Blog do Mistério

A arquitetura dos mortos: o macabro ritual do Hitobashira

27/11/2025 10:29 - por Gisele Wommer giwommer@gmail.com

Ferro, madeira, concreto e um cadáver humano. Por quase 200 anos, essa foi a combinação que sustentou algumas das maiores obras japonesas, em uma técnica conhecida como Hitobashira. O método consistia em selar um corpo humano dentro de pilares, muralhas ou fundações.

A crença da época dizia que unir uma pessoa a um grande monumento, para toda a eternidade, funcionava como uma oferenda aos deuses, garantindo proteção e êxito à construção. A presença daquele corpo também representava a figura de um guardião invisível, dedicado a zelar pelo novo empreendimento.

Diferente dos sacrifícios ritualísticos praticados por outras culturas, como os maias, o Hitobashira não envolvia matar alguém especificamente para a obra. Os corpos usados já pertenciam a pessoas que haviam morrido, e há relatos de samurais que consideravam essa prática uma honra. Muitos expressavam em vida o desejo de que seus restos mortais fossem integrados a um local sagrado, jurando, mesmo após a morte, proteger o espaço para sempre.

Ainda assim, a ideia de retirar um corpo de seu repouso e selá-lo dentro de uma estrutura não deixa de soar macabra. Talvez por isso a técnica tenha sido completamente abandonada no século XX.

Hoje, a prática divide opiniões: enquanto alguns a veem como um gesto de devoção ancestral, muitos desses locais são considerados assombrados. Há quem afirme que tudo não passa de lenda urbana. No entanto, a verdade é que jamais se desmontaram os pilares para descobrir o que realmente os sustenta.

 

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