Blog dos Livros
Conduta das mulheres
Em “Guia de conduta para mulheres bravas” (Editora Orlando, 157 páginas), a escritora e pesquisadora Marina Jerusalinsky mergulha em uma história pouca conhecida: o “juízo das bravas,” um julgamento que, entre os séculos XIV e XVIII, punia mulheres por falarem de forma “inapropriada” em lugares públicos. A obra combina pesquisa histórica, relatos de mulheres contemporâneas e um projeto gráfico ousado para expor como esses mecanismos de controle ecoam até hoje.
Com 59 irônicas “lições de conduta,” o livro traz experiências reais de mulheres brasileiras e portuguesas, mostrando como expressões misóginas ainda as categorizam. A autora não poupa referências literárias e históricas para desmontar narrativas que buscam limitar o que as mulheres podem ser ou fazer.
Também revela como estereótipos coloniais persistem, especialmente contra as brasileiras em Portugal. Em “Para Brasileiras em Portugal,” ela expõe frases ditas por portugueses, como “vocês vêm para cá para roubar nossos maridos” e “ao menos servem para cuidar de nós,” expondo as contradições e a violência dessas acusações. Essas “lições” mostram como a linguagem perpetua opressões, mas também como é possível desmontá-las com ironias. Segundo a autora, a pesquisa que resultou no livro ajudou-a a entender as origens das concepções sobre “a mulher ideal” e como enfrentá-las.
Marina Jerusalinsky é artista visual, pesquisadora e escritora. Doutora em Artes pela Universidade de São Paulo, mestra em Artes pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro e graduada em Artes Visuais pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, trabalha com a palavra de modo transdisciplinar há mais de dez anos, em projetos de arte participativa, livros de artista e leitura crítica e revisão de textos. Também é autora do livro “Adjetivo Feminino: Dicionário de Experiências” (2022).
Trecho:
“Uma mulher pode ser considerada brava ao levantar a voz, ser veemente, discordar, ou falar com irritação –atos completamente inconvenientes e condenáveis. Todos esses elementos vão contra a obrigatória docilidade feminina, sem a qual seria muito mais difícil que nos dominassem como convém.”
(Texto de apresentação)
PERSONALIDADE LITERÁRIA
A escritora Ana Maria Machado foi escolhida Personalidade Literária da 67ª. Edição do Prêmio Jabuti, um dos mais renomados concursos de literatura do país. Ana Maria é autora de mais de 100 títulos publicados, entre romances, ensaios, contos e uma vasta produção infanto-juvenil. Aos 83 anos, ocupa a cadeira número 1 da Academia Brasileira de Letras.
FEIRA DO LIVRO DE FRANKFURT
Maior evento do mercado editorial do mundo, celebrando o livro e o poder do diálogo para além de todas as fronteiras, a Feira do Livro de Frankfurt, na Alemanha, realiza este ano a sua 77ª. edição, de 15 a 19 de outubro. No dia 14 de outubro haverá uma cerimônia de abertura reformulada, que incluirá falas, música, luz e som, com o lema “A imaginação povoa o ar.” O país convidado de honra é Filipinas.
Leituras:
“Tiranos não gostam de livros porque não têm sonhos, têm delírios.”
-Ministra Carmem Lúcia Antunes Rocha (19 de abril de 1954), jurista, professora, integrante do Supremo Tribunal Federal do Brasil.
Destaques:
CIDADÃO
Autor: Ricardo Pecego
Na metrópole de São Paulo, onde milhões de histórias se cruzam sem se tocar, a obra revela as camadas ocultas de personagens muitas vezes reduzidos a estereótipos. Com contos que transitam entre o pasteleiro descendente de japoneses, a fofoqueira do WhatsApp e o passageiro solitário do trem noturno, a obra desconstrói a ideia de que conhecemos o outro apenas pelo que vemos. Nascido em 1976, em Santo André, SP, Ricardo Pecego é publicitário e produtor cultural com mais de duas décadas de atuação em projetos que unem arte e transformação social. Desde 2019, dedica-se à literatura e este é seu segundo livro.
Editora Cachalote. 176 páginas.
QUER UM CONSELHO? O QUE FAZER PARA A ESPANHOLA NÃO TE PEGAR –NOTÍCIAS DA PANDEMIA DE 1918
Autor: André Condes
Baseado em sua tese de doutorado pela PUC/SP, a obra analisa como jornais e revistas do Rio de Janeiro e de São Paulo atuaram como instrumentos de educação sanitária durante a gripe espanhola, traçando paralelos com os desafios recentes. O autor investiga como a imprensa da época orientou a população diante de uma doença desconhecida, destacando o papel dos periódicos na construção de narrativas sobre prevenção e cuidado. André Condes, 36 anos, é diretor escolar no Colégio Pentágono e doutor em Educação pela PUC/SP. Nascido e criado em São Paulo, atua há mais de 15 anos na educação privada. Este é seu primeiro livro.
Editora Ponta de Lança. 245 páginas.
(As obras mencionadas no Blog dos Livros podem ser encontradas na Revistaria e Livraria Nascente, localizada na Rua Saldanha Marinho, 1423, Cachoeira do Sul)
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