Blog dos Espíritos

Pobres de espírito?

10/10/2022 15:11 - por Eleni Maria Machado

Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus, disse Jesus (Mateus, 5:3), na primeira bem-aventurança do Sermão da Montanha.

Na conceituação de Jesus, aos pobres de espírito devemos entender todos aqueles que, aspirando à perfeição, e comparando com o ideal a ser atingido, e o pequenino grau a que se encontre, reconhecem o quanto ainda são carentes de espiritualidade.
Diferentemente daqueles que se acomodam a ínfimos padrões de moralidade, ou se sentem satisfeitos com seu estado atual e considerando-se suficientemente bons, ao contrário dos primeiros, não se incluem entre os bem-aventurados porque, seja por ignorância, seja por orgulho, permanecem estacionários, quando a vida espiritual, assim como tudo na natureza, rege-se por um impulso constante para a frente e para o alto.

O ensinamento do divino Mestre referia-se às almas simples e singelas, despidas do “espírito de ambição e de egoísmo”, que costumam triunfar nas lutas do mundo.

Humildade


O Sermão da Montanha trabalha em cada uma das bem-aventuranças uma virtude. E a primeira é a humildade. Nada se inicia senão pela humildade. 

Qual a maior lição que a humanidade recebeu do Mestre, ao lavar Ele os pés dos seus discípulos? Entregando-se a esse ato, queria o divino Mestre testemunhar às criaturas humanas a suprema lição da humildade, demonstrando, ainda uma vez, que, na coletividade cristã, o maior para Deus seria sempre aquele que se fizesse o menor de todos.

Tomando, figuradamente, a escalada da montanha, por analogia podemos comparar a uma viagem interior. A base é o começo de tudo. E os esforços na aquisição das virtudes necessárias para chegar ao topo, de onde se pode abranger toda a paisagem, uma visão completa. A evolução espiritual tem a mesma dinâmica. Moralmente avançamos à medida que vencemos, por nossos esforços, o monte das dificuldades e desafios que se nos deparamos cotidianamente. Não há como avançar sem esforço, com as devidas paradas para a recomposição de forças.

Conhece-te a ti mesmo!

E para conhecermo-nos a nós mesmos é preciso humildade. Olhar para si implica estar aberto a percebero que se tem de bom, mas também o que se tem de negativo.

Fragilidade humana


É fácil para a humanidade reconhecer suas qualidades, mas muito difícil ter a coragem de perceber as próprias fraquezas. 
E é um grande risco negar o que se tem de humano, de frágil. O orgulhoso não tem disposição para fazer essa viagem interior para reconhecer as falhas pessoais. Essa é uma viagem que necessita de “despojamento de espírito”. Mas o orgulhoso julga-se bom o suficiente e não vê falhas em si, somente nos outros. E por isso não consegue fazer a auto avaliação.

“O Espiritismo nos traz o exemplo, mostrando-nos na posição de grandes no mundo dos Espíritos os que eram pequenos na Terra; e bem pequenos, muitas vezes, os que eram os maiores e mais poderosos na Terra. E que os primeiros, ao morrerem, levaram consigo aquilo que faz a verdadeira grandeza no Céu e que não se perde nunca: as virtudes, ao passo que os outros tiveram de deixar aqui o que lhes constituía a grandeza terrena e que se não leva para a outra vida: a riqueza, os títulos, a glória, a nobreza do nascimento. Sendo essa sua riqueza e nada mais possuindo, chegam no outro mundo privados de tudo, como náufragos que tudo perderam, até as próprias roupas. Mas conservam o orgulho, que mais humilhante lhes torna a nova posição, porquanto vêm colocados acima de si e resplandescentes de glória os que eles na Terra espezinharam”.

Missão do homem na Terra
Inteligência


O homem tem a desenvolver, na Terra, os talentos recebidos em cada uma de suas encarnações. Se agora vem com a missão da inteligência e, mesmo sendo tratado como sumidade em conhecimento neste mundo, saiba ele que essa inteligência é muito estreita no planeta Terra. Deus, em seus desígnios, o fez nascer num meio onde fosse útil para o bem de todos, lhe pondo nas mãos o instrumento a desenvolver, usando de sua capacidade, as inteligências retardatárias e a conduzi-las a Ele. 

A inteligência é rica de méritos para o futuro, mas sob a condição de ser bem empregada. Se fosse bem utilizada e servisse de conformidade com a vontade de Deus, seria fácil aos Espíritos a tarefa de fazer a humanidade avançar. Mas infelizmente muitos a utilizam como instrumento de orgulho, abusando desta como de outras faculdades e, no entanto, não lhe faltam ensinamentos que o advirtam de que uma poderosa mão pode retirar o que lhe concedeu.

As diversas ações meritórias do Espírito após a morte são principalmente as do coração, mais que as da inteligência.

Fontes: (O Evangelho Segundo o Espíritismo, cap. VII; O Código do Monte, I; O Consolador, Q. 313, 314; O Sermão da Montanha, I; Revista Espírita 1862, Fev.

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