Conceituando a prece
A Doutrina Espírita, codificada por Allan Kardec, nos ensina que a prece é um ato de ligação com o Criador. No Evangelho Segundo o Espiritismo, capítulo XXVII, intitulado “Pedi e Obtereis”, encontramos o seguinte ensinamento: “A prece é uma invocação; por ela o homem entra, pelo pensamento, em comunicação com o ser a quem se dirige”.

Essa definição simples nos revela algo profundo: ao orar, estabelecemos uma ponte entre nós e os planos superiores da vida. E essa ponte é feita não de palavras bonitas ou fórmulas decoradas, mas da sinceridade, da fé e da humildade com que falamos com Deus.

Objetivos da prece 
A prece tem três objetivos principais: louvar, pedir e agradecer.

- Louvar, quando reconhecemos a grandeza divina e nos sentimos parte do todo, em humildade e reverência;
- Pedir, não de forma egoísta, mas buscando força, discernimento, coragem e paz;
- Agradecer, pois tudo o que recebemos — alegrias ou desafios — tem um propósito na caminhada evolutiva do Espírito.

Muitas vezes perguntamos: “Por que orar, se Deus já sabe tudo?”. A resposta é clara: a prece não existe para mudar a vontade de Deus, mas para nos modificar internamente.

Ela eleva nossa vibração, nos coloca em sintonia com os Espíritos superiores e nos abre ao amparo que muitas vezes está ao nosso redor, mas que não percebemos quando estamos mergulhados na aflição.

O poder da prece nas dificuldades
A prece é o recurso mais acessível que temos. Não exige tempo marcado, nem lugar específico. Basta o pensamento sincero e o coração voltado para o alto.

O Espírito Emmanuel, através de Chico Xavier, afirma: “A prece é luz no caminho, é alimento da alma, é remédio para os males invisíveis”.

Nas horas difíceis, a oração nos acalma, orienta e, muitas vezes, é o que nos impede de cair no desespero. Quantas vezes, ao orarmos, não sentimos uma leveza, um alívio, como se alguém tivesse nos abraçado no silêncio da alma? Essa é a presença dos nossos amigos espirituais, que se aproximam quando oramos com fé.

A prece intercessória 
Outra dimensão essencial da prece é a intercessão. Quando oramos por alguém, estamos enviando vibrações de amor e luz a essa pessoa. Os Espíritos nos dizem que essas vibrações chegam, seja ela encarnada ou desencarnada, como um bálsamo, como um sopro de esperança.

Nunca podemos subestimar o poder de uma prece feita por alguém que sofre. Às vezes, não podemos ajudar materialmente, mas sempre podemos ajudar espiritualmente.

O modelo de prece
Jesus nos deixou o modelo de oração perfeita: o Pai Nosso. Mas não é necessário repetir palavras decoradas para que a prece seja eficaz. Allan Kardec nos orienta que o que importa é a intenção. A prece deve nascer do coração.

É claro que as orações conhecidas, como o próprio Pai Nosso, têm força vibratória e valor, especialmente quando compreendidas em seu significado profundo. Mas uma simples conversa com Deus, com nossos protetores espirituais, feita com sinceridade e entrega, vale muito mais do que palavras rebuscadas sem sentimento.

Orar sempre
Jesus nos disse: “Vigiai e orai para não cairdes em tentação”. A oração é a chave que abre o coração à luz. Nos ajuda a manter o equilíbrio, a paciência e a fé.

Que possamos cultivar o hábito da prece. Ao acordar, antes de dormir, nos momentos de alegria ou tristeza, na solidão ou em família — que a oração esteja presente em nossa rotina como um alimento indispensável da alma. Porque quem ora nunca está só.

KARDEC, Allan - O Evangelho Segundo o Espiritismo.
XAVIER, Francisco Cândido – Emmanuel – O Consolador.