Blog dos Espíritos

A vida e a morte

17/07/2023 11:30 - por Rosane Sacilotto

Em relação ao princípio vital
No Capítulo IV de O Livro dos Espíritos, Allan Kardec formula aos espíritos da codificação as perguntas de número 68 a 70 para compreender o significado de vida e morte. Apesar da discussão sobre a vida e a morte poder ser desenvolvida sob variados aspectos, deve-se ter em mente que o estudo proposto por Allan Kardec em torno do tema nas perguntas acima indicadas tinha como pano de fundo a sua relação com o princípio vital.

É nesse contexto que Allan Kardec questiona aos espíritos superiores, na pergunta 68, qual a causa da morte dos seres orgânicos, ao que eles respondem que seria pelo esgotamento dos órgãos, afirmando ser possível comparar a morte à cessação do movimento de uma máquina desorganizada, pois, “(…) se a máquina está mal montada, cessa o movimento; se o corpo está enfermo, a vida se extingue”.

A vida física depende, assim, da integridade, da harmonia e do ajuste da máquina orgânica, de modo que o seu desalinho poderá acarretar a morte do corpo, especialmente quando isso se dá em órgãos vitais, como o coração, que, apesar de sua importância, é apenas mais uma das peças essenciais do corpo humano, como esclarecem os espíritos da codificação na pergunta de número 69 da mesma obra.

 Ocorrendo a morte, a matéria inerte se decomporá, originando novos organismos, e o fluido vital, como ensinam os espíritos superiores na pergunta 70, volta à origem de onde saiu, completando, assim, o ciclo contínuo da vida.

Acrescentando ainda uma nota explicativa ao tema, Allan Kardec complementa: “Morto o ser orgânico, os elementos que o compõem sofrem novas combinações, de que resultam novos seres, os quais haurem na fonte universal o princípio da vida e da atividade, o absorvem e assimilam para novamente restituírem a essa fonte, quando deixam de existir. Os órgãos se impregnam, por assim dizer, desse fluido vital e esse fluido dá a todas as partes do organismo uma atividade que as põe em comunicação entre si, nos casos de certas lesões, e normaliza as funções momentaneamente perturbadas.

Mas, quando os elementos essenciais ao funcionamento dos órgãos estão destruídos, ou muito profundamente alterados, o fluido vital se torna impotente para lhes transmitir o movimento da vida, e o ser morre. Mais ou menos necessariamente, os órgãos reagem uns sobre os outros, resultando essa ação recíproca da harmonia do conjunto por eles formado. Destruída que seja, por uma causa qualquer, esta harmonia, o funcionamento deles cessa, como o movimento da máquina cujas peças principais se desarranjam”.

Sob este aspecto, Emmanuel nos elucida: “Desencarnar é como mudar de plano, como alguém que se transferisse de uma cidade para outra, aí no mundo, sem que o fato lhe altere as enfermidades ou as virtudes com a simples modificação dos aspectos exteriores” (O Consolador).

A vida transitória e a verdadeira
Ainda nas obras da Codificação, vamos encontrar no Evangelho Segundo o Espiritismo distinção perfeita entre a vida verdadeira e a vida física e transitória: “A vida espiritual é, realmente, a verdadeira vida, é a vida normal do Espírito; sua existência terrestre é transitória e passageira, espécie de morte, se comparada ao esplendor e atividade da vida espiritual. O corpo não passa de vestimenta grosseira que reveste temporariamente o Espírito, verdadeiro grilhão que o prende à gleba terrena, do qual ele se sente feliz em libertar-se”.

Em complemento a este trecho, há outro presente em A Gênese que vem elucidar o tema com bastante clareza: “Com a reencarnação, o perispírito achava-se enraizado nas moléculas do corpo físico. Ocorrendo a desencarnação, (...) o perispírito se desprende, molécula a molécula, conforme se unira (na reencarnação) e o Espírito é restituído à liberdade. Assim, não é a partida do Espírito que causa a morte do corpo; esta é que determina a partida do Espírito”.

Assim, em termos de conclusão, temos que a vida, entendida como existência do Espírito, é eterna. Porém, a vida do corpo orgânico é limitada e o seu esgotamento, que pode se dar por causas diversas, acarreta a morte, tendo como reflexo a desencarnação, que será mais rápida ou demorada, serena ou conturbada, a depender da maneira como tivermos utilizado o nosso livre-arbítrio e de como tivermos aproveitado a bendita oportunidade da reencarnação.

XAVIER, Francisco Cândido (Emmanuel) – “O Consolador”.
KARDEC, Allan – “O Livro dos Espíritos”, “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, “A Gênese”.

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