Blog da Poesia
A contracultura de Nicolas Behr
Nicolas Behr nasceu em Cuiabá em 1958. Reside em Brasília desde 1974. Sua escrita associa-se a geração mimeografo e a poesia marginal, caracterizada pelo baixo custo de produção, pela praticidade e pelo caráter de resistência. Foi um dos nomes mais relevantes do movimento ao lado de Chacal e Chico Alvim.
Em 1977, lançou Iogurte com farinha — seu primeiro feito em mimeógrafo, com 8.000 cópias vendidas de mão em mão pelos bares e outros locais públicos da Capital Federal. Suas obras mais relevantes foram Laranja Seleta de 2007 e Brasilíada de 2010. Poeta visceral sem preocupação com a estética ou a forma. Representante fiel da contracultura e da arte engajada. Sofisticado na semântica. Poesia de aparência simples, espontânea. Coloquial. De essência breve.
sou um poeta sem eira nem beira
ninguém me chama Manuel Bandeira
se eu for pro céu vou levar uma latinha de spray
pra no caminho ficar escrevendo poeminhas nas nuvens.
Nicolas Behr


nem tudo
que é torto
é errado
veja as pernas
do garrincha
e as árvores
do cerrado

Amor líquido
sem beijo
as salivas se revoltam
boca desértica
língua de areia
lambendo tamanduás
quando nos beijamos
lagoas de desejos nos inundam,
peixes se dissolvem
águas se liquefazem
eu quero é me afogar
nesse pântano de cuspe
tuiuiús tuiuiuam
sobre nossos lábios,
barrancos a desmoronar
jacarés mordem
nossas línguas
capivaras pastam
entres os dentes
irritantes garças bicam os céus
de nossas boca
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