Blog dos Livros
Memórias soterradas
A escritora e professora Thalita Coelho apresenta ao público seu mais novo romance, “Ressaca,” uma narrativa potente e sensível que entrelaça as vidas de Marcela, uma professora que vê seu mundo desmoronar com a perda de uma aluna, e Leo, sua filha, cuja existência ecoa traumas há muito enterrados.
A obra utiliza o realismo fantástico como estratégia para abordar temas densos como o luto, o abuso sexual infantil e as complexidades da maternidade e das relações familiares não normativas. O livro conta com texto de prefácio assinado pela escritora Monique Malcher e texto de orelha pela escritora Nalü Romano.
A narrativa fragmentada de “Ressaca” constrói sua força a partir de um evento traumático real que impactou a autora: o suicídio de uma ex-aluna. A construção do romance levou cinco anos, um período de intensa transformação pessoal para a autora, que vivenciou seu casamento, uma gravidez e a perda de sua avó. Este processo criativo resultou em uma obra repleta de símbolos.
A trama se desenrola em um cenário marcante: o litoral catarinense, com o mar atuando não apenas como pano de fundo, mas como uma força narrativa central, arrastando personagens e leitores para um turbilhão de emoções. A presença constante do mar não é acidental. Thalita, que sempre viveu em cidades litorâneas, declara na obra que “o mar é parte importante de minha escrita, especialmente em “Ressaca,” funcionando como uma metáfora para as memórias que insistem em voltar.”
Thalita é escritora, professora e doutora em Literatura pela Universidade Federal de Santa Catarina. Estreou na literatura com “Terra Molhada,” uma coletânea de poemas, e publicou o romance “Desmemória,” semifinalista do Prêmio Jabuti. Sua obra literária cruza a memória e a resistência, sempre com um olhar sensível e aguçado para as complexidades humanas.
Trecho:
“As personagens vez ou outra são desumanizadas nos espaços que habitam, mas reatualizam a própria existência ao recriarem seus corpos que sentem, desejam e se fundem ao mar. Elas são mais do que mulheres, não há palavra que explique. E um dos grandes méritos deste romance, para além de sua construção delicada, poética, bem humorada e envolvente, é nos fazer acessar a existência de mulheres que fogem à norma e querer ser banhada pelo seu caos marítimo.”
(Monique Malcher, no texto de prefácio da obra)
CAFÉ COM DEUS PAI
Notícia do jornal “O Estadão” dá conta que o podcast de “Café com Deus pai” foi o mais ouvido do Spotify em 2025. Derivado do livro com o mesmo nome, de autoria de Júnior Rostirola, o podcast reproduz o conteúdo em episódios curtos, publicados todos os dias. No mês de novembro a edição de 2026 do livro entrou para a Lista Nielsen-PublishNews de Mais Vendidos. O autor já anunciou a chegada de novos títulos que expandem o universo da obra, como o “Café com Deus Pai Teens” e a coleção “Café com Deus Pai Kids,” formada com quatro livros com conteúdos preparados especialmente para crianças.
SERGIUS GONZAGA NA ARL
Tomou posse na cadeira 35 da Academia Rio-Grandense de Letras o professor, escritor e intelectual Sergius Gonzaga. A cadeira 35 tem como patrono o escritor Roque Callage. Sergius foi secretário de Cultura de Porto Alegre e é autor de diversas obras, como “Curso de Literatura Brasileira,” “Érico Veríssimo” e “Josué Guimarães.”
Leituras:
“Recria tua vida, sempre, sempre. Remove pedras, e planta roseiras, e faz doces. Recomeça!”
-Cora Coralina (20 de agosto de 1889/10 de abril de 1985), uma das mais importantes poetas e contistas brasileiras, conhecida por sua escrita simples e profunda, tendo publicado seu primeiro livro aos 76 anos, tornando-se um símbolo da literatura nacional.
Destaques:
ESQUECEMOS OS NOMES DOS PÁSSAROS

Autora: Sarah Munck
Novo livro da poeta e professora Sarah Munck, em que constrói uma narrativa engajada com as dores coletivas e as resistências íntimas, colocando a linguagem a serviço da memória e da denúncia. O livro transita entre o lírico e o político e é um manifesto sobre as vozes femininas, a violência social e arte como refúgio em tempos de barbárie, dando corpo a experiências historicamente silenciadas. Natural de Juiz de Fora (MG), Sarah é doutora em Letras e já escreveu “O diagnóstico do espelho.”
Provérbio Editora. 97 páginas.
O AMOR NÃO SE ESCREVE

Autor: Ricardo Hoffmann
Publicitário, gaúcho de Cachoeira do Sul, Ricardo Hoffmann tem vários trabalhos publicados, entre eles os livros “Escritos de Quarentena” (em co-autoria), “Control M,” “Dora,” “Todavia No” e “O homem que não sabia.” Com prefácio de Mirian Ritzel e posfácio de Tatiana B. Müller, o livro combina memória, ficção e filosofia em forma de crônicas e marca a estreia do escritor pela Editora Patuá.
Editora Patuá. 90 páginas. R$ 40,00.
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(As obras mencionadas no Blog dos Livros podem ser encontradas na Revistaria e Livraria Nascente, localizada na Rua Saldanha Marinho, 1423, Cachoeira do Sul)
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