Blog dos Livros

Ternura e sutileza

23/05/2025 13:35 - por Mildo Fenner mildofenner@hotmail.com

O novo livro da mineira Thaís Campolina, “estado febril” (Macabéa Edições,  98 páginas), utiliza metáforas espaciais  para discorrer sobre o amadurecimento, em especial de meninas e mulheres. Vencedora do Prêmio Poesia InCrível de 2021, com “eu investigo qualquer coisa sem registro,” a autora retorna à poesia com versos repletos de ternura e sutileza, consolidando-se como um dos nomes em destaque na cena da  poesia  contemporânea brasileira.

Além de ser uma entusiasta da linguagem poética, Thaís inspira-se em temas diversos que marcaram  sua trajetória pessoal e intelectual: memórias familiares, conexões cósmicas, a  criação do universo.  Tudo isso sem perder de vista as histórias de mulheres -sejam as de seu convívio,  como as avós, sejam as grandes cientistas e  escritoras cujos  feitos esquecidos  ou atribuídos a colegas homens.

A Macabéa Edições, dedicada exclusivamente à publicação  de autoras mulheres, conta com uma equipe editorial inteiramente feminina. Assim, os paratextos da obra também são assinados por mulheres:  o texto de orelha  é de Carla Guerson (ES); a contracapa, de  Jeovanna Vieira (ES), e o posfácio, da brasiliense  Letícia Miranda.

A memória é elemento recorrente no livro –segundo a  autora, é na infância  que estão as raízes de nossas descobertas, laços afetivos e  exemplos familiares. “estado febril” é uma investigação poética sobre a desobediência feminina, suas origens, desdobramentos e caminhos possíveis. A história é de uma menina  que resiste à domesticação e busca  preservar  sua autonomia.  

O livro é dividido em quatro capítulos: “dupla hélice,” “corpo celular,” “lentes de quartzo” e “composição das estrelas” e cada um se inicia com um texto que resgata o legado apagado   de uma cientista ou pesquisadora. A composição dos versos promove uma atmosfera  de intimidade, como uma conversa sussurrada. O vocabulário é sofisticado, denso de metáforas, mas sem soar inacessível ou pedante. 

Thaís Campolina, nascida em 1989, em  Divinópolis (MG), é pós-graduada em Escrita e Criação pela Unifor.  Atua como escritora, redatora, resenhista, facilitadora de oficinas e consultora editorial (leitura crítica, acompanhamento de projetos literários). É também mediadora nos clubes de leitura “Cidade Solitária,” “Leia Mulheres Divinópolis”  e  “Casa das Poetas,” além de curadora da página “Bafo de Poesia.”

Trecho:
“Aqui temos um livro labiríntico e  sonoro. Passeamos entre as memórias e nos vemos refletidas nelas. Quase posso ouvir os sussurros que perpassam as histórias; o som seco do lápis escrevendo  sobre uma página em branco ou  a maciez da caneta deslizando; os cenários e os cantos emitem pequenos sons que reportam os tempos que passaram e os que hão de vir. Este é um livro escrito pelas mãos que atravessaram os anos,  os séculos e os dias por meio da informalidade  dos registros  atráves da palavra falada.”
(Trecho do posfácio, assinado pela escritora Letícia Miranda)

OAB E DIREITOS HUMANOS I
Em parceria com a Caixa de Assistência dos Advogados  e o Movimento de Justiça e Direitos Humanos, a Ordem dos Advogados do Rio Grande do Sul (OAB/RS) lançou o livro “Quando a notícia pode salvar vidas –Quatro décadas   do Prêmio Direitos  Humanos de Jornalismo,” em cerimônia realizada em Porto Alegre.

OAB E  DIREITOS HUMANOS II
A obra  celebra os 40 anos do Prêmio Direitos Humanos de Jornalismo, criado em 1984. Ela reúne os títulos das reportagens premiadas ao longo das décadas e resgata a trajetória da premiação, hoje consolidada como uma das mais importantes do país. Também apresenta um breve histórico da evolução dos direitos humanos no Brasil, com base em registros audiovisuais e escritos enviados nas inscrições ao longo dos anos. 

Leituras:
“Não me envergonho de mudar de ideia, porque não me envergonho de pensar.”
-Blaise Pascal (19 de junho de 1623/19 de agosto de 1662), matemático, escritor, físico, inventor, filósofo e teólogo francês.

Destaques:
AMOR DE MANJERICÃO


Autora:
Ana Paula Couto 

Neste romance de estreia, Ana Paula Couto explora com humor e sensibilidade os dilemas de uma mulher de mais de 40 anos que enfrenta um divórcio, vive novas paixões e redescobre a si mesma. Natural de Nova Friburgo (RJ), onde ainda reside, é professora de Língua Inglesa há mais de duas décadas. Redescobriu a paixão pela escrita durante a pandemia, participando de antologias antes de lançar  sua primeira obra solo.
Editora Ases da Literatura. 230 páginas.      

O MENINO E O LIVREIRO 


Autora: Andrea Jundi

Com vasta  experiência no mercado audiovisual, Andrea Jundi estreia na literatura  com “O menino e o livreiro”, romance sobre rejeição, abandono e  reconstrução. O protagonista, Carlos, um menino de  dez anos, enfrenta solidão e negligência, mas encontra refúgio ao conhecer Romeo, um livreiro idoso, e seu assistente Pietro. 
Editora E-Galáxia.  252  páginas. 

(As obras mencionadas  no Blog dos Livros podem ser encontradas na Revistaria e Livraria Nascente, localizada na Rua Saldanha Marinho, 1423, Cachoeira do Sul) 

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