Gregório Duvivier nasceu em 1986.  É um artista múltiplo, talentoso, que vai do humor ao drama, do teatro à literatura com a desenvoltura de um acrobata. Um dos criadores e integrantes do excelente canal de humor Portas dos Fundos, é roteirista de televisão e assina uma coluna semanal no jornal Folha de São Paulo. Gregório é poeta. Autor de Ligue os pontos-poemas de amor e big bang e Put some farofa, entre outros. Sua escrita mostra um estilo que preza pela simplicidade, privilegia o coloquial, relatando a importância dos momentos insignificantes do cotidiano. Seu texto abre-se em si mesmo, é luminoso. Poeta mobile, agrega universos e passeia pela linguagem de várias tribos com desenvoltura e humor. Sua poesia intrinsecamente busca a ideia de Rainer Maria Rilke, o poeta austríaco nascido em 1875 e seu clássico Cartas a um jovem Poeta. Duvivier é pontual, se caracteriza à priori pela inteligência viva e um bom domínio da técnica do verso, “A partir de amanhã eu juro que a vida vai ser agora” ou então “Esforce-se para amar as suas próprias dúvidas como se cada uma delas fosse um quarto fechado, um livro escrito, uma língua estrangeira’’. Inconfundível.  Lúdico e despretensioso. 

no princípio era o verbo
uma vaga voz sem dono
vagando pela via láctea.
depois veio o sujeito
e junto com ele todos
os erros de concordância.
Gregório Duvivier

“você
com esse vestido
colore o mundo como
uma televisão fora do ar.”

Ser traído não é um grande drama.
Se o amor de vocês estiver morno,
É bom que outra pessoa esquente a cama
Pra você se deitar no seu retorno.
A mulher que te trai também te ama
E lamenta demais esse transtorno.
O problema do chifre é só a fama:
Não há sorte maior do que ser corno.
A tarefa do sexo todo dia
É um fardo que o amante te alivia
Como alguém que te ajuda no trabalho.