Blog dos Espíritos

Adoção à luz da Doutrina Espírita

06/02/2023 10:10 - por Rosane Sacilotto

O nobre instituto da adoção não é novo. Moisés foi salvo das águas e cresceu no palácio, adotado pela filha do faraó, cuja caridade fraterna o recolhera. Ali adquiriu os conhecimentos iniciáticos e primorosa educação, preparando-se para libertar o povo hebreu do jugo egípcio e receber os Dez Mandamentos, legando à posteridade a base de toda a justiça do mundo, na grande jornada em busca da Terra Prometida.

Jesus, na hora extrema da cruz, ao ver a sua mãe e, de pé ao seu lado, o discípulo João, diz à mãe: “Mulher, eis o teu filho”. A seguir, diz ao discípulo: “Eis a tua mãe”. Desde aquela hora, o discípulo a recebeu em sua própria casa. Jesus entregou um ao outro, num gesto simbólico de adoção, para que não lhes faltasse o amparo mútuo. E Maria cuidou de João, e João cuidou de Maria, até a sua morte.

ADOÇÃO E PLANEJAMENTO REENCARNATÓRIO

O planejamento para a formação de uma família, dentre outras coisas, é algo que se desenvolve no plano espiritual, nada ocorrendo por acaso ou sem um fim útil para os envolvidos, de modo que assim como os filhos biológicos são companheiros nossos de vidas pretéritas, os filhos adotivos também.

A Doutrina Espírita oferece um melhor entendimento no tocante ao tema adoção, demonstrando que toda dificuldade, principalmente aquela não decorrente de nossas atitudes na vida presente, resultam de ações realizadas em vidas passadas. Assim, há grande probabilidade de a criança em estado de abandono ser um Espírito vivenciando uma situação de resgate, de prova, bem como a família que a recebe, especialmente aquelas que não podem ter filhos naturais. O amor e a misericórdia de Deus são infinitos, dando uma nova oportunidade para seus filhos recomeçarem, através da reencarnação, sendo a adoção uma ocasião para que os envolvidos aprendam e vivenciem a Lei de Deus, cumprindo a Lei de Causa e Efeito. 

Sem dúvida, quando se adota uma criança, estamos acolhendo em nossa família um coração ligado a nós de vidas anteriores e que, agora, tem a chance de retornar ao nosso convívio para um crescimento mútuo. Os pais precisarão de maior desprendimento, aceitação e amor, para ver naquele Espírito um ser merecedor do mesmo carinho e atenção dos filhos biológicos.

DOAÇÃO E AMOR INCONDICIONAL

Para o Espiritismo, a adoção não é apenas um dever social, ou constitucional.  É mais que isso. É exercício de amor incondicional. É o “deixai vir a mim os pequeninos”, numa das suas acepções mais profundas. Quem adota, o faz por amor e doa-se por abnegação.

Há muitas famílias com espaço físico em casa e suficiente dose de amor para abrigar mais um. Famílias maravilhosas que podem servir como referência positiva. O filho adotivo é um Espírito que sempre vem para nos trazer felicidade. Pode ser que venha para promover ajustes conosco, mas, mesmo nesse caso, será motivo de alegria poder reencontrá-lo. A Espiritualidade procura, nos corações generosos da Terra, a oportunidade de encaminhar o filho que vem pela via da adoção.

O mentor Emmanuel nos fala, na mensagem Filhos Adotivos:

“Muitos de nós, nas estâncias do pretérito, teremos pisoteado os corações afetuosos que nos acolheram em casa, seja escravizando-os aos nossos caprichos ou apunhalando-lhes a alma a golpes de ingratidão. Desacreditando-lhes os esforços e dilapidando-lhes as energias, quase sempre lhes impusemos aflição por reconforto, a exigir-lhes sacrifícios incessantes até que lhes ofertamos a morte em sofrimento pelo berço que nos deram em flores de esperança.

Um dia, no entanto, desembarcados no Mais Além, percebemos a extensão de nossos erros e, de consciência desperta, lastimamos as próprias faltas.

Corre o tempo e, quando aqueles mesmos Espíritos queridos que nos serviram de pais retornam à Terra em alegre comunhão afetiva, ansiamos retomar-lhes o calor da ternura, mas, nesse passo da experiência, os princípios da reencarnação, em muitas circunstâncias, tão somente nos permitem desfrutar-lhes a convivência na posição de filhos alheios, a fim de aprendermos a entesourar o amor verdadeiro nos alicerces da humildade”.

Não há nada que gratifique mais uma pessoa que adota do que a certeza de que no mandamento amar ao próximo como a si mesmo estão abrangidos o ato de transmitir valores positivos, servir como referência a uma infância esquecida, ajudar um adolescente a adquirir autonomia, dar amor e limites, enfrentar os desafios de uma paternidade como outra qualquer.

Concretizada a adoção, não existe mais filho adotivo ou pais adotivos. São simplesmente filho e pais. Contar-lhe, porém, a verdade, de forma natural, sem receio de perdê-lo, é o que Emmanuel recomenda:

“E se tens na Terra filhos por adoção, habitua-te a dialogar com eles, tão cedo quanto possível, para que se desenvolvam no plano físico sob o conhecimento da verdade. Auxilia-os a reconhecer, desde cedo, que são agora teus filhos do coração, buscando reajustamento afetivo no lar, a fim de que não sejam traumatizados na idade adulta por revelações à base de violência, em que frequentemente se lhes acordam no ser as labaredas da afeição possessiva de outras épocas, em forma de ciúme e revolta, inveja e desesperação.

Efetivamente, amas aos filhos adotivos com a mesma abnegação com que te empenhas a construir a felicidade dos rebentos do próprio sangue. Entretanto, não lhes ocultes a realidade da própria situação para que não te oponhas à Lei de Causa e Efeito que os trouxe de novo ao teu convívio, a fim de olvidarem os desequilíbrios passionais que lhes marcavam a conduta em outro tempo”.

A lista de crianças que esperam ser adotadas é grande. Muitas famílias têm preferência de cor, idade e gênero. Entretanto, o amor que o ato de adotar traz deve ser puro e livre de quaisquer preconceitos e exigências.

Dados do Sistema Nacional de Acolhimentos (SNA), indicam que mais de 30 mil crianças e adolescentes estão em situação de acolhimento. Deste total, mais de 5.000 mil estão aptas a serem adotadas. Se quiser saber mais sobre adoção, procure a Vara da Infância e Juventude e informe-se.

Como ensina Joanna de Ângelis, “o amor é um tesouro que, quanto mais se divide, mais se multiplica, e se  enriquece à medida que se reparte”.

KARDEC, Allan - “O Evangelho Segundo o Espiritismo”; “O Livro dos Espíritos”.

XAVIER, Francisco Cândido (Emmanuel) – “A caminho da luz”.

FRANCO, Divaldo Pereira (Joanna de Ângelis e outros espíritos) – “SOS família”; “Amor, imbatível amor”.

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