Blog do Mistério
A menina da figueira
Esta história, contada por avós ao pé do fogão e passada de geração em geração, é um conto popular brasileiro que oscila entre a verdade, a lenda e o mistério.
Diz-se que certa vez uma garota vivia sozinha com o pai, viúvo há muitos anos. Ela tinha longas madeixas douradas e guardava a lembrança terna de uma mãe carinhosa, que sempre lhe escovava os cabelos como se fossem fios de ouro.
Uma vizinha, interessada no viúvo, começou a tratar a menina com extrema gentileza. A jovem, convencida de que o pai merecia companhia, estimulou-o a se casar novamente. Mas, tão logo o casamento aconteceu, a bondosa vizinha revelou sua verdadeira face: como madrasta, passou a destratar a menina cruelmente.
Nos fundos da casa havia uma enorme figueira. A madrasta decidiu que a garota deveria vigiar os figos dia e noite, impedindo que qualquer passarinho os tocasse, e logo proibiu a jovem até mesmo de entrar em casa.
Durante uma viagem do pai, a madrasta acusou a enteada de negligência, afirmando que muitos figos haviam sido bicados. Enfurecida, espancou a jovem sem piedade. Ao final, com a menina desacordada, teria enterrado o corpo perto da figueira.
Quando o pai voltou, a mulher afirmou que a garota havia simplesmente desaparecido. Mais tarde, um vizinho foi pedir capim para o cavalo e, ao se aproximar da figueira, ouviu um canto lamurioso emergindo da terra:
“Não me corte os meus cabelos,
Minha mãe me penteou, minha madrasta me enterrou,
Pelos figos da figueira que o passarinho bicou.
Xô, passarinho… xô, passarinho da figueira de meu pai.”
Assustado, chamou o dono da casa. Juntos, começaram a cavar a terra com desespero, e encontraram a menina viva, para alívio de todos.
Assim terminou um casamento curto… e começou, enfim, o verdadeiro final feliz.
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