De autoria do premiado escritor  Edimilson de Almeida Pereira,  importante expoente da literatura brasileira contemporânea, “Cada bicho um seu canto” (Editora FTD Educação,  40 páginas, R$ 51,00) apresenta  vinte e cinco poemas  que trazem um novo olhar  para o mundo animal e para a poesia infantil. O título foi publicado originalmente em 1988, em pequena tiragem, pelo selo Edições d’lira, de Minas Gerais,  e  agora é relançado. 

A nova edição  ganhou ilustrações  do designer e artista gráfico  Edson Ikê, que trabalha com diversas técnicas  de ilustração, como a xilogravura, e mistura essa arte antiga a métodos  inovadores e originais. O ponto de partida para a  criação do livro foram os poemas de Frederico García Lorca,  poeta espanhol  morto pela ditadura do general  Francisco Franco, em 1936.  Segundo o autor,   os poemas do livro  foram inspirados  pelas músicas  e  pelas imagens de Lorca, que em sua obra também cantou o reino animal e  suas pequenas grandezas, comparáveis em muitos aspectos  à vida em sociedade.

O autor surpreende o leitor já no título do livro, escolhendo uma expressão  pouco usual para denominá-lo: cada bicho um seu canto,  brincando não só com a ordem das palavras  como também com o significado delas,  como se percebe no duplo sentido da palavra canto. 

A intenção dos poemas não é atribuir aos animais atributos morais humanos, como na fábula,  segundo explica o autor. O propósito é demonstrar  que participamos  todos de um mundo de seres viventes, que têm suas modalidades  de linguagem, seus sistemas de comunicação, e  que interagem  entre si, acrescenta. 

O projeto gráfico do livro se aproveita dessa originalidade e surpreende  ao dispor o título dos poemas em diferentes posições  em cada página, isto é, em diferentes cantos –uma brincadeira que já começa na capa.  As cores utilizadas pelo premiado  artista gráfico Edson Ikê e a   forma como ele compôs as ilustrações  dão ação e movimento para as cenas descritas nos versos e  fazem a imaginação  do leitor voar, como se ouvisse a vespa ou o som do flautim do jabuti.

Os poemas de  Edimilson  apresentam os mais variados bichos, como o rinoceronte, a raposa e o cupim, vistos sob formas diferentes e  descritos a partir  de aspectos divertidos de seu comportamento.  Os leitores são instigados  a saborear   a  linguagem poética da  escrita, com seus jogos sonoros, imagens inusitadas e metáforas divertidas, usando palavras simples e conhecidas das crianças em versos de grande qualidade estética, com potencial para encantar  e inspirar  leitores iniciantes no mundo da poesia.

Mineiro de Juiz de Fora, Edimilson de Almeida  Pereira é doutor em Comunicação e Cultura pela Universidade  Federal do Rio de Janeiro e  tem pós-doutorado  em Literatura Comparada  pela Universidade de Zurique.  É professor  titular da Universidade Federal de Juiz de Fora. 

Em 1988, conquistou o primeiro prêmio do Concurso  Nacional de Literatura  da Editora UFMG, na categoria poesia. Venceu também o Concurso Nacional de Poesia  Helena Kolody, da Secretaria de Cultura do Paraná, e o Concurso Nacional de Literatura  da Academia Mineira de Letras, em 2004. Em 2021, ganhou o Prêmio  São Paulo,  com o romance “Front.”  É autor de várias obras  literárias para adultos  e  para crianças  e  de  diversos estudos  sobre a cultura popular  brasileira. 

Trecho:
Dolores

A lacraia 

tem um calo

no último pé esquerdo.

São tantas as pernas, 

ela nem sabe 

em qual dos dedos. 

Como o calo 

doesse imenso, 

vai mancando o corpo inteiro.
(página 12)

UM MILHÃO
De acordo com levantamento do “The Bookseller,” a obra “É assim que acaba,” de Coleen Hoover, atingiu um milhão de cópias vendidas no Reino Unido.  No Brasil, o livro é publicado pela Editora Record e já foram vendidos cerca de 160 mil exemplares. 

DESENHANDO PALAVRAS   
De    autoria   de Sofia Mariutti, “Vamos desenhar palavras escritas?” (Companhia das Letrinhas,  40 páginas, R$ 59,90) surgiu das conversas  da  autora com sua primeira filha. Neste livro-poema,  ela apresenta  o olhar inaugural da criança para as coisas do mundo e  a  capacidade de fazer conexões e inferências com liberdade, transformando o banal, o ordinário em extraordinário, poético e sublime.

Leituras: 
“Não tenho pressa. Pressa de quê?

Não têm pressa o sol e a lua; estão certos. 

Ter pressa é ver   que a  gente passe adiante das pernas;

Ou que, dando um pulo, salte por cima da sombra.

Não; não tenho pressa.”
(Fernando Pessoa (1888-1935), poeta, filósofo, dramaturgo, ensaísta, tradutor, crítico literário e  comentarista  político, considerado  o mais universal poeta português).
 

Destaques:
FRAGMENTOS 

Autora: Marielly Bandeira    

Este livro apresenta uma jornada sobre situações que todas as pessoas estão suscetíveis de viver, falando sobre uma companhia que vale a pena ter ou querer, sofrimentos  que se tornam aprendizagens e alegrias que com o tempo também levam à maturidade. Nascida em 1992, Marielly Bandeira   começou a  escrever poemas  em 2006. É bacharel em Direito  pela Faculdade Pitágoras e  especialista em Gestão Pública, pela UESC (Universidade Estadual  de Santa Cruz). 
Editora Viseu. 48  páginas. 
              
MANEIRAS DE AMAR

Autor:  Amir Levine e Rachel S. F. Heller

Neste livro,  os autores revelam  como a teoria do apego  pode ajudar a compreender  por que alguns relacionamentos fluem tão bem   enquanto outros parecem  fadados ao fracasso.  Fundamentado em mais de 20 anos de estudos e pesquisas, “Maneiras de amar”  ensina como reconhecer em si mesmo  e  em seu parceiro  um dos três estilos  de apego  mapeados pela ciência: ansioso, seguro e criativo. Com dicas práticas, testes, casos reais e conselhos específicos para cada estilo,  o livro ajuda a entender   as necessidades de afeto  e intimidade e, ao mesmo tempo,  a lidar melhor com as atitudes  e os sentimentos de quem está ao seu lado.
Editora Sextante. 269  páginas. R$ 39,90.  

(As obras apontadas  no Blog dos Livros  podem ser encontradas   junto à Revistaria e Livraria Nascente, na Rua Saldanha Marinho,   1423, Cachoeira   do Sul)