Blog dos Espíritos

Lei de Liberdade

13/11/2023 08:54 - por Rosane Sacilotto

Desejo de liberdade
Podemos definir liberdade como o direito de agir conforme a própria vontade, usando o livre-arbítrio. Porém, a liberdade absoluta não existe, pois a nossa liberdade termina onde começa a liberdade do outro. Assim, os Espíritos da Codificação nos esclarecem sobre esta liberdade relativa: “porque todos precisais uns dos outros, tanto os pequenos como os grandes. Desde que dois homens estejam juntos, há entre eles direitos a serem respeitado e, portanto, nenhum deles gozará de liberdade absoluta”. 

O desejo de ser livre é inerente a todo ser humano, sendo essa busca tão natural quanto a busca por alimento, água ou ar. O anseio por liberdade é seguramente um dos impulsos mais fortes experimentado pelos seres pensantes. Mas mesmo a liberdade de pensamento, que poderia nos dar a falsa sensação de ser ampla e infinita, podemos perceber condições que podem ampliar ou não o grau de liberdade, conforme as vinculações com outros pensamentos, pelos processos naturais de sintonias e afinidades. 

Questionando os Espíritos Superiores sobre a responsabilidade do homem pelo seu pensamento, Allan Kardec obteve como resposta: “Perante Deus, é. Somente a Deus sendo possível conhecê-lo, ele o condena ou absolve, segundo a sua justiça”.

Sendo este desejo de liberdade inerente ao ser humano, ainda há muitos Espíritos dominados pelo egoísmo que buscam cercear a liberdade de outros, negando este sentimento, através de imposições, dominações e guerras. O ser humano, por falta de uma visão mais profunda da vida, está sempre tentando usar a sua liberdade em detrimento do direito do seu próximo. 

O livre-arbítrio
Todos temos o livre-arbítrio, assim sentenciado pelo Codificadores: “Pois que tem a liberdade de pensar, tem igualmente a de obrar. Sem o livre-arbítrio, o homem seria máquina”. E Kardec complementa na questão 872 de O Livro dos Espíritos, assim resumindo esta temática: “A questão do livre-arbítrio se pode resumir assim: o homem não é fatalmente levado ao mal; os atos que pratica não foram previamente determinados; os crimes que comete não resultam de uma sentença do destino.

Ele pode, por prova e por expiação, escolher uma existência em que seja incitado ao crime, quer pelo meio onde se ache colocado, quer pelas circunstâncias que sobrevenham, mas será sempre livre de agir ou não agir. Assim, o livre-arbítrio existe para ele, quando no estado de Espírito, ao fazer a escolha da existência e das provas e, como encarnado, na faculdade de ceder ou de resistir aos arrastamentos a que todos nos submetemos voluntariamente.

Cabe à educação combater essas más tendências. Ela terá êxito nesse combate quando se basear no estudo aprofundado da natureza moral do homem. Pelo conhecimento das leis que regem essa natureza moral, chegar-se-á a modificá-la, como se modifica a inteligência pela instrução e o temperamento pela higiene. Desprendido da matéria e no estado de erraticidade, o Espírito procede à escolha de suas futuras existências corporais, de acordo com o grau de perfeição a que haja chegado e é nisso, como dissemos, que consiste sobretudo o seu livre-arbítrio.

Essa liberdade, a encarnação não a anula. Se ele cede à influência da matéria, é que sucumbe nas provas que por si mesmo escolheu. Para ter quem o ajude a vencê-las, concedido lhe é invocar a assistência de Deus e dos Espíritos bons. Sem o livre-arbítrio o homem não teria nem culpa por praticar o mal, nem mérito em praticar o bem”. 

Jesus, o exemplo e a verdade
O exemplo maior de respeito do uso da liberdade foi dado por Jesus, que nunca invadiu a área de decisão de quem quer que fosse. Ele foi o Espírito que mais respeitou a liberdade do próximo, nunca impondo nada a ninguém. Seus ensinamentos sempre foram lançados como sementes do Bem e da Verdade, sem a exigência de que a criatura os assimilasse imediatamente e se modificasse da noite para o dia. Por sentir, em profundidade, essa postura do Mestre é que Paulo disse: “onde está o Espírito do Senhor aí há liberdade” (II Co, 3:17).

Se, mesmo passando-se mais de dois mil anos desde os ensinamentos vivos de Jesus, seu Evangelho estivesse sido colocado em prática, teríamos aprendido que a nossa liberdade termina onde começa a do próximo e que devemos apenas fazer aos outros aquilo que gostaríamos que fosse feito para nós. 

O Mestre Jesus foi julgado e condenado por nos ensinar amor, caridade e liberdade, e que perante Deus, todos temos os mesmos direitos, pois somos filhos do mesmo Pai, justo e bom. E se ainda estamos aprendendo o amar ao próximo como a nós mesmos, que possamos pelo menos respeitar o seu direito de liberdade.

“Conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”. Com tal afirmativa, o Mestre certamente nos quer dizer que a verdadeira liberdade é aquela do Espírito, nascida da compreensão, do entendimento das leis da vida, pois à medida que o Espírito conhece a verdade, aprende a usar a sua liberdade com sabedoria, em consonância com os princípios de respeito à liberdade do próximo.

KARDEC, Allan – “O Livros dos Espíritos”.

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