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Mário de Sá Carneiro

16/11/2022 13:31 - por Tiago Vargas

Mário de Sá Carneiro nasceu em Lisboa, no dia 19 de maio de 1890. Foi considerado ao lado de Fernando Pessoa, um dos maiores escritores da literatura portuguesa e um dos expoentes do modernismo no país lusitano. Entre os anos de 1912 e 1916 compôs a maior parte de sua obra literária deixando uma inestimável e valorosa contribuição por meios de livros como, Princípio (novelas - 1912), Memórias de Paris (coletânea de memórias - 1913), A Confissão de Lúcio (romance - 1914), Dispersão (poesia – 1914) e o último publicado em vida, Céu em Fogo (novelas – 1915), além das correspondências trocadas com Pessoa, postumamente organizadas e publicadas em dois volumes em 1958 e 1959. Em sua poesia destacou-se uma peculiar ironia auto sarcástica . A melancolia e o descontentamento também foram temas recorrentes em sua escrita. Mário de Sá-Carneiro suicidou-se no Hotel de Nice, em Paris, no dia 26 de abril de 1916.


Morte, que mistérios encerras?...
Ninguém o sabe...
Todos o podem saber... 
Basta ir ao teu encontro,
corajosa,
resolutamente,
que nenhum mistério existirá já!
Mário de Sá-Carneiro

Perdi-me dentro de mim
Porque eu era labirinto,
E hoje, quando me sinto,
É com saudades de mim.
[...]
Como se chora um amante,
Assim me choro a mim mesmo:
Eu fui amante inconstante
Que se traiu a si mesmo
Mário de Sá-Carneiro

A sala do castelo é deserta e espelhada.
Tenho medo de mim. Quem sou? ¿De onde cheguei?...
Aqui, tudo já foi... Em sombra estilizada,
A cor morreu --- e até o ar é uma ruína...
Vem de Outro tempo a luz que me ilumina ---
Um som opaco me dilui em Rei...
Mário de Sá-Carneiro

Fim
Quando eu morrer batam em latas,
Rompam aos saltos e aos pinotes,
Façam estalar no ar chicotes,
Chamem palhaços e acrobatas!
Que o meu caixão vá sobre um burro
Ajaezado à andaluza...
A um morto nada se recusa,
Eu quero por força ir de burro.
Mário de Sá Carneiro

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