Blog dos Espíritos

Tome a sua cruz e siga os passos de Jesus

28/07/2025 13:39 - por Rosane Sacilotto sacilottorosane @gmai.com

A cruz simbólica de cada um
Na jornada da vida, cada espírito encarnado traz consigo provas e expiações necessárias ao seu progresso moral e espiritual. Jesus, nosso guia e modelo, nos convida: “Se alguém quiser vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me”. Esse chamado é, para a Doutrina Espírita, um convite à transformação interior, ao esforço constante pela superação de nossas imperfeições e à aceitação das dificuldades como instrumentos de aprendizado.

Ainda em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, no capítulo intitulado “Buscai e Achareis”, encontramos a explicação de que a cruz de cada um representa os desafios pessoais: sejam dores físicas, perdas afetivas, limitações financeiras ou conflitos íntimos. Esses fardos, longe de serem punições divinas, são oportunidades de redenção e de crescimento espiritual. Já no capítulo V, “Bem-aventurados os aflitos”, os Espíritos esclarecem: “A expiação é a consequência natural da falta cometida; é a justa reparação; a prova é uma luta, é uma tentativa para alcançar o bem, para vencer o mal e desenvolver as qualidades morais”.

Resignação não é comodismo
Dentro dos ensinamentos espíritas, é fundamental compreender que resignar-se não é cruzar os braços diante da dor ou aceitar injustiças como se fossem imutáveis. Resignação não é acomodação, inércia ou passividade. Pelo contrário, é uma atitude ativa da alma que compreende o porquê do sofrimento e trabalha pela superação com fé e dignidade.

Resignar-se não é aceitar com passividade, mas com fé que labora, coragem e compreensão dos desígnios divinos. A resignação é um fruto da consciência desperta, que compreende que tudo o que nos acontece tem uma razão justa e amorosa dentro das Leis de Deus. Emmanuel, no livro “Caminho, Verdade e Vida”, afirma: “A resignação não é derrota. É o reconhecimento da Vontade Divina, muito acima de nossos caprichos e limitações”.

A verdadeira resignação é dinâmica: age em silêncio, ora com confiança, serve com humildade e espera com paciência, sem revolta, sem fuga e sem desespero. Como ensina “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, capítulo IX: “A verdadeira resignação é um ato da razão e da fé; aquele que se curva à vontade de Deus não é covarde nem preguiçoso, mas um corajoso que confia e espera”. O resignado diz: “Aceito o que não posso mudar, mas me esforço para melhorar a cada dia a mim mesmo e o meu caminho”.

Emmanuel, na obra “Palavras de Vida Eterna”, nos alerta: “Resignar-se, sim, mas com a alma vigilante e o coração disposto ao trabalho e à renovação”. Assim, o homem resignado não se isola, não abandona seus deveres e nem transfere responsabilidades. Ele compreende que os desafios fazem parte do roteiro evolutivo e que cabe a ele responder com esforço, disciplina e amor.

Seguindo os passos de Jesus
Jesus não apenas nos mostrou o caminho, Ele viveu a dor da cruz com amor, perdão e entrega total à vontade do Pai. Sua lição não foi de negação da dor, mas de transcendência através do amor e da fé. Joanna de Ângelis, no livro “Dias Gloriosos”, nos recorda: “Seguir Jesus é despojar-se do egoísmo, das vaidades, das paixões inferiores, e aceitar a luta redentora com espírito de superação”. Ao seguirmos o Cristo, compreendemos que carregar a cruz não é castigo, mas honra. A cruz é o altar da nossa renovação espiritual.

A reencarnação, conforme nos ensina “O Livro dos Espíritos”, é parte do processo educativo do espírito. Cada existência é uma lição, cada dor uma explicação, cada lágrima uma chance de purificação. “Deus impõe a encarnação com o fim de levar o Espírito à perfeição. (...) Para uns é expiação; para outros, missão. Mas, para alcançarem essa perfeição, têm que sofrer todas as vicissitudes da existência corporal”.

Portanto, viver com resignação é reconhecer que o bem maior está além das aparências do sofrimento. É confiar na sabedoria divina que governa o universo com justiça e amor. Carregar a cruz com resignação é trilhar o caminho da redenção, guiados pela luz do Cristo e pelo amparo da espiritualidade amiga. 

A resignação é a coragem tranquila de quem compreende que a dor pode ser ferramenta de elevação. Não significa aceitar a injustiça social, permanecer em situações abusivas ou ignorar as próprias responsabilidades. Ela é, acima de tudo, uma entrega confiante ao bem, com ação serena, fé lúcida e disposição para transformar-se.

A Doutrina Espírita nos oferece não apenas consolo, mas compreensão racional da dor, fazendo da fé uma força viva, ativa, transformadora. Assim, que possamos dizer, como Paulo de Tarso: “Já não sou eu quem vive, mas o Cristo que vive em mim” (Gálatas 2:20), E, com serenidade, acolher nossa cruz como símbolo de esperança, confiança e renovação.

KARDEC, Allan. “O Evangelho Segundo o Espiritismo”; “O Livro dos Espíritos”.

FRANCO, Divaldo P. – Joanna de Ângelis. “Dias Gloriosos”.

XAVIER, Francisco C. – Emmanuel. “Caminho, Verdade e Vida”; “Palavras de Vida Eterna”.

Bíblia de Jerusalém.

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Reflexão!

Francisco Bastos em 29/07/2025 às 19h24

Excelente reflexão, Parabéns!