Blog dos Livros
UM RETRATO SENSÍVEL
Considerado pelo “New York Times” como o melhor livro do ano em 1995, “A lacuna” (Editora Verus, 443 páginas, R$ 19,90), de autoria de Barbara Kingsolver, é ao mesmo tempo uma obra épica e também profundamente pessoal, falando sobre vários mundos que se entrelaçam.
A crítica teceu enormes elogios quando foi lançado. Assim se manifestou o exigente Washington Post: “O livro mais maduro e ambicioso que Barbara Kingsolver já escreveu. Um retrato apaixonante da vida nos Estados Unidos, numa época em que o país passava rapidamente da Depressão para a Grande Guerra e o consumismo, atravessado pela paranoia política. Um romance profundo com uma tela ampla e colorida. Em última análise, uma história comovente sobre um homem sensível.”
Na obra, a escritora leva o leitor a uma jornada épica do México de Frida Kahlo e Diego Rivera à América de Pearl Harbor, Roosevelt e J. Edgar Hoover, contando a história de um homem dividido entre duas nações.
Harrison William Shepherd é filho de pai americano e mãe mexicana. Após ser expulso da academia militar dos Estados Unidos, Harrison passa seus anos de formação no México, na década de 1930, na casa de Diego Rivera, sua mulher, Frida Kahlo, e Leon Trótski, hospedado com o casal para fugir de assassinos soviéticos. Depois que Trótski é morto, Harrison volta para os Estados Unidos e se estabelece em Asheville, Carolina do Norte, onde se torna um escritor de sucesso e mais tarde é investigado por suspeita de subversão.
O livro é narrado em forma de cartas, diários e recortes de jornal, com a autora ressuscitando um período negro na história americana.
Barbara Kingsolver é autora de obras de ficção, entre elas, “A Bíblia envenenada” e “Verão pródigo,” além de livros de poesia, ensaios e não ficção, como “O mundo é o que você come.” Já foi traduzida para mais de vinte idiomas e recebeu prêmios literários em todo o mundo. Em 2000, recebeu a “National Humanities Medal,” a maior honraria americana por serviços prestados às artes. Com “A lacuna,” venceu em 2010 o “Orange Prize,” um dos prêmios literários mais prestigiados do Reino Unido.
Americana, nascida em 8 de abril de 1955, foi criada na zona rural de Kentucky e viveu desde a infância no Congo. Formou-se em Biologia na Univesidade do Arizona e trabalhou como freelancer antes de se tornar escritora.
Trecho:
“Quando ela surgiu com os braços carregados e jogou a correspondência e os jornais na beirada da mesa da sala de jantar, meus primeiros pensamentos foram totalmente egoístas. Agora, essa confusão. O mundo se intromete. Eu queria que ela tirasse mais alguns dias de folga depois de nosso retorno, ansioso por passar algum tempo no andar de cima, sem ser incomodado. Para poder usar meu pijama até a hora do jantar, as cortinas fechadas, dedicando-me totalmente à história do lorde Itzá e seus problemas. Uma história precisa de uma boa tragédia.”
(página 360)
ENCAIXOTANDO
“Encaixotando minha biblioteca” (Editora Companhia das Letras, 184 páginas, R$ 44,90) conta a história de Alberto Manguel, que no verão de 2015 precisou, por motivo de mudança, se desfazer de sua biblioteca pessoal, com cerca de 35 mil volumes. No livro, ele fala de forma apaixonada sobre a sua relação com os livros e faz reflexões sobre a importância deles e seu papel para uma sociedade democrática e engajada.
VENDAS DE PAULO FREIRE
O jornal O Globo destacou em reportagem no último final de semana que houve aumento no Brasil na venda dos livros do educador Paulo Freire, que completou seu centenário de nascimento no dia 19 de setembro. Segundo informou o jornal, as vendas das obras de Freire cresceram ao todo 15 por cento, sendo que alguns títulos conquistaram crescimento extraordinário, como “Educação como prática da liberdade,” que aumentou em 401 por cento a procura.
Leituras:
“De vez em quando é necessário a gente se perguntar se dentro de nós é um bom lugar para se viver. Tenho me perguntado isso...e a resposta é sim, sou um bom lugar.”
(Caio Fernando Abreu, jornalista, dramaturgo e escritor gaúcho, nascido em Santiago. Faleceu em 25 de fevereiro de 1996, aos 47 anos).
Destaques:
IMPRENSA TÓXICA
Autor: José Bernardes
Nascido em Cachoeira do Sul, José Bernardes é jornalista e ensaísta, com 45 anos de jornalismo e quatro como escritor, com pós-graduação em Jornalismo Literário. Crítico feroz da imprensa atual que, segundo ele, agoniza, sendo que “a pandemia do Covid-19 acelerou a decomposição de sua alma e de seu corpo, devido ao desastroso comportamento na cobertura da doença planetária.” Entre outras obras, escreveu também “Odisseia dos Kenj” e “Vestígios”, sendo co-autor de “Pense bem!”
Editora ArtLetras. 187 páginas. R$ 40,00.
O SONHO DE AMADEO
Autor: Leonardo Costa de Oliveira
Romance de estreia deste autor, que foi o vencedor do Prêmio Literário UCCLA, edição 2021, na categoria Novos Talentos. No livro, Leonardo apresenta o mundo onírico e complexo de Amadeo, um jovem pintor que se perde nas tensões cotidianas, entre o real e o imaginário, o sonho e a realidade, entre a vida e a morte. Nascido em Paracambi, interior do Rio de Janeiro, em 1983, é geólogo, mestre em análise de bacias sedimentares e doutor em geociências. Além de escritor, é também guitarrista e vocalista em bandas de rock alternativo.
Editora Penalux. 143 páginas. R$ 42,00.
(As obras apontadas no Blog dos Livros podem ser encontradas junto à Livraria Coralina, na Rua 7 de Setembro, 578, Cachoeira do Sul)