Blog dos Espíritos

Honrai o vosso pai e a vossa mãe

29/05/2023 13:39 - por Rosane Sacilotto sacilottorosane @gmai.com

Amor ao próximo
“O mandamento ‘honrai a vosso pai e a vossa mãe’ é um corolário da lei geral de caridade e de amor ao próximo, visto que não pode amar o seu próximo aquele que não ama a seu pai e a sua mãe”. Esse ensinamento presente no Evangelho Segundo o Espiritismo nos esclarece que os pais e parentes que nos compartilham o lar são na verdade o nosso próximo mais próximo, pois foram por Deus situados mais perto dos nossos corações.

Deus nos escolheu para sermos filhos exatamente desses pais, significa que temos deveres recíprocos uns para com os outros no campo espiritual. Aliás, é no aprendizado de amar aos familiares que o homem mais se prepara e melhor exercita o sentimento do amor, que o leva a expandi-lo aos amigos e aos demais. Quem não consegue amar seus pais, que lhe deram a possibilidade de viver na Terra, que cuidaram dele, enquanto não podia fazê-lo, como pode amar o próximo, principalmente, o que nada lhe deu?

O mandamento
Seguindo este ensinamento do Evangelho, entendemos que “o termo honrai encerra um dever a mais para com eles: o da piedade filial. Quis Deus mostrar por essa forma que ao amor se devem juntar o respeito, as atenções, a submissão e a condescendência, o que envolve a obrigação de cumprir-se para com eles, de modo ainda mais rigoroso, tudo o que a caridade ordena relativamente ao próximo em geral”. 

Segundo os dicionários, honrar significa: conferir honras, dar crédito ou merecimento, exaltar, glorificar, tratar com respeito, reverenciar. Honrar aos pais implica em reconhecer merecimento da parte deles. É tão importante honrá-los, que essa determinação foi incluída nos Dez Mandamentos recebidos por Moisés.

Mas que mérito têm os pais para que esse mandamento seja tão importante? A resposta é simples: o de serem pais. Somente por haver dado a alguém a oportunidade de viver na Terra, já é uma qualificação importante para serem honrados, tratados com respeito e consideração. É importante entendermos que pai e mãe não são seres infalíveis, mas aprendizes da vida, assim como todos nós.

E o Evangelho também estende essa piedade filial àqueles que fazem as vezes de pai e mãe, quando nos diz: “Esse dever se estende naturalmente às pessoas que fazem as vezes de pai e de mãe, as quais tanto maior mérito têm, quanto menos obrigatório é para elas o devotamento”. 

Piedade filial
Mas honrar pai e mãe não consiste apenas em respeitá-los; é também os assistir na necessidade; é proporcionar-lhes repouso na velhice; é cercá-los de cuidados como eles fizeram conosco na infância. Sobretudo para com os pais sem recursos é que se demonstra a verdadeira piedade filial, tendo em vista que na maioria das vezes a condição financeira que temos hoje muitas vezes se deve a sacrifícios que fizeram por nós no passado.

E o Evangelho ainda nos faz um alerta: “Obedecem a esse mandamento os que julgam fazer grande coisa porque dão a seus pais o estritamente necessário para não morrerem de fome, enquanto eles de nada se privam, atirando-os para os cômodos mais ínfimos da casa, apenas por não os deixar na rua, reservando para si o que há de melhor, de mais confortável? Ainda bem quando não o fazem de má vontade e não os obrigam a comprar caro o que lhes resta a viver, descarregando sobre eles o peso do governo da casa! Será então aos pais velhos e fracos que cabe servir a filhos jovens e fortes?

Ter-lhes-á a mãe vendido o leite quando os amamentava? Contou porventura suas vigílias, quando eles estavam doentes, os passos que deram para lhes obter o de que necessitavam? Não, os filhos não devem a seus pais pobres só o estritamente necessário, devem-lhes também, na medida do que puderem, os pequenos nadas supérfluos, as solicitudes, os cuidados amáveis, que são apenas o juro do que receberam, o pagamento de uma dívida sagrada. Unicamente essa é a piedade filial grata a Deus”.

