Blog da Poesia
Vozes Femininas
A produção literária sempre contou com a participação feminina, apesar de nem sempre associarmos as mulheres a poesia brasileira. Quando falamos em poetas, alguns nomes surgem de imediato, quase que instantaneamente, entre os quais, Carlos Drummond de Andrade, Mário Quintana, Vinicius de Moraes, Castro Alves, Augusto dos Anjos, entre outros tantos. Contudo é relevante e inusitado observar a predominância histórica masculina no cenário literário. Lygia Fagundes Telles, Cecília Meirelles, Hilda Hilst, Adélia Prado, Cora Coralina e Lya Luft são apenas algumas das muitas escritoras relevantes que obtiveram êxito e destaque na poesia e literatura tupiniquim. À margem de nomes e textos consagrados e conhecidos também encontramos outras autoras tão interessante quanto; Conceição Evaristo, Ana Cristina César, Francisca Júlia, Gilka Machado e Tatiana Belinky... Este post do blog retrata a poesia nas vozes femininas e reflete intrinsecamente sobre a igualdade de gêneros e as garantias sociais, o acesso a cultura, a educação e a informação, entre outras questões pertinentes. No mês das mulheres felicitações e deferências para todas elas; amigas, filhas, irmãs, tias, esposas, mães, avós...
QUANDO CHEGAR
Quando chegar aos 30
serei uma mulher de verdade
nem Amélia nem ninguém
um belo futuro pela frente
e um pouco mais de calma talvez
e quando chegar aos 50
serei livre, linda e forte
terei gente boa ao lado
saberei um pouco mais do amor
e da vida quem sabe
e quando chegar aos 90
já sem força, sem futuro, sem idade
vou fazer uma festa de prazer
convidar todos que amei
registrar tudo que sei
e morrer de saudade.
Martha Medeiros
Olhos apressados percorrem as esquinas do corpo
E o corpo curvado encara o chão.
Nós apertados, prendem o corpo,
Mãos pesadas machucam o corpo;
Palavras, a alma.
Nas casas arrumadas, cabeças bagunçadas
Vozes exaltadas silenciam o grito
Competição!
Beleza? é um fardo!
Os lobos pensam a presa,
Os homens, a sobremesa
Olhos que desejam
Olhos que julgam
Olhos que anulam.
Vozes que lutam, pelas vozes caladas
Se lhe pareço livre demais, olhe novamente ela diz
A voz de muitas nos enlaça sem apertar...
De todas as cores,
com todos amores, sabores
As dores e o desejos
Liberdade!
Respeito!
Silenciosamente de forma inaudível
O lápis sussurra estas palavras ao papel
E ele chora
Cada verso, uma tentativa absurda
De fingir ser poeta pra fugir da realidade
Não se calem as vozes
Onde houver posse sobre o nosso existir.
Pois enquanto meu lamento vira poesia,
O de muitas, vira pó
Morena Silvestris
Notas sobre ela
desde pequena
disseram para ela ser Amélia
e ela foi... Capitu.
Zack Magiezi
Mulheres
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