramos na casa espírita, somos recebidos pela equipe espiritual desta casa. Ali sentados, enquanto ouvimos a palestra, eles nos analisam para conhecerem as nossas necessidades e como poderão nos auxiliar durante o passe coletivo. Muitos de nós viemos acompanhados de irmãos desencarnados. Alguns, impermeáveis a qualquer tipo de mudança, permanecem do lado de fora, outros entram conosco, os que estão ligados a nós por afinidades e que já estão em condições de aprender e se melhorar. Após a palestra são realizados os passes, onde o passista fará uma prece e a equipe espiritual estará junto de cada um que ali se encontra, tanto encarnado como desencarnado, auxiliando com energias salutares e de acordo com sua necessidade.

O passe individual é destinado a quem se encontra realmente necessitado (doenças, obsessões, em desequilíbrio emocional ou realizando tratamento espiritual). Nele há a atuação de um médium passista e a doação do fluido vital, restabelecendo as energias físicas e mentais do beneficiado. 

Passe com Jesus
Jesus com frequência aplicava passes: impondo as mãos sobre os meninos (Mateus 19:15), na sogra de Pedro (Mateus 8:15), num leproso (Marcos 1:14), em numerosos enfermos (Lucas 4:40) e, por sua recomendação, assim também fizeram os apóstolos e os discípulos.

 Para o passista, o passe é, acima de tudo, sublime oportunidade de trabalho em que o cooperador dedicado muito pode fazer na extensão do bem, atuando com o auxílio dos Benfeitores Espirituais e no caminho reto exemplificado por Jesus.

 A atitude íntima do passista e do assistido deve ser sempre a de confiança em Deus, desejo de ajudar e melhorar e serenidade para bem assimilar os recursos recebidos do alto. Também em nossa vida diária devemos permitir o amparo dos Espíritos Benfeitores, tendo o hábito da prece, da meditação e do trabalho no bem.

XAVIER, Francisco Cândido - Emmanuel – O Consolador.
KARDEC, Allan. "O Livro dos Espíritos”; “A Gênese".
Federação Espírita Brasileira (FEB). “Orientação ao centro espírita - o passe espírita”.