Blog dos Espíritos

A minha paz vos dou

02/01/2023 09:04 - por Eleni Maria Machado

“A paz vos deixo, a minha paz vos dou; não vo-la dou como o mundo a dá” – Jesus (João, 14:27).

Evidencia-se que a paz do Cristo é muito diferente da paz do mundo. Porém, para entendermos o significado da paz do Cristo, torna-se necessário refletir sobre o que habitualmente se concebe por paz.

Os dicionários fornecem inúmeros significados para esse vocábulo: ausência de guerra, descanso e silêncio. Mas o descanso e o silêncio, por si sós, não significam necessariamente algo bom, neles pode estar contida a conivência, a preguiça, a opressão ou o descaso.

Já a paz do Cristo constitui decorrência lógica da vivência de Seus ensinamentos. Afinal, o mestre afirmou que não basta dizer “Senhor! Senhor!” Para entrar no reino dos céus. É necessário efetivamente realizar a vontade do pai celestial. Essa vontade encontra-se explícita nas palavras e nos exemplos de Jesus, nos ensinamentos que nos deixou durante a sua passagem por este planeta.

O céu a que se refere o Cristo não é um local determinado no espaço. Trata-se de um estado de consciência em harmonia com as leis divinas.

A paz do Cristo não se identifica com a inércia. É um sublime estado de consciência, feito de serenidade e harmonia. É um profundo silêncio interior, que não depende das ocorrências do mundo. Essa paz somente pode ser desfrutada por quem ama o progresso e trabalha efetivamente no bem. Ela é muito trabalhosa e operante. Reflete o estado de quem pode observar com tranquilidade os próprios atos. Só se sente assim quem cumpre seu dever. Não é um presente, mas uma conquista. O seu gozo pressupõe esforço em burilar o próprio caráter, em crescer em entendimento e compreensão.

Apenas se pacifica quem procura desenvolver seus talentos pelo estudo e o trabalho constantes e utiliza seus talentos na criação de um mundo melhor.

A paz do Cristo está à disposição de todos. Mas só a desfruta quem pratica a lei de justiça, amor e caridade, estabelecida por Deus para a harmonia da criação.

No Sermão da Montanha, Jesus nos afirma: “Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus”.

É importante penetrarmos na essência dos ensinamentos do Cristo, pois, nem sempre os que falam de paz conseguem, efetivamente, semear a paz. Os primeiros restringem-se ao discurso, à simples intenção, os segundos põem em prática ações que conduzem à paz, individual e coletiva. Falar sobre a paz já é um passo, mas o melhor é vivenciá-la. Assim, os pacificadores não são somente os dotados de natureza pacífica, nem os que aceitam a paz sem protesto ou que preferem a paz ao desacordo, nem os que têm paz na alma, e nem os que amam a paz, mas sim aqueles que promovem ativamente a paz e procuram estabelecer a harmonia entre inimigos.

A vivência da paz é processo de aprendizagem gradual, em que se procura unir a teoria à prática. Somente assim, pelo exercício cotidiano da cultura da paz, a alma humana aprende a se desprender das ilusões geradas pelo sentimento de posse, tão estimulados pela sociedade materialista e imediatista, que considera apenas o aqui e o agora.

A mensagem de Cristo, consubstanciada em seu Evangelho, tem o poder de despertar o homem da hipnose que ele se encontra mergulhado há milênios, geradora de choques e entrechoques de entendimentos, alguns de grande magnitude, como as guerras. 

Os pacificadores são assim denominados porque pregam e cultivam a paz entre os homens como norma de vida. Somente assim serão chamados filhos de Deus, porque cumprem naturalmente os desígnios divinos, sem desânimos, revoltas ou sentimentos negativos. Esforçam-se para pôr em prática a Lei de Amor expressa na vivência da caridade, cujo verdadeiro sentido, tal como Jesus entendia, é assim ensinada pelos Espíritos orientadores: “Benevolência para com todos, indulgência para as imperfeições dos outros, perdão às ofensas”.

Emmanuel, na obra “Ceifa de luz”, nos sugere como podemos desenvolver a cultura da paz, transformando-nos em pessoas pacificadoras e bem-aventuradas:
- Respeitar as opiniões alheias como desejamos seja mantido o respeito dos outros para com as nossas;
- Colocar-nos na posição dos companheiros em dificuldades, a fim de que lhes saibamos ser úteis;
- Calar referências impróprias ou destrutivas;
- Reconhecer que as nossas dores e provações não são diferentes daquelas que visitam o coração do próximo;
- Consagrar-nos ao cumprimento das próprias obrigações;
- Fazer de cada ocasião a melhor oportunidade de cooperar em benefício dos semelhantes;
- Melhorar-nos, através do trabalho e do estudo, seja onde for;
- Cultivar o prazer de servir;
- Semear o amor, por toda parte, entre amigos e inimigos;
- Jamais duvidar da vitória do bem.

“Ceifa de luz”, Emmanuel, psicografado por Chico Xavier; “O Evangelho Segundo o Espiritismo”; “O Livro dos Espíritos”; “O Novo Testamento”.

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