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Consciência negra: A poesia como testemunho de arte e de vida de Oliveira Silveira

15/11/2023 09:31 - por Tiago Vargas

Oliveira Ferreira Silveira nasceu em Rosário do Sul em 1941. Formou-se em letras Português e Francês pela UFRGS-Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Foi militante do Movimento Negro em Porto Alegre e um dos fundadores do Grupo Palmares, sendo um dos líderes da campanha pelo reconhecimento do Dia da Consciência Negra em 20 de novembro.

Poeta singular, de alto nível formal. Sua escrita se caracterizou pelo caráter incomum e dessemelhante. Seus versos transitavam do regular ao livre com a mesma destreza. Oliveira usava com sabedoria extraordinária os deslocamentos e cortes no espaço da página. Poemas longos, curtos, coloquiais, musicais, tudo numa mesma estética. A temática negra, a consciência do negro no cenário gaúcho, brasileiro e mundial estão presentes como matéria de reflexão e também como invenção criativa. 

Oliveira Silveira.  Excelente e necessário. A poesia como testemunho de arte e vida. 

A vida toda de camisa esporte.
Jaqueta de uma cor, calça de outra
Sapato sem cordão.
A vida livre e aberta,
Sem artificialismo e convenções,
Num culto intransigente,
Da autenticidade,
Até a morte.
E depois de tudo isso,
Enterram a gente de gravata!
Oliveira Silveira

No Mapa
Pelo litoral
ficou
de norte a sul
nagô.
Ficou no Recife:
xangô.
Na Bahia ficou:
candomblé.
No Rio grande é o que?
– Batuque, tchê.
Filho de santo
de bombacha,
Ogum
comendo churrasco:
jeito
gaúcho
do negro
batuque.
Oliveira Silveira

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