Blog dos Espíritos

Trabalho, solidariedade e tolerância

16/01/2023 09:12 - por Eleni Maria Machado

O Evangelho de Jesus nos traz como ensinamentos uma série de comportamentos necessários para nossa evolução neste mundo, entre eles encontramos o trabalho, a solidariedade e a tolerância, como elementos de sua anunciação, divulgação, prática e sustentação.

Jesus, ao ensinar que o Pai trabalha incessantemente, que o amor ao próximo secunda o amor a Deus na Lei Maior, e que devemos perdoar as ofensas, setenta vezes sete vezes, corroborou a importância fundamental do trabalho, da solidariedade e da tolerância na construção do Reino dos Céus. 

Sendo a caridade o amor em ação, como denominado pelo apóstolo Paulo, é ela a representação dessas três virtudes, pois a ação de cada um no bem é a própria dinâmica do trabalho como atividade útil, e o amor, para que seja amor, tem que agasalhar no seu íntimo a solidariedade e a tolerância. Logo, a solidariedade e a tolerância trabalhadas só podem produzir e promover o bem.

Allan Kardec, ao afirmar que fora da caridade não há salvação, formulou uma das mais espetaculares sínteses das leis morais da vida. E também ele, o Codificador, não prescindiu do trabalho em toda a sua grandeza, da solidariedade prestada e recebida, e da tolerância, máxima que ele próprio situou como o roteiro da ação espírita em favor de um mundo melhor.

O primeiro tema enseja considerações especiais. Neste mundo de inversão de valores em que vivemos, uma das ilusões mais arraigadas no Homem, causa principal de grande número de suas aflições e males, é a de confundir felicidade com inatividade; paz de espírito com a ausência de responsabilidade, ociosidade como meta a ser atingida e alcançada, seja no final de semana, nas férias ou na aposentadoria.

A questão 674 de O Livro dos Espíritos inquire: A necessidade do trabalho é lei da Natureza? “O trabalho é lei da Natureza, por isso mesmo constitui uma necessidade, e a civilização obriga o homem a trabalhar mais, porque lhe aumenta as necessidades e os gozos.” Entretanto, por trabalho só se devem entender as ocupações materiais? “Não; o Espírito trabalha, assim como o corpo. Toda ocupação útil é trabalho.”

Os mecanismos da evolução utilizam-se do trabalho como meio de disciplinar a vontade, domar os instintos, desenvolver a razão e sublimar os sentimentos. O trabalho é, ao lado da oração, o mais eficiente antídoto contra o mal, porquanto conquista valores incalculáveis com que o Espírito corrige as imperfeições e disciplina a vontade. O momento perigoso para o cristão decidido é o do ócio, não o do sofrimento nem o da luta áspera. Na ociosidade surge e cresce o mal. Na dor e na tarefa fulguram a luz da oração e a chama da fé. Maledicências e intrigas, vaidade e presunção, calúnias e boatos, despeito e descrédito, inquietações e medo, pensamentos deprimentes e tentações nascem e se alimentam durante a hora vazia.

Que seja, pois, o trabalho no bem, a nossa grande ferramenta de construções nobres nas mentes e nos corações, e instrumento de nossa redenção pessoal.

O segundo tema é a solidariedade. Caráter universalista, empolgado com os problemas que envolvem o progresso e a felicidade do Homem, o Codificador cedo concluiu que os males que afligem a Humanidade são resultantes exclusivamente do egoísmo. A eterna preocupação com o próprio bem-estar é a grande fonte geradora de desatinos e paixões desajustantes.

Espiritualmente, somos todos solidários diante dos patrimônios da vida e colhemos alegrias ou sofrimentos de conformidade com a nossa contribuição. Os males que afetam a coletividade, em virtude de nossas faltas ou omissões, atingem nossa economia espiritual em particular, situando-nos em clima de desarmonia. Da mesma forma nosso esforço em favor do bem-estar alheio, por menor que seja, renderá juros altos de alegria e paz.

Que impere a solidariedade entre todos, para que assim se dê a união e advenha a força operosa tão esperada, e, qual feixe de varas, sejamos ação e sustentação dos objetivos comuns da Humanidade.

A tolerância é o terceiro lema. Trata-se da arte de aceitar as pessoas como elas são e, consequentemente, relevar os males que porventura venham a nos causar. Cada criatura está numa faixa de evolução. Não podemos exigir das pessoas mais do que podem dar. E ninguém é intrinsecamente mau. Somos todos filhos de Deus.

É interessante destacar que em qualquer relacionamento humano as pessoas tendem a se comportar da maneira como as vemos. Identificar pequenas virtudes é uma forma de desenvolve-las. Estar sempre a apontar mazelas e imperfeições é simplesmente multiplicá-las.

Sem tolerância é impossível manter o próprio equilíbrio ou realizar um trabalho profícuo no campo do bem, porquanto, na medida em que nos detemos no mal que vemos nos outros, passamos a assimilá-lo. 

Que a tolerância para com as imperfeições dos outros seja nossa dama de companhia, e estaremos acatando a recomendação do Espírito de Verdade para que calemos nossas eventuais diferenças pessoais, a fim de que o Senhor, ao chegar, encontre acabada a obra.

Ante as responsabilidades resultantes do conhecimento da Doutrina Espírita, que nos convida a superar a temática de vulgaridade e imediatismo que caracteriza o comportamento humano, em larga maioria, a máxima vivida por Kardec apresenta-se como roteiro abençoado de uma ação espírita consciente, capaz de esclarecer e edificar os corações, com a força irresistível do exemplo. 

KARDEC, Allan - “O Evangelho Segundo o Espiritismo”; “O Livro dos Espíritos”; 
FRANCO, Divaldo, pelo espírito Joanna de Ângelis - “Sendas luminosas”; “Leis morais da vida”

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