Blog dos Espíritos

Francisco de Assis: um espírito missionário

07/07/2025 09:28 - por Rosane Sacilotto sacilottorosane @gmai.com

Espírito missionário 
A figura de Francisco de Assis transcende o tempo e as religiões. Sua vida, marcada pela renúncia aos bens materiais, pela entrega absoluta ao amor e pela comunhão com a natureza, revela o espírito de um missionário, cuja trajetória pode ser compreendida de forma mais profunda sob o olhar que a Doutrina Espírita vem lançar sobre sua história.

A Doutrina Espírita nos ensina, em “O Livro dos Espíritos”, que Deus envia, em todas as épocas, Espíritos superiores para promover o progresso da humanidade (questões 625 a 627). Tais Espíritos, muitas vezes, vêm com tarefas específicas, trazendo exemplos de amor, sacrifício e luz. Francisco de Assis é considerado um desses missionários do Cristo. Seu desapego das glórias do mundo, sua dedicação aos pobres, sua humildade e sua conexão com os elementos da natureza demonstram o grau elevado de evolução espiritual que alcançou.

Léon Denis, em “O Problema do Ser, do Destino e da Dor”, afirma que os grandes gênios morais da humanidade são Espíritos que já conquistaram elevada posição nas esferas espirituais, reencarnando por amor, e não por necessidade expiatória, algo que facilmente identificamos na trajetória de Francisco de Assis.

A biografia de Francisco
Francisco de Assis nasceu em 1182, em Assis, na região da Úmbria, Itália. Seu nome de batismo era Giovanni, mas ficou conhecido como Francisco, apelido dado por seu pai, um rico comerciante de tecidos, por admiração à cultura francesa. Desde jovem, Francisco demonstrava um temperamento sensível e sonhador. Tinha gosto pela música, poesia e pelas festas. Vivia com certo luxo, alimentando ideais de cavalaria e glória, como muitos jovens de sua época. 

No entanto, como ensina o Espiritismo, muitos Espíritos missionários reencarnam em contextos aparentemente incompatíveis com seu verdadeiro propósito, como forma de vivenciar as experiências humanas antes de despertar para a missão espiritual. A mudança profunda em sua vida ocorre após doenças, experiências em batalhas e um forte chamado interior. Aos poucos, Francisco se desliga dos prazeres mundanos e inicia um processo de renúncia voluntária, passando a viver entre os pobres, leprosos e marginalizados, despertando sua consciência espiritual de alma madura, que já traz em si a memória inconsciente de experiências passadas.

Francisco passa a se identificar com o sofrimento alheio e a sentir uma profunda comunhão com Deus e com toda a criação. Um dos momentos simbólicos de sua renúncia é quando, diante do bispo de Assis, devolve as roupas de seu pai e declara: “De agora em diante, somente direi: Pai Nosso, que estais nos céus...”.

Ele fundou a Ordem dos Frades Menores, mais tarde conhecida como Franciscanos, pregando o Evangelho do Cristo com absoluta simplicidade e vivência literal dos ensinos de Jesus. Recusava bens, títulos e estruturas de poder. Sua mensagem era de paz, humildade, caridade e fraternidade universal.

Desapego, amor e caridade
A vida de Francisco é um testemunho daquilo que o Espiritismo ensina sobre a superioridade moral dos Espíritos elevados: são despojados do orgulho, desapegados das posses e profundamente comprometidos com o bem do próximo. Conforme aprendemos em “O Evangelho segundo o Espiritismo” (Capítulo XIII), a caridade verdadeira é aquela que se pratica com desinteresse pessoal, com humildade e compaixão. Francisco viveu essa caridade em sua forma mais pura, vendo no leproso, no pobre e no animal, não um ser inferior, mas um irmão em Deus.

Emmanuel, através da psicografia de Chico Xavier, chegou a afirmar que Francisco de Assis era “um dos espíritos mais puros que pisaram na Terra após Jesus”. Essa visão reforça a compreensão espírita de que Francisco foi instrumento do Cristo na regeneração moral da humanidade medieval, marcada por guerras, luxúria e opressão religiosa.

Francisco via a Criação como um reflexo da grandeza divina. Seu amor pelos animais, pelas árvores, pelas águas e pelos ventos era expressão do profundo entendimento espiritual da fraternidade universal, tema abordado em várias passagens da Codificação Espírita. Ele encarnou a essência da Lei de Amor, Justiça e Caridade, descrita em “O Livro dos Espíritos”, vivendo os ensinos do Cristo sem exigências, sem julgamentos e sem interesses pessoais. Sua oração, “Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz...”, reflete o espírito de abnegação, humildade e entrega, traços próprios dos Espíritos superiores.

Nos tempos atuais, em que a Terra se transforma em mundo de regeneração, o exemplo de Francisco de Assis ressurge como um chamado à simplicidade, à paz interior e à vivência do Evangelho. Suas atitudes e palavras são uma antecipação do que será a humanidade regenerada: fraterna, pacífica, respeitosa com a vida e profundamente conectada com Deus.

Seguir seu exemplo é, para os espíritas e para todos os que buscam a verdade, um caminho seguro de elevação moral, espiritual e de real aproximação com os ensinamentos do Cristo. “Ama e serve. Não te canses de fazer o bem. Assim fez Francisco, e ainda hoje, através do tempo, sua luz brilha entre os homens”. (Chico Xavier, por Emmanuel)

KARDEC, Allan. “O Evangelho Segundo o Espiritismo”; “O Livro dos Espíritos”.
XAVIER, Francisco C. – Emmanuel. “A Caminho da Luz”.
DENIS, Léon. “O Problema do Ser, do Destino e da Dor”.

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