Em “Folha de rosto,” lançado pela Mondru Editora, Leonardo Simões mergulha nos temas da identidade, racialidade e relacionamentos, refletindo sobre como as tensões políticas dos últimos anos impactaram vínculos afetivos e  individuais.  Escrito entre 2018 e  2022, o livro surgiu como um desdobramento da peça “Arquipélago,” vencedora do III Concurso de Dramaturgia Flávio Migliaccio, e  ganha forma como um romance em poemas,  no qual cada capítulo revela fragmentos da vida de um casal em meio ao caos  social.

A obra questiona até que ponto relacionamentos se desfazem apenas por conflitos  pessoais ou se as pressões externas –políticas, raciais e  culturais- têm peso decisivo. “Um casal termina  somente pelo relacionamento   entre os dois, ou a influência externa tem esse poder?” provoca o autor no livro,  revelando que, especialmente entre  2018  e  2022,  estas  questões  surgiram de maneira muito renovada. 

Com uma escrita que transita  entre o lírico e  o narrativo, “Folha de rosto”  dialoga com a busca por uma voz literária -tema que também permeia a jornada de um dos personagens. A estrutura fragmentada da obra reflete a própria fragmentação  identitária vivida pelo protagonista, que navega entre questões políticas, raciais e  afetivas.

O autor revela que a poesia foi  seu primeiro contato com a  escrita, ainda na infância,  e que, para finalizar o livro, releu toda a obra de Ferreira Gullar, sua principal influência. “Foi importante para experimentar  a literatura  pelo outro lado da  bancada, entender melhor como abordar alguns temas,” afirma. 

Leonardo Simões é  mestre em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e pós-graduado  em Marketing  e  Comunicação Integrada.  Radicado em São Paulo desde 2010, atua na criação publicitária desde 2014.  Venceu o III Concurso Nacional de Dramaturgia Flávio Migliaccio (2024)  e  foi finalista do Prêmio Solano Trindade  no mesmo ano.

Trecho:
“pretinho,
me chamavam de pretinho.
Minha mãe não gostava, meu pai não ligava.
Meu primeiro e-mail, feito quando a internet era só um
fio na madeira,
era nome + pretinho. E todos os arrobas que
emprestavam conexões com os mundos não me
enxergavam de outro modo.
Quando se é pretinho, cabe-se em todos os esconderijos.
Escondem as ordens de fora, os mortos do extremo e
aquela maldição que a caixa do supermercado diz ao
dono quando dois meninos pretinhos entram no corredor
de bolachas/biscoitos.
Chama-me pretinho, e eu obedecerei. Num é?
Pois foi.
E aí, ficou nisso a vida inteira…
Essa indecisão de cor.
Pretinho é camaleão, sabe?
Fica mais claro conforme o ambiente onde o colocam.
Na casa da minha avó de parte de mãe, eu não era
pretinho.
Era moreno.
(Página 49)

NOVO ACADÊMICO I 
Aos 73 anos, Paulo Henriques Britto  foi eleito na última semana  para a  cadeira 30 da Academia Brasileira de Letras,  ocupando a vaga deixada aberta pela morte da crítica literária  Heloísa Teixeira. Autor de 14 livros, entre eles oito de poesia, dois de contos, três de ensaios e um infanto-juvenil, Brito teve obras traduzidas  para o sueco, inglês e espanhol.

NOVO ACADÊMICO II
Paulo Henriques Britto é reconhecido como um dos principais tradutores do país. Traduziu cerca de 120 obras para o português, entre elas textos de  Virginia Woolf, Henry James, Thomas Pynchon e James Baldwin, além de poetas como Byron, Elizabeth Bishop e Frank O’Hara. Também traduziu  autores brasileiros para o inglês,   como Ferreira Gullar e Luiz Costa Lima. 

Leituras:
“Eu sou eu e minha circunstância, e  se não salvo a  ela, não me salvo a mim.”
-José Ortega y Gasset (9 de maio de 1883/18  de outubro de 1955), filósofo, ensaísta, jornalista e ativista político, considerado o maior filósofo espanhol do Século XX. 

Destaques:
ARMADILHAS DO AMOR

Autora: Christina Lauren

Carey Duncan é o braço direito  -e  superassistente-  do famoso casal de design  e  reformas de  casas, Melissa e Rusty Tripp. Ao longo de dez anos, ajudou-os  a  construir um império, e  agora estão à beira do estrelato com um novo programa de  TV e  o lançamento de um livro.  Há apenas um detalhe: o casal favorito das câmeras não se suporta. Christina Lauren é o pseudônimo da dupla de escritoras, Christina Hobbs e Lauren Billings, melhores amigas  e autoras  de mais de uma dezena de best-sellers. Suas obras já foram traduzidas para mais de trinta  idiomas.
Editora Faro Editorial.  223 páginas. R$ 54,90.     

PRA VOCÊ  QUE AINDA É ROMÂNTICO

Autor: Victor Fernandes 

Terceiro livro do autor, que já escreveu “Pra você que teve um dia ruim”   e  “Pra você que sente demais.” Nesta obra, Victor Fernandes compartilha experiências difíceis que enfrentou, afirmando  que  escrever foi seu modo de  superar a dor e transformar suas vivências  em mensagens de esperança e  empatia. 
Editora Planeta.  174  páginas. R$ 53,90.    

(As obras mencionadas  no Blog dos Livros podem ser encontradas na Revistaria e Livraria Nascente, localizada na Rua Saldanha Marinho, 1423, Cachoeira do Sul)