Blog dos Espíritos

Evolução moral

01/12/2025 10:01 - por Rosane Sacilotto sacilottorosane @gmai.com

Reencarnar é necessário

A Doutrina Espírita nos ensina que todos somos viajores da eternidade, caminhando gradualmente rumo à perfeição. Em “O Livro dos Espíritos”, Allan Kardec pergunta aos Espíritos Superiores sobre a finalidade da vida corporal, e a resposta é clara: “A encarnação é necessária ao progresso” (questão 132). Somos, portanto, seres destinados a evoluir, e essa evolução não é apenas intelectual, mas sobretudo moral.

Kardec distingue com precisão dois tipos de progresso: o intelectual, que amplia nossas capacidades e conhecimentos, e o moral, que nos aproxima da verdadeira felicidade ao transformar o coração. “O progresso intelectual prepara o progresso moral”, afirmam os Espíritos, mas advertem que a moralidade não decorre automaticamente do saber (questão 780). É preciso vontade, esforço, autoeducação da alma.

Emmanuel, através da psicografia de Chico Xavier, reforça essa visão ao afirmar que “a inteligência sem amor pode ser um instrumento de queda” (Pensamento e Vida). Assim, a evolução moral consiste no esforço constante de aplicar o conhecimento espiritual em nossas escolhas diárias, iluminando nossas atitudes pela caridade, justiça, humildade e perdão.

A Lei do Progresso e a caminhada espiritual

A Lei do Progresso, uma das leis morais, que está explicada em “O Livro dos Espíritos”, assegura que ninguém permanece para sempre na ignorância ou na imperfeição. Mesmo quando resistimos, a vida nos educa pelas experiências, pelas reencarnações e pelas oportunidades de reparação. Kardec afirma que “todos tendem à perfeição; mas nem todos sabem qual o caminho que devem seguir” (questão 115).

A evolução moral, portanto, não é automática nem imposta. Ela nasce do exercício consciente da mudança, da capacidade de reconhecer nossas sombras e transformá-las em luz. Como nos orienta Joana de Ângelis, pelo médium Divaldo Franco, em “O Homem Integral”: “A evolução moral exige esforço disciplinado, repetição de atos nobres e a determinação de superar a si mesmo”.

Em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, capítulo XVII, encontramos o mais belo retrato da evolução moral: o Homem de Bem. Ele é aquele que “pratica a Lei de Justiça, Amor e Caridade”, que “perdoa e não guarda rancor”, que “age com humildade”, e que, diante das dificuldades, “confia em Deus e entrega-se ao movimento do bem”. Essa descrição não é apenas um ideal distante: é um mapa evolutivo, um roteiro seguro para todos nós. Cada virtude ali descrita é uma etapa concreta da nossa reforma íntima.

Evolução é amar como Jesus ensinou

A lição central da evolução moral é a capacidade de amar como Jesus amou. Emmanuel sintetiza essa verdade com profundidade: “A evolução verdadeira é a do coração que aprende a amar” (Fonte Viva). Amar, no sentido ensinado pelo Cristo e ampliado pela Doutrina Espírita, significa respeitar o outro como Espírito imortal, compreender as limitações alheias, pois também nós temos nossas próprias limitações, estender a mão sem esperar retorno, transformar o perdão em rotina, agir no bem silenciosamente e servir com alegria.

Nenhuma evolução moral ocorre sem desafios. As provas e expiações são instrumentos educativos. Não são castigos, mas convites ao crescimento. André Luiz, através de Chico Xavier, afirma que “as provações são aulas vivas no grande curso da evolução” (Agenda Cristã). Cada dor, cada obstáculo e cada conflito têm função libertadora quando encarados com serenidade e aprendizado.

A reforma íntima é o processo consciente pelo qual decidimos melhorar nossos pensamentos, sentimentos e ações. Não se trata de mudança brusca, mas de pequenas vitórias diárias. Joana de Ângelis explica que “a reforma interior é a mais difícil de todas as guerras, porque é travada contra o inimigo oculto: nós mesmos”.

Iniciar a reforma íntima exige de nós vigilância dos pensamentos, autoconhecimento, entender e saber quais são nossas más inclinações para que possamos melhorá-las, combatê-las, cultivo da prece e o estudo da Doutrina Espírita e do Evangelho de Jesus, especialmente cultivo do Evangelho no Lar, prática constante da caridade e atenção às imperfeições que insistem em retornar.

O futuro que nos aguarda é de perfeição

A Doutrina Espírita nos consola ao afirmar que todos alcançaremos a perfeição relativa, já que Deus criou cada Espírito simples e ignorante, mas voltado ao bem. A evolução moral é nosso destino, e cada gesto de amor, cada ação caridosa, cada esforço por perdoar ou compreender é um passo firme rumo à nossa felicidade futura.

Como no ensina Kardec em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”: “Reconhece-se o verdadeiro espírita pela sua transformação moral e pelos esforços que emprega para domar suas más inclinações”. Assim, a evolução moral não é apenas um objetivo espiritual, é a obra mais bonita que cada um de nós pode construir dentro de si mesmo.

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