Já estamos em 2024

Chico Xavier, dentre inúmeras lições de sabedoria que nos deixou, disse certa vez: "Deus nos concede, a cada dia, uma página de vida nova no livro do tempo. Aquilo que colocarmos nela, corre por nossa conta". O ano de 2024 já começou e ganhamos 366 páginas novinhas para escrevermos nossa história, pois esse ano é bissexto, então, teremos um dia a mais.

Passamos em revista todo a ano de 2023 e anteriores, sabemos tudo aquilo que gostaríamos de mudar ou melhorar, então é chegada a hora de colocar em prática todas as nossas resoluções de ano novo, tudo aquilo que prometemos e planejamos.
Não temos mais tempo a perder, cada novo dia que amanhece estamos desperdiçando se ainda esperamos que as coisas acontecam sozinhas. Nós somos os agentes da nossa própria mudança, da nossa evolução.

Somente nós possuímos a caneta capaz de escrever nas páginas de nossa vida, então não cabe a ninguém mais decidir o que será escrito. Como vamos viver de hoje em diante? Seguiremos lamentando, questionando e murmurando ou vamos nos resignar de nossa condição ainda de aprendizes num mundo de provas e expiações e tentar fazer cada dia o nosso melhor? Sabemos que a semeadura é livre, mas não devemos nos esquecer que a colheita é obrigatória, e chegará a hora, mais cedo ou mais tarde.

Conhece-te a ti mesmo

A Terra passa por uma grande mudança, está se encaminhando para se tornar um planeta de regeneração,  então chegada é a hora de também nos regenerarmos, de promovermos nossa reforma íntima, que nada mais é do que buscar conter e modificar as más tendências e tem o ponto de partida do ensinamento do famoso filósofo Sócrates, o “conhece-te a ti mesmo”, que para ele seria o princípio de uma vida mais equilibrada.

Conhecer a si mesmo é compreender as suas inclinações, ser honesto consigo mesmo, reconhecendo os pontos que precisam ser melhorados. Perceber os nossos sentimentos e nossas atitudes perante o nosso próximo e também conosco, buscando melhorar nossos pontos mais fracos. A reforma intima é o ponto chave da nossa evolução moral, pois somente conseguiremos evoluir quando começarmos a compreender, aceitar e melhorar os nossos maus hábitos, ainda dominados pelo orgulho, egoísmo, inveja, maldade e ignorância. 

Santo Agostinho, em resposta à questão 919 de “O Livro dos Espíritos”, nos deixa uma belíssima orientação, quando nos diz que uma forma de colocar em prática a reforma íntima é fazer o que ele fazia enquanto encarnado: ao deitar, avaliar todas as suas atividades, pensamentos e refletir se alguma atitude foi equivocada. Questionar se a atitude tomada seria repreensível se fosse realizada por outra pessoa e mais, “se aprouvesse a Deus me chamar neste momento, reentrando no mundo dos espíritos, onde nada é oculto, eu teria o que temer diante de alguém? (…) As respostas serão um repouso, para vossa consciência ou a indicação de um mal que é preciso curar”.

Se a nossa consciência ainda tem algo a nos repreender, devemos começar a mudança já. Obviamente o processo de melhorar-se é algo lento, que demanda muita reflexão e muita vontade. Nós somos agentes da nossa mudança e precisa partir de nós mesmos o desejo de reformar-se. É importante lembrar sempre de mais uma lição de Chico Xavier: “Ninguém pode voltar atrás e fazer um novo começo. Mas qualquer um pode recomeçar e fazer um novo fim”.

Todos nós recebemos a cada amanhecer mais uma dessas páginas em branco do livro da vida, que cabe a cada um de nós preencher. A decisão é sempre nossa. Sabemos que uma página não anula as demais, mas podemos sempre trabalhar para uma nova e melhor versão de nós mesmos, deixando registrado todo o esforço para que consigamos essa evolução. 

A receita de Emmanuel

O benfeitor espiritual Emmanuel, através da psicografia de Chico Xavier, vem coroar todas essas consideração com a receita para vivermos de maneira melhor, mais equilibrada e mais feliz: “Cada manhã na face da Terra é uma página em branco de que dispomos no livro da vida para fazer os melhores exercícios de elevação e bondade. Não te esqueças de que cada pessoa a cruzar-te o passo na trilha das horas, é uma oportunidade de construção espiritual.

Seja qual seja o motivo para desafeto, cultiva compreensão e amizade, observando que todo favor que possas prestar a benefício de alguém é uma chave que fabricas para a solução de teus problemas futuros. Por mais claras as razões que justifiquem esse ou aquele comentário infeliz, procura encaixar uma frase edificante no círculo das palavras rudes que estejam sendo pronunciadas.
Por muito que um companheiro te haja ofendido, não lhe negues tolerância. 

Abençoa-o com as tuas preces e gestos de auxílio, na convicção de que estás, com isso, levantando dispositivos de proteção a ti mesmo. Na atividade em que te encontras, faze mais do que o dever, porquanto o serviço extra, espontâneo e sem recompensa, em toda situação será sempre a tua mais alta pregação de virtude.

Repousa quando necessário, mas não transformes o descanso em ociosidade vazia. Começa de casa a execução dos conselhos salutares que ofereces ao próximo, aprendendo que é impossível ajudar a humanidade quando não saibamos entender e amparar algumas poucas pessoas, entre os limites da parentela.

Alia ação e oração, sustentando a felicidade dos outros, como queres que Deus concretize tua própria felicidade. E quando o dia terminar, agradece ao Senhor a ventura de haver engastado mais uma pérola do tempo em teu colar de realização. E, cerrando os olhos para o justo refazimento, guarda por teu maior prêmio a consciência tranquila, com a invariável disposição de viver, cada dia, reconhecendo que tudo na vida depende inteiramente de Deus, mas na certeza de que o trabalho, em tuas mãos, depende unicamente de ti”.
KARDEC, Allan – “O Livro dos Espíritos”.