Blog dos Livros
Um olhar filosófico da existência
Depois de explorar as relações humanas em “Bolhas” (volume 1), Peter Sloterdijk, um dos pensadores mais influentes da Filosofia contemporânea, volta agora seu olhar às grandes dimensões da existência. O filósofo está propondo uma verdadeira “arqueologia da globalização,” examinando nada menos que a revelação das bases filosóficas das histórias política e humana dos últimos dois mil e quinhentos anos.
Amparado por uma documentação gráfica e repleta de referências que atravessam desde a filosofia, ciência, religião, política e até arte, o novo livro denominado “Esferas II – Globos” (Editora Estação Liberdade, 880 páginas) narra a verdadeira história da globalização -da geometrização do céu em Platão e Aristóteles até a circundução da última esfera, da Terra, por navios, capitais e sinais.
O título é um dos lançamentos mais aguardados pelo público leitor de Filosofia, especialmente por aqueles que acompanham a trilogia “Esferas.” Autor de “Crítica da razão cínica,” que obteve ampla repercussão, tornando-se o livro de filosofia mais vendido na Alemanha do pós-guerra, Sloterdijk é conhecido por seu estilo ensaístico e provocador.
Lecionou em Frankfurt e Viena, foi reitor da Escola Superior de Artes Aplicadas de Karlsruhe e apresentou, entre 2002 e 2012, o programa de TV O Quarteto Filosófico. No Brasil, publicou “No mesmo barco,” “Regras para o parque humano,” “O desprezo das massas,” “Ira e tempo” e “Esferas 1,” todos pela Editora Estação Liberdade.
Conforme a visão de Sloterdijk constante no livro “Esferas II,” a globalização tem início com os gregos, entre os quais a totalidade do cosmo é representada pela figura da esfera. Com o descobrimento da América e as primeiras circum-navegações do mundo, a esfera é substituída pelo globo. Na atualidade, essa segunda globalização é sucedida por uma terceira, visto que a virtualidade geral de todas as relações leva a uma crise de espaço.
Peter Sloterdijk vem renovando de forma substancial o pensamento contemporâneo, graças a suas análises iconoclastas sobre a exaustão dos modelos tradicionais tanto na reflexão filosófica quanto nos processos analíticos.
Trecho:
“Mediante a invenção do jogo de teoria chamado filosofia, as sociedades subsequentes, sejam elas constituídas como cidades, reinados ou impérios, são endogenamente cindidas. Irrompeu no mundo um pensamento que declara a si próprio como real expressão do que é válido e existente, e do qual a maioria, incluindo os detentores do poder político, econômico, jornalístico, apenas consegue ver aspectos exteriores. Toda a sociedade real que decide não impedir o pensar em sua totalidade acha uma maneira de conviver com essa ofensa -seja escapando para a admiração, como preferiu o mundo antigo, seja refugiando-se no ceticismo em relação ao saber superior e suas corporificações; esse ceticismo ajuda os vitalistas modernos a levarem uma vida sem noção e, não obstante, terem a sensação de soberania.”
(Página 20)
PRÊMIO CERVANTES
Na última segunda-feira, o escritor mexicano Gonzalo Celorio foi anunciado como vencedor do Prêmio Cervantes 2025, considerado o mais importante da Língua Espanhola. Nascido na cidade do México em 1948, Gonzalo é uma das figuras mais proeminentes da literatura mexicana contemporânea, mas sua obra é inédita no Brasil. O prêmio foi de 142 mil euros.
CORAÇÃO SEM MEDO
O novo livro de Itamar Vieira Júnior, “Coração sem medo,” está rapidamente subindo posições entre os mais vendidos no país, segundo pesquisa realizada em outubro pela Painel do Varejo de Livros do Brasil. No livro, o autor de “Torto arado” conta a história de Rita Preta, uma operadora de caixa de supermercado e mãe de três filhos, que vê sua vida ser transformada quando um deles, ainda adolescente, some sem deixar rastro na comunidade em que vive na capital baiana.
Leituras:
“No livro, você descobre que os personagens pensam, sentem, amam, odeiam -enfim, têm uma rica vida interior. Parecida com a sua.”
-Ruy Castro (26 de ferevereiro de 1948), premiado jornalista, biógrafo e escritor brasileiro, ocupante da cadeira 13 da Academia Brasileira de Letras.
Destaques:
A ARTE DE SER DIFERENTE

Autor: Gigante Leo
Conhecido por seu humor afiado, o ator e comediante Gigante Leo está se aventurando no mundo da literatura infantil, com este livro. É uma obra lúdica, emocionante e, como não poderia deixar de ser, recheada de humor com um propósito: combater o capacitismo e o machismo desde a infância. A história se passa em um reino animal onde o rei NapoLeão organiza as “Olimpíadas da Arte,” mas exclui competidores que considera diferentes.
Coleção MaM
NINGUÉM MORRE SOZINHO

Autora: Renata Piza
Em uma narrativa marcada pela delicadeza e pela força emocional, Renata parte da sua experiência real da perda repentina de seu marido, o também jornalista Daniel Piza, para construir uma autoficção sobre a morte -e, principalmente, sobre a vida. Em tom lírico, íntimo e por vezes irônico, a autora transforma o luto em literatura, e oferece ao leitor uma reflexão profunda sobre as pequenas despedidas da vida, os afetos que carregamos ou deixamos e a urgência de estar presente. Paulista, com passagens por diversos veículos de comunicação, este é seu livro de estreia.
Editora Gema. 160 páginas.
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(As obras mencionadas no Blog dos Livros podem ser encontradas na Revistaria e Livraria Nascente, localizada na Rua Saldanha Marinho, 1423, Cachoeira do Sul)
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