Blog Do Mistério

Uma história de mistério em Cachoeira do Sul

04/08/2022 09:30 - por Gisele Wommer

Tantas histórias de fantasmas têm recheado as páginas do Blog do Mistério. Na véspera do aniversário do Município de Cachoeira do Sul, vamos falar de algo local. Cachoeira também tem os seus fantasmas.

Paredes antigas guardam histórias de outras épocas, de outras pessoas, de outras vidas. Quando você entra em uma edificação com um certo tempo, pode imaginar que alguém a construiu com algum propósito, que aquele local foi planejado, sonhado e que pessoas que você nunca conhecerá tiveram por ali os seus momentos felizes, tristes, viveram e quiçá morreram naquele local que tem atravessado épocas. E essas histórias, esses desejos antigos, essa energia que paira pelo ar há tantos anos são como ecos do passado, e facilmente se manifestam sob forma de fantasmas, para quem neles acredita.

A Casa de Cultura Paulo Salzano Vieira da Cunha esconde uma sinistra história de aparição e mistério. Possivelmente mais de uma, mas esta é um tanto impressionante. Ao longo dos anos muitas pessoas que utilizam o local relatam ver uma certa criança perambulando pelos corredores e nas escadas que dão acesso ao porão. Os relatos às vezes são acompanhados dos pianos que se tocam sozinhos, dos livros que amanhecem pelo chão e a menina é descrita como quase adolescente, vestida com trajes de época e um grande laço na cabeça.

Mas são apenas histórias, imaginário popular. Quando temos muito medo de algo, aquilo praticamente se materializa para nós, pode haver uma explicação psicológica, ou não. Bibliotecas têm seus próprios mistérios, casas antigas também, imaginem os dois no mesmo local. Para entender precisamos voltar no tempo, para muito antes de uma biblioteca funcionar na casa, possivelmente quando nem se cogitava que isso aconteceria algum dia. Precisamos voltar para a época em que habitou ali a família de seu primeiro proprietário, o Dr. Balthazar de Bem. 

Os jornais mantidos no Arquivo Histórico Municipal de Cachoeira do Sul dão conta de que a casa estava concluída em 1917, planejada para ser a imponente residência da família do ilustre Dr. Balthazar, com seu teto móvel e suas várias dependências. Uma casa luxuosa, mais do confortável, um palacete. Mas pouco habitada pela família, viveram ali de 1917 até 1924, mesma época em que a filha mais velha do casal Marina e Balthazar faleceu, por volta dos doze anos de idade. 

A família mudou-se para um imóvel nos fundos, de frente para a rua Saldanha Marinho. Porém também permaneceu pouco tempo, pois o Dr. Balthazar morreu tragicamente naquele mesmo ano. Marina mudou-se para Porto Alegre com o que restou de sua família.

É uma história triste e documentadamente comprovada. Não se sabe do que a menina morreu, mas convenhamos que a mortalidade infantil não era rara há mais de 100 anos, infelizmente morrer era comum entre as crianças. Para finalizar a história, não bastasse o fato de a data da mudança ser compatível com a da perda, em uma das poucas fotos da família, encontra-se uma criança utilizando uma espécie de tope na cabeça. 

Mistério leitor, simplesmente mistério!

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Fototeca do Museu Municipal

Curiosidade: Antes de ser Casa de Cultura o local abrigou o Clube Comercial; a União Cachoeirense de Estudantes, a Escola Municipal de Belas Artes, a Escola Superior de Artes Santa Cecília entre outras entidades. 

“O passado não reconhece o seu lugar: está sempre presente...” Mário Quintana.

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