Hipocrisia cultural
2º LUGAR ARTIGO
LUISA STOLE DUMKE
COLÉGIO SINODAL BARÃO DO RIO BRANCO
PROFESSORA ORIENTADORA: LIANE TATSCH
Nosso país, conhecido por sua multiplicidade cultural e sua riqueza histórica, seleciona quais classes podem pagar por "liberdade artística", mas quando o pobre expressa seus sentimentos por meio da arte é rotulado como vulgar e viril. Essa diferença simbólica podemos chamar de hipocrisia cultural. O funk, gênero musical criado nas periferias como meio para manifestar os preconceitos velados pela sociedade, acaba sendo alvo de uma sociedade conservadora e preconceituosa.
A marginalização do funk revela que não se limita somente ao gosto musical, mas traduz preconceitos de classe. A rejeição é fruto da sua origem popular e não da simbologia das letras e melodias. A escritora Carolina Maria de Jesus já denunciava em suas obras essa postura seletiva da burguesia, que, segundo ela, "pensa que o pobre não tem valor", negando seu papel social e o reconhecimento da produção cultural das classes periféricas. Assim como em sua época, a elite alimenta o costume de ridicularizar a arte que nasce fora dos seus padrões eruditos e aristocráticos.
Essa contradição fica evidente quando analisamos o impacto de músicas como “Rap da felicidade”, dos cantores Cidinho e Doca, que é conhecido pelo verso marcante “eu só quero ser feliz, andar tranquilamente na favela onde eu nasci”. A canção expressa o desejo simples de viver sem medo da repressão e da violência contra classes marginalizadas. Na música se fala sobre ter consciência do lugar do pobre na sociedade, mesmo sendo reprimido diariamente por ocupar um lugar sem privilégios.
A chamada “Hipocrisia cultural” brasileira escancara um problema extremamente profundo na construção social da nação. Brasileiros vestem preconceitos como se fosse opinião estética, o entrave só será exterminado quando modificarmos nossa postura acerca do conceito de cultura. É preciso reconhecer o funk como importante marco social tão legítimo quanto às outras diversas manifestações artísticas. Valorizar o papel do funk é crer em um Brasil escrito com a letra “s” e que pulsa nas comunidades e resiste às amarras impostas pela sociedade.
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