Blog dos Livros

Humor e originalidade

20/01/2023 09:39 - por Mildo Fenner

Escrito pelos irmãos Grimm, “O alfaiate valente” (48 páginas, R$ 57,00) foi publicado originalmente  no século XIX, na coletânea “Contos maravilhosos infantis e domésticos.” Mas os temas da história  permanecem atuais  para o público infantil: ingenuidade, esperteza, valentia e um certo golpe de sorte. O clássico da literatura  infanto-juvenil  chega aos leitores brasileiros  no reconto da premiada escritora Ana Maria Machado, em lançamento da FTD Educação.  Para criar uma versão  repleta de humor e originalidade, a autora buscou  uma voz própria  e muita originalidade  nas memórias afetivas da infância.

Recomendado para leitores a partir da educação infantil, o texto apresenta ainda informações  sobre a produção de tecidos e o ofício de alfaiate,  uma profissão pouco conhecida  pelas crianças de hoje. 

Como nas histórias clássicas para crianças,  o enredo se passa em um mundo encantado, em que há gigantes.  É nele que o alfaiate João  vive uma grande aventura.  Quando ele mata sete moscas que sobrevoam  seu lanche, orgulhoso do feito,  confecciona  um cinto bordado  com a  seguinte frase: “De um golpe, matei sete.”

Ao ver João com o cinto, os moradores da aldeia acham o fato engraçado, porque sabem que,  na verdade, ele só matou sete insetos.  Magoado, o alfaiate resolve correr mundo, mas  mal sabe que logo vai precisar de muita valentia e esperteza para enfrentar dois gigantes  terríveis e provar  quanto sua inteligência  e coragem são grandes de  verdade.

As ilustrações são de  Bruno Nunes, que surpreendem  ao contar a  história  nos detalhes, nas cores e no ângulo inusitado  das cenas. A parceria entre a  escritora  e  o ilustrador  começou  em 2013, quando Nunes  ilustrou outro livro de Ana Maria Machado (“O pavão do abre e  fecha”).

Ana Maria Machado é autora de mais de 100 livros e  sua obra já foi traduzida  em 28 países. Ganhadora de muitos prêmios, em 2000  recebeu o Hans Christian Andersen,  considerado o Nobel da literatura infantil;  em 2001, o Machado de Assis, maior prêmio literário nacional; e, em 2010, o prêmio Príncipe Claus, da Holanda, concedido a artistas e intelectuais de reconhecida contribuição  nos campos da cultura e do desenvolvimento.  Desde 2003, integra a Academia Brasileira de Letras.

Trecho:
“Ficou  bem    atento e, durante o jantar, reparou que os dois gostavam de beber. Se esse era o ponto fraco deles, ia aproveitar bem. A toda hora, enchia de novo  de vinho as canecas dos irmãos, até que notou  que já estavam bem grogues, falando enrolado  e com cara de sono. De sua parte, teve o cuidado de só beber água.”
(página 31)

TERROR BRASILEIRO   
Reunindo  27 narrativas brasileiras de terror escritas ao longo de 60 anos, “Tênebra: Narrativas brasileiras de horror” (Editora Fósforo, 456 páginas, R$ 89,90)  mostra que a ficção do século 19  não se restringiu ao romantismo, ao realismo e  a outros movimentos  da historiografia literária tradicional. São contos que se mantiveram ocultos  pela crítica, embora os autores sejam conhecidos, como Machado de Assis, Olavo Bilac, Júlia Lopes de Almeida e Aluísio de Azevedo, entre outros. Os organizadores são Júlio França e Oscar Nestarez. 

400 MIL NO PRIMEIRO DIA   
Na  quarta-feira,     dia     onze    de  janeiro,  foi lançado no mundo inteiro o livro de memórias do príncipe Harry, “O que sobra,” e só no Reino Unido, no primeiro dia,  foram vendidas 400 mil cópias, entre livros físicos, e-books e audiolivros.  A obra foi publicada  simultaneamente em 16 línguas do mundo todo, incluindo o Brasil, onde saiu  pela Editora Companhia das Letras. 

Leituras:
“Justificar    tragédias   como “vontade divina” livra da gente  a responsabilidade  por nossas escolhas.”
(Umberto Eco  (1932-2016), escritor, filósofo, semiólogo, linguista e bibliófilo  italiano de fama  internacional, autor, entre outras, de obras consagradas como “O nome da rosa” e “O pêndulo de Foucault.”).

Destaques:

A COR QUE CAIU DO ESPAÇO               

   
Autor: H. P. Lovecraft 

Esta narrativa  foi escrita em 1927 e  se passa  no modesto vilarejo de Arkham,  onde a queda de um misterioso  meteoro afeta todo tipo de vida no solo local  com uma luz cromática  tenebrosa,  criando pânico   entre os moradores da região.   Esse e  outros contos fantásticos presentes nesta obra  expressam a  criatividade e  maestria de H. P. Lovecraft,  considerado o “pai  do horror cósmico.” Nascido  em 20 de  agosto de 1890 em Providence, em Rhode Island, Estados Unidos, Lovecraft  foi eternizado   como mestre da linguagem de terror,   com  trabalhos que demonstravam  fenômenos aterrorizantes   a partir dos quais a  fantasia mórbida  assumia características   nunca antes vistas neste gênero. 
Editora Camelot.  144 páginas. R$ 29,90.
                                
FILHO DE JESUS        


Autor:
  Denis Johnson                            

Publicado originalmente em 1942, este livro consagrou Denis Johnson,  ele  um sobrevivente  do alcoolismo e do vício. Narrados por um personagem anônimo que participa  da ação o tempo todo, os contos são povoados de  seres à deriva,  em uma  dura e cinzenta  realidade  dos anti-heróis delirantes, em que ninguém se recupera nem ressuscita ao final. A obra é fundamental da  literatura estadunidense  do final do século XX  e mostra o outro lado do sonho americano. Denis Johnson  nasceu em 1949, na Alemanha, e morreu em 2017, nos Estados Unidos.   É autor de coletânea de contos  e poemas, peças de teatro e romances.
Editora  Todavia.  112 páginas.  R$ 59,90.

(As obras apontadas  no Blog dos Livros  podem ser encontradas   junto à Revistaria e Livraria Nascente,  na Rua Saldanha Marinho,   1423, Cachoeira   do Sul) 

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