Blog dos Livros
Ternura e sutileza
O novo livro da mineira Thaís Campolina, “estado febril” (Macabéa Edições, 98 páginas), utiliza metáforas espaciais para discorrer sobre o amadurecimento, em especial de meninas e mulheres. Vencedora do Prêmio Poesia InCrível de 2021, com “eu investigo qualquer coisa sem registro,” a autora retorna à poesia com versos repletos de ternura e sutileza, consolidando-se como um dos nomes em destaque na cena da poesia contemporânea brasileira.
Além de ser uma entusiasta da linguagem poética, Thaís inspira-se em temas diversos que marcaram sua trajetória pessoal e intelectual: memórias familiares, conexões cósmicas, a criação do universo. Tudo isso sem perder de vista as histórias de mulheres -sejam as de seu convívio, como as avós, sejam as grandes cientistas e escritoras cujos feitos esquecidos ou atribuídos a colegas homens.
A Macabéa Edições, dedicada exclusivamente à publicação de autoras mulheres, conta com uma equipe editorial inteiramente feminina. Assim, os paratextos da obra também são assinados por mulheres: o texto de orelha é de Carla Guerson (ES); a contracapa, de Jeovanna Vieira (ES), e o posfácio, da brasiliense Letícia Miranda.
A memória é elemento recorrente no livro –segundo a autora, é na infância que estão as raízes de nossas descobertas, laços afetivos e exemplos familiares. “estado febril” é uma investigação poética sobre a desobediência feminina, suas origens, desdobramentos e caminhos possíveis. A história é de uma menina que resiste à domesticação e busca preservar sua autonomia.
O livro é dividido em quatro capítulos: “dupla hélice,” “corpo celular,” “lentes de quartzo” e “composição das estrelas” e cada um se inicia com um texto que resgata o legado apagado de uma cientista ou pesquisadora. A composição dos versos promove uma atmosfera de intimidade, como uma conversa sussurrada. O vocabulário é sofisticado, denso de metáforas, mas sem soar inacessível ou pedante.
Thaís Campolina, nascida em 1989, em Divinópolis (MG), é pós-graduada em Escrita e Criação pela Unifor. Atua como escritora, redatora, resenhista, facilitadora de oficinas e consultora editorial (leitura crítica, acompanhamento de projetos literários). É também mediadora nos clubes de leitura “Cidade Solitária,” “Leia Mulheres Divinópolis” e “Casa das Poetas,” além de curadora da página “Bafo de Poesia.”
Trecho:
“Aqui temos um livro labiríntico e sonoro. Passeamos entre as memórias e nos vemos refletidas nelas. Quase posso ouvir os sussurros que perpassam as histórias; o som seco do lápis escrevendo sobre uma página em branco ou a maciez da caneta deslizando; os cenários e os cantos emitem pequenos sons que reportam os tempos que passaram e os que hão de vir. Este é um livro escrito pelas mãos que atravessaram os anos, os séculos e os dias por meio da informalidade dos registros atráves da palavra falada.”
(Trecho do posfácio, assinado pela escritora Letícia Miranda)
OAB E DIREITOS HUMANOS I
Em parceria com a Caixa de Assistência dos Advogados e o Movimento de Justiça e Direitos Humanos, a Ordem dos Advogados do Rio Grande do Sul (OAB/RS) lançou o livro “Quando a notícia pode salvar vidas –Quatro décadas do Prêmio Direitos Humanos de Jornalismo,” em cerimônia realizada em Porto Alegre.
OAB E DIREITOS HUMANOS II
A obra celebra os 40 anos do Prêmio Direitos Humanos de Jornalismo, criado em 1984. Ela reúne os títulos das reportagens premiadas ao longo das décadas e resgata a trajetória da premiação, hoje consolidada como uma das mais importantes do país. Também apresenta um breve histórico da evolução dos direitos humanos no Brasil, com base em registros audiovisuais e escritos enviados nas inscrições ao longo dos anos.
Leituras:
“Não me envergonho de mudar de ideia, porque não me envergonho de pensar.”
-Blaise Pascal (19 de junho de 1623/19 de agosto de 1662), matemático, escritor, físico, inventor, filósofo e teólogo francês.
Destaques:
AMOR DE MANJERICÃO
Autora: Ana Paula Couto
Neste romance de estreia, Ana Paula Couto explora com humor e sensibilidade os dilemas de uma mulher de mais de 40 anos que enfrenta um divórcio, vive novas paixões e redescobre a si mesma. Natural de Nova Friburgo (RJ), onde ainda reside, é professora de Língua Inglesa há mais de duas décadas. Redescobriu a paixão pela escrita durante a pandemia, participando de antologias antes de lançar sua primeira obra solo.
Editora Ases da Literatura. 230 páginas.
O MENINO E O LIVREIRO
Autora: Andrea Jundi
Com vasta experiência no mercado audiovisual, Andrea Jundi estreia na literatura com “O menino e o livreiro”, romance sobre rejeição, abandono e reconstrução. O protagonista, Carlos, um menino de dez anos, enfrenta solidão e negligência, mas encontra refúgio ao conhecer Romeo, um livreiro idoso, e seu assistente Pietro.
Editora E-Galáxia. 252 páginas.
(As obras mencionadas no Blog dos Livros podem ser encontradas na Revistaria e Livraria Nascente, localizada na Rua Saldanha Marinho, 1423, Cachoeira do Sul)
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