Blog da Poesia
Mário Quintana e o tempo
Seiscentos e Sessenta e Seis, conhecido também como O tempo, é dos mais famosos poemas de Mario Quintana. Ao longo dos versos o poeta expõe questões relacionadas com a transitoriedade do tempo. Reflete sobre sua urgência.
O passar das horas, dos dias e dos anos mobilizam o sujeito poético, que pondera sobre o que fez da vida.
Em tom de diálogo - com versos livres e uma estrutura informal – o poema se direciona ao leitor e procura partilhar um conselho a partir da experiência do vivido.
No poema, fica subentendido que o autor não pode voltar atrás, refazer sua vida, corrigir seus erros – mas pode sim, partilhar a sua sabedoria a quem possa interessar.
Poema de linguagem e estrutura simples, no entanto denso, amostra perfeita da escrita singular do anjo poeta.
Seiscentos e Sessenta e Seis
A vida é uns deveres que nós trouxemos para fazer em casa.
Quando se vê, já são 6 horas: há tempo…
Quando se vê, já é 6ª-feira…
Quando se vê, passaram 60 anos!
Agora, é tarde demais para ser reprovado…
E se me dessem – um dia – uma outra oportunidade,
eu nem olhava o relógio
seguia sempre em frente…
E iria jogando pelo caminho a casca dourada e inútil das horas.
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Plano piloto para poesia concreta [1958]
Por Augusto de Campos, Décio Pignatari e Haroldo de Campos