Blog do Cinema (antigo)
Novo filme requenta ideias anteriores para continuar a franquia
Piratas do Caribe - A vingança de Salazar
Quando surgiu nos cinemas, lá em 2003, a franquia Piratas do Caribe trouxe uma forma diferente de cinema de ação. O filme inicial, "Piratas do Caribe - A Maldição do Pérola Negra", era baseado num brinquedo do parque da Disney de Orlando. Além de trazer de volta as telas uma história sobre piratas, o conto impressionava pela velocidade em que era narrado.
Rápido como uma pilhagem
A fita passava agilmente de uma cena de fuga para outra de lutas com espadas que envolvia todos em um vilarejo pirata. Logo em seguida entrava em uma história sobrenatural. Os efeitos especiais eram impressionantes para a época, bem como o figurino, com corsários de roupas bem elaboradas e sujas ao mesmo tempo.
A fotografia, de um deslumbrante mar caribenho, também era destaque. Some-se a estes elementos um casal carismático como protagonista, o jovem Will Turner (Orlando Bloom, Senhor do Aneis, 2001-2003), e a linda Elizabeth Swann (Keira Knightley, Orgulho e Preconceito, 2005), a um pirata bêbado que deveria ser coadjuvante, mas acabou firmando-se como a grande estrela da franquia.
Capitão Gancho nunca mais
Em relação ao pirata bêbado obviamente estou falando da obra-prima de Johnny Depp (Aliança do Crime, 2015), o Capitão Jack Sparrow, um bucaneiro decadente que perdeu seu navio, antes de iniciar o filme, mas manteve trejeitos desengonçados. A Disney brigou com o ator durante todas filmagens, pela forma como este elaborou o personagem. A empresa pedia sua reconstrução por achá-lo excessivamente efeminado e alcoólico.
Roubando a cena
Mesmo assim o Capitão Sparrow trouxe uma forma de agir tão marcante que até hoje é possível ver seus traços em outros personagens interpretados pelo artista. Malandro, sempre desequilibrado e com dreadlocks sujos nos cabelos, o capitão reconstruiu a imagem dos piratas na modernidade e seguidamente sua fantasia invade festas infantis em todos os cantos do planeta.
O Barco Fantasma
O elemento sobrenatural também colaborou muito para o sucesso do filme. "Você acredita em histórias de fantasmas, pois está em meio a uma delas". No trailer esta era a frase de impacto do antagonista da fita, o Capitão Hector Barbossa, interpretado pelo ótimo Geoffrey Rush (Vencedor do oscar pelo Discurso do Rei, de 2010). O filme trazia a história de piratas amaldiçoados por roubarem um baú de ouro asteca, o que fazia que seguissem como mortos vivos até devolverem todas as moedas roubadas.
Encontrando o x do tesouro
Misturar ação em demasia, fantasmas, maldições e um conto épico conseguiu realmente fazer com que a Disney conseguisse o que tentava a tempos com seus parques e não tinha êxito, fazer uma franquia bilionária vinda dos brinquedos. Estava pronta a fórmula de um grande sucesso.
O ouro do Pirata
O primeiro piratas rendeu mais de US$ 654 milhões ao redor do mundo. Já o segundo episódio, "O Baú do Homem Morto"(2006) e o terceiro, "No Fim do Mundo"(2007), foram gravados em conjunto para serem lançados com um ano de diferença. Arrecadaram U$ 1,1 bilhão e U$ 847 milhões de dólares respectivamente. O quarto filme, "Navegando em Águas Misteriosas"(2011), ultrapassou novamente a marca de um bilhão de dólares.
Indo a pique
Mesmo com uma franquia que conquistou mais de quatro bilhões de dólares em seu butin, o quinto capítulo da saga não parece que esteja conseguindo repetir o sucesso dos episódios anteriores. "Piratas do Caribe - A Vingança de Salazar", que estreou no último final de semana, arrecadou U$ 60 milhões de dólares nos Estados Unidos, o que o colocou na primeira colocação do ranking de bilheteria do final de semana. Uma boa arrecadação, mas ainda assim U$ 30 milhões abaixo do que esperavam os produtores. Mas qual o problema deste capítulo se toda a fórmula dos piratas está sendo repetida?
Presos num redemoinho
Talvez a dificuldade seja a repetição mesmo. O novo filme não apresenta nada inovador. A trama por exemplo, é sobre uma tripulação que foi enganada por Jack Sparrow e acabou amaldiçoada, vivendo entre a vida e a morte. Hora, isto já foi mostrado em "A maldição do Perola Negra". Os marujos do Capitão Salazar e do Capitão Barbossa, do primeiro filme, são praticamente os mesmos, com a diferença que os primeiros não podem pisar em terra firme.
O filme começa com uma fuga gigante, hilária diga-se de passagem, como em "Navegando em Águas Profundas. Também tenta introduzir um novo casal, agora coadjuvante, como no quarto filme.
A nova película traz cenas de batalhas navais emocionantes, como uma em que o navio Pérola Negra tem de fazer manobras na beira de um precipício em pleno mar alto. Pena que isto já tenha sido mostrado em "Fim do Mundo". Até o Capitão Jack Sparrow, que poderia salvar a fita com suas estripulias, já não impacta, e cá entre nós, Johnny Depp não parece estar muito empolgado com o papel nesta versão.
Existem situações interessantes na fita, como uma participação do cantor Paul Macartney, ou os efeitos visuais dos piratas-fantasmas, principalmente o do cabelo do Capitão Salazar, que simula o movimento de fios embaixo d'água. Mas fica nisto.
Seguir o mapa nem sempre leva ao tesouro
É um filme divertido é verdade, será um clássico da sessão da tarde no futuro, mas quase todas suas soluções já foram vistas nas edições anteriores, talvez por isto o desinteresse da crítica e pouco impacto de bilheteria. Contar a história do filho do pirata amaldiçoado, que esbarra no fantasma de Salazar, enquanto tenta encontrar a cura para o pai, contando com a ajuda de Sparrow é um eixo de trama muito fraco. Isto piora quando as soluções para compor a película já foram usadas em outras fitas da mesma série. Serve apenas para que uma nova geração conheça a franquia.
Novos mares por favor
De qualquer forma o produtor Jerry Bruckheimer é insistente e promete que esta não será a última vez que Sparrow cruzará o mar do caribe. No final temos uma cena pós créditos que indica a volta de antigos inimigos no próximo derivado. Vamos torcer para que no próximo filme o Pérola Negra nos leve para águas realmente desconhecidas e não opte em apenas requentar ideias no tórrido sol do caribe.
Trailer
https://youtu.be/7aoFipHDNso
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