Lei da caridade e o perdão 
Sabemos que muitos pais negligenciam o dever de cuidar de seus filhos, recordemos que se o ensinamento espírita da reencarnação explica muitas vezes a hostilidade de pais para com os filhos e vice-versa, não nos desobriga do dever de promover a reconciliação com adversários do passado, caso os defrontemos embaixo do teto que chamamos de lar. Para isso, também encontramos no Evangelho os ensinamentos salutares: “Alguns pais, é certo, descuram de seus deveres e não são para os filhos o que deviam ser; mas a Deus é que compete puni-los e não a seus filhos.

Não compete a estes censurá-los, porque talvez haja merecido que aqueles fossem quais se mostram. Se a lei da caridade manda se pague o mal com o bem, se seja indulgente para as imperfeições de outrem, se não diga mal do próximo, se lhe esqueçam e perdoem os agravos, se ame até os inimigos, quão maiores não hão de ser essas obrigações, tratando-se de filhos para com os pais”.

Não nos cabe condenar. Proteger a integridade da criança sempre, mas jamais condenar. Perdoar sempre, lembrando que vingança não faz parte dos propósitos divinos e que aquele que se vinga do inimigo é sempre um irmão doente que não conseguiu assimilar a chance de ser misericordioso. Perdoemos nossos pais tanto quanto desejamos ser perdoados por Deus e pelos que amamos em nossas faltas.

Não sejamos ingratos jamais. E se nossos pais nem sempre são bons, como devemos agir? A eles, todos os atos indicados pela caridade e pelo amor ao próximo, tais como: “pagar o mal com o bem, ser indulgente para com as imperfeições alheias, não maldizer do próximo, esquecer e perdoar as ofensas, e amar até mesmo os inimigos, quanto essa obrigação se faz ainda maior, em relação aos pais!”

Ao tomarmos conhecimento desse dever filial de sermos piedosos e de cuidar amorosamente dos nossos pais e mães, muitas vezes nosso coração se inquieta, se aperta, pois aqui nesta sala muitos de nós já os vimos partir pelas portas da desencarnação e o arrependimento que parece tardio nos entristece.

Mas Deus, em sua infinita sabedoria, estabeleceu que nenhuma alma está separada neste mundo. O dom sublime da prece e do pedido sincero de perdão pelo que fizemos ou pelo que deixamos de fazer aos nossos pais, encurta a distância e atinge na espiritualidade aqueles corações a que desejaríamos, hoje aqui e de coração renovado, servir e amar.

Nunca é tarde para endereçar aos nossos pais e nossas mães que se encontram na espiritualidade os nossos cuidados amorosos na forma de oração, irradiando paz e amor a eles. Dizendo a eles o quanto hoje os compreendemos e pedindo a Deus que nos renove em novas existências futuras a chance de amá-los como merecem.

Valorizar o tempo que tem com eles
Pai e mãe são o nosso passaporte para a vida material, nos facultando a chance de nos materializarmos na Terra, onde evoluiremos para a perfeição e usufruiremos, mais cedo ou mais tarde, da felicidade que tanto desejamos.
Valorizemos o tempo que temos junto aos nossos pais, pois eles envelhecem e cada dia que nasce, está mais perto o dia da separação.

Um dia, o velho pai e a velha mãe já não estarão mais aqui. A eles, nossos pais e nossas mães, a nossa devoção, o nosso amor agora e sempre, e para aqueles dentre nós que ainda guardem magos do passado, roguemos a Deus e a Jesus que abençoe com o dom do perdão a fim de atingir um dia a paz de consciência que somente a piedade filial bem observada em nossas vidas por dar.

KARDEC, Allan – “O Livros dos Espíritos”, “O Evangelho Segundo o Espiritismo”.

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