Blog dos Livros

Memórias soterradas

12/12/2025 09:42 - por Mildo Fenner mildofenner@hotmail.com

A escritora e professora Thalita Coelho apresenta ao público seu mais novo romance, “Ressaca,”  uma narrativa potente e  sensível que entrelaça as vidas de Marcela, uma professora que vê seu mundo desmoronar com a perda de uma aluna, e Leo, sua filha,  cuja existência ecoa traumas  há muito enterrados. 

A obra utiliza o realismo fantástico  como estratégia  para  abordar temas  densos como o luto, o abuso sexual infantil e as complexidades da maternidade e  das relações familiares não normativas. O livro conta  com texto de prefácio assinado pela escritora  Monique Malcher  e texto de orelha  pela escritora Nalü Romano.

A narrativa fragmentada de “Ressaca” constrói  sua força a partir de um evento  traumático real  que impactou a autora:  o suicídio de uma ex-aluna. A construção do romance levou cinco anos, um período de intensa transformação pessoal para   a autora, que vivenciou seu casamento, uma gravidez e a perda de sua avó. Este  processo criativo  resultou em uma obra repleta de símbolos.

A trama se desenrola  em um cenário marcante:  o litoral catarinense, com o mar atuando  não apenas como pano de fundo,  mas como uma força narrativa central,  arrastando personagens e  leitores para um turbilhão  de emoções. A presença constante do mar não é acidental. Thalita,  que sempre viveu em cidades litorâneas, declara na obra  que “o mar  é parte importante  de minha escrita, especialmente em “Ressaca,”  funcionando como uma metáfora  para as memórias  que insistem em voltar.”

Thalita é escritora,  professora e doutora em Literatura pela Universidade Federal de Santa Catarina.   Estreou na literatura com “Terra Molhada,” uma coletânea de  poemas, e publicou o romance “Desmemória,” semifinalista do Prêmio Jabuti.  Sua obra literária  cruza a  memória  e a  resistência, sempre com um olhar sensível e aguçado  para as complexidades  humanas.

Trecho:
“As personagens  vez ou outra são desumanizadas nos espaços que habitam, mas reatualizam  a própria existência  ao recriarem  seus corpos que sentem, desejam e  se fundem ao mar. Elas são mais do que mulheres, não há palavra que explique. E um dos grandes méritos deste romance, para além de sua construção delicada, poética, bem humorada e  envolvente, é nos fazer acessar   a existência de mulheres que fogem à norma  e  querer ser banhada pelo seu caos  marítimo.”
(Monique Malcher, no texto de prefácio da obra)

CAFÉ COM DEUS PAI 
Notícia do jornal “O Estadão” dá conta  que o podcast de “Café com Deus pai”  foi o mais ouvido do Spotify em 2025.  Derivado do livro com o mesmo nome, de autoria de Júnior Rostirola, o podcast reproduz o conteúdo em episódios curtos, publicados todos os dias. No mês de novembro  a  edição de 2026 do livro entrou para a Lista Nielsen-PublishNews de Mais Vendidos. O autor já anunciou a chegada de novos títulos que expandem o universo da obra, como o “Café com Deus  Pai Teens”  e  a  coleção “Café com Deus Pai Kids,” formada com quatro livros com conteúdos preparados especialmente para crianças.

SERGIUS GONZAGA NA ARL
Tomou posse na cadeira 35 da Academia Rio-Grandense de Letras o professor, escritor e intelectual Sergius Gonzaga. A cadeira 35 tem como patrono o escritor Roque Callage. Sergius  foi secretário de Cultura de Porto Alegre e é autor de diversas obras, como “Curso de Literatura Brasileira,” “Érico Veríssimo” e “Josué Guimarães.”

Leituras:
“Recria tua vida, sempre, sempre. Remove pedras, e planta roseiras, e  faz doces. Recomeça!”
-Cora Coralina (20 de agosto de 1889/10 de  abril de 1985), uma das mais importantes poetas e contistas brasileiras,  conhecida por sua escrita simples e profunda,  tendo publicado seu primeiro livro aos 76 anos, tornando-se um símbolo da literatura nacional. 

Destaques:      

ESQUECEMOS OS NOMES DOS PÁSSAROS                                


Autora: Sarah Munck

Novo livro da poeta e professora Sarah Munck,  em que constrói uma narrativa engajada  com as dores coletivas  e as resistências íntimas,  colocando a linguagem a serviço da memória e da denúncia. O livro transita entre o lírico e  o político e  é um manifesto sobre as vozes femininas, a violência social e arte como refúgio em tempos de barbárie, dando corpo a experiências historicamente silenciadas. Natural de Juiz de Fora (MG), Sarah é doutora em Letras  e já escreveu “O diagnóstico do espelho.”
Provérbio Editora. 97 páginas.    

O AMOR NÃO SE ESCREVE


Autor: Ricardo Hoffmann

Publicitário, gaúcho de Cachoeira do Sul, Ricardo Hoffmann  tem vários trabalhos publicados, entre eles os livros “Escritos de Quarentena” (em co-autoria), “Control M,” “Dora,”  “Todavia No”  e “O homem que não sabia.” Com prefácio de Mirian Ritzel e posfácio de Tatiana B. Müller,  o livro  combina memória, ficção e filosofia em forma de crônicas e marca a estreia do escritor pela Editora Patuá.
Editora Patuá. 90  páginas. R$ 40,00.

(As obras mencionadas  no Blog dos Livros podem ser encontradas na Revistaria e Livraria Nascente, localizada na Rua Saldanha Marinho, 1423, Cachoeira do Sul) 

